segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cap. 35 - Dancing Dead (parte 2)

Fiquei paralisado diante daqueles quatro que tanto mudaram a minha vida no último ano... Não poderia lutar com nenhum deles, até mesmo com Bélfegor.... Um medo subiu pela minha espinha e as lembranças explodiram na minha mente. Então uma voz conhecida, que ainda ressoava como um trovão ecoou na minha mente e me trouxe de volta.
- O mortal é meu! - Bélfegor berrou e levantou um machado.
Fernanda, Laura e Isa avançaram um passo e se colocaram na minha frente. Mas não adiantou, Karol, Ana e Luciano também avançaram, aquela seria uma luta individual. Bélfegor ainda apresentava a mesma aparência horripilante, talvez mais agora... Mas Luciano, Karol e Ana estavam diferentes, seus olhos exibiam um negro intenso ao mesmo tempo que ainda se podia vislumbrar neles quem eram realmente... quem foram realmente.
Luciano deu um passo a frente e levantou a mão, apoiou a espada no chão e virou-se para a Morte.
- Não vou trair meus irmãos novamente, Morte. - Ele olhou diretamente nos olhos da Morte.
A Morte gargalhou e desceu de seu cavalo negro, caminhou lentamente até ele e bradou:
- Você não tem escolha! Seu Pai está sumido! Eu e somente eu tenho todo o poder sobre a morte, eu trago quem eu quero e assim você faz o que eu mando!
- Não. - Luciano sibilou entre dentes
- Sim... você vai. - A Morte sorriu novamente e agitou as mãos, de repente os olhos de Luciano exibiram um negro profundo, o espírito dele havia sido suprimido e agora as trevas dominavam seu ser. Ele virou-se para nós e sorriu, abaixou e pegou sua espada. Apontou para mim e falou, sua voz estava grave como um trovão, ele abriu suas asas e a escuridão dentro dele brilhou, deixando em torno dele uma aura negra.
- Você morre hoje, mortal.
Ele correu em minha direção mas de repente foi jogado para trás, uma flecha trespassou seu peito e começou a queimá-lo.... Laura estava um passo a frente de nós, o arco apontado na direção de Luciano, suas quatro asas abertas, a glória de Deus brilhando em sua volta.
Luciano se levantou e brandiu a espada, retirou a flecha de seu peito e sorriu. Karol avançou e Fernanda foi ao seu encontro. Isa pegou uma espada em cada uma das mãos e apontou para Ana que sorriu e exibiu as trevas dentro dela. Agora eu estava só...
Bélfegor veio caminhando lentamente na minha direção, vinha arrastando o machado e sorrindo para mim.
- Acho que agora somos só nos dois, Daniel.
Eu recuei e levantei minha espada, o terror ainda tomava conta de mim.
- Eu te disse que eu voltaria pra matar você. E tenha certeza de que cumprirei o que eu disse... Ao fim desta batalha um de nós estará de pé e o outro cairá. Quando você cair vou ter o prazer de torturar seus pais na sua frente, deixar você ver eles implorando por uma segunda morte - um sorriso negro dançou no seu rosto - Vou deixar você ver eles chorando...
Nesse momento uma raiva diferente brotou dentro de mim. Me fez esquecer todos os meus receios, eu não poderia deixar ele torturar minha família. Perdê-los uma vez já havia sido o suficiente. Levantei a espada e apontei na direção dele, senti uma chama queimar no meu peito, meus olhos arderam e então tudo começou a ficar mais claro... Era a glória de Deus, a graça de Miguel se manifestando em mim.
Corri na direção de Bélfegor, meus passos cada vez mais largos e mais rápidos, senia pairar sobre o chão.
- Vou matar você de uma vez por todas e calar essa sua boca... Cortarei sua cabeça e queimarei o seu corpo, farei você chorar de agonia! - Eu gritei e Bélfegor recuou um passo, não esperava que eu fosse enfrentá-lo realmente. Mas sua surpresa durou apenas um segundo, logo que se recuperou levantou o machado e avançou em minha direção.
Luciano avançava em na direção da Laura, mas ela conseguia mantê-lo a uma boa distância com suas flechas. O peito dele já estava cravado de flechas e ele parecia mais devagar, mas não morria... Como poderia se já estava morto?
- Vai precisar mais do que isso para me parar, Laura!
- Obrigado pela dica.
Ela jogou o arco no chão e pegou sua espada na cintura, avançou contra Luciano. Ela golpeou ele de cima a baixo, mas ele se esquivou e cortou o braço dela de raspão, a ferida logo se curou e ela continuou atacando.
Laura voou na direção dele e preparou para golpeá-lo novamente de cima para baixo, mas Luciano desviou e cravou sua na perna dela fazendo-a cair no chão e gritar de dor. Ele pegou um pequeno machado que tinha pendurado na cintura e avançou na direção dela sorrindo.
- Mais uma vez irmãzinha... Você agora se convenceu de que jamais poderá se igualar a mim? Da última vez precisou de mais dois serafins me segurando... - Ele levantou o machado e então parou.
Os olhos de Laura começaram a brilhar intensamente, todo o seu corpo reluzia, a claridade afastou as trevas em volta dela e forçou até mesmo a Morte a abaixar o rosto. Era a própria glória de Deus que se manifestava através dela, um pedaço do Altíssimo. O espírito negro que dominava Luciano também foi expulso do corpo dele e ele caiu no chão largando o machado, seu rosto estava cansado e ele sentia dor... só queria que tudo aquilo acabasse logo.
- Irmã...
Laura se levantou, seus olhos ainda brilhavam, seu corpo tremia e parecia que não iria suportar todo aquele poder. Ela pegou a espada e a colocou sobre a cabeça de Luciano.
- Irmão... você pode finalmente descansar. - Ela baixou a espada e cortou fora a cabeça dele. Logo uma forte luz começou a emanar do seu corpo agora morto e consumiu em chamas.
O cavaleiro da morte recuou atemorizado... seus soldados ainda podiam ser destruídos.













Continua..................................................

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cap.34 - Dancing Dead (parte 1)

Caminhamos incansavelmente durante dias ou semanas, ou apenas horas. O tempo no inferno é muito relativo, não temos a luz do dia para nos guiar, não há luz e trevas, apenas trevas. O tempo não passa e para qualquer lugar que você olhe sempre vê a mesma coisa: Destruição.
Fernanda nos guiava tentando evitar ao máximo os demônios, pássamos por vales e grandes poços. Os poços não tinham um fundo visível, apenas uma forte chama subia ocasionalment do fundo queimando as paredes. Toda vez que isso acontecia gemidos e gritos horríveis de dor subiam do poço, como se houvessem pessoas lá dentro queimando.
Uma vez ousei olhar para dentro do poço e vi grandes gaiolas penduradas nas paredes do poço. Dentro das celas formas humanóides cuja carne estava queimada e em algumas partes inexistia, deixando os ossos a mostra. Algum dia foram seres humanos e agora estavam condenados ao sofrimento eterno. Dentro da carne queimada e sendo invadida pelos vermes uma forma obscura se movia dentro... a alma. Almas negras sendo consumidas pelos próprios pecados.
Ouvia suas vozes me chamando e olhei uma velhinha que chorava copiosamente em uma das gaiolas próximas ao fundo, ao me vir ela tentou juntar as mãos como se fosse falar com Deus, clamava a minha ajuda. Mas eu nada podia fazer, não podia interferir no destino daqueles que já haviam sido julgados.
Vez por outra demônios semelhantes aqueles que enfrentamos na boca apareciam e torturavam cada um dos habitantes das gaiolas, esses nós podíamos e tínhamos o prazer de matar.
Avançávamos em fila rumo ao coração do inferno. Laura ia na frente sempre apontando o arco e com um alforje lotado de setas celestiais, atrás dela estava Isa que empunhava duas espadas, logo depois estava eu e atrás de mim, protegendo nossa retaguarda e gritndo ordens estava a Fernanda.
- Estamos muito próximos agora. - Fernanda disse.
Laura parou e uma onda mais forte de calor e enxofre nos rodeou, uma presença maligna pareceu pairar no ar e senti um aperto no coração, como se meu coração fosse estourar dentro do meu peito. No horizonte interminável uma chama brilhava. Eu apontei e não resisti perguntar.
- O que é aquilo? - Perguntei.
- Aquilo é o coração do inferno... - Ela parou - O que você está sentindo, mortal, é o poder de Lúcifer que se irradia até onde nós estamos. Estamos muito próximos dele, a hora da destruição dos anéis está chegando.
Eu tremi, senti a força se esvair do meu corpo, mas me forcei a ficar de pé, precisava resistir e enfrentar minha morte. De repente o chão tremeu e um rugido se ouviu da direção do lago... Lúcifer havia percebido a nossa presença.
Ao longe vimos surgir quatro cavaleiros, na frente deles cavalgava um homem em um cavalo branco, como se fosse um príncipe... Ao se aproximar pude reconhecer seu rosto: Gabriel.
Laura preparou-se para atirar, mas Fernanda a deteve.
- Ainda não é a hora, não desperdiçe suas flechas. - ela sussurrou.
Gabriel e seus cavaleiros ainda avançaram mais alguns passos e pude reconhecer todos, um a um os rostos iam se formando na minha frente e uma onda de terror passou por mim.
- Ora ora... Vejam se não é o mortal e seus anjinhos. - Gabriel sibilou para nós.
- Precisamos resolver um assunto antes, mas se você puder esperar um pouco eu volto pra arrancar a sua cabeça do seu corpo, Gabriel. - Isa falou entre os dentes.
- Creio que não poderão chegar onde querem sem antes passarem por mim e por meus cavaleiros. Vou dispensar as apresentações, afinal todos já se encontraram uma vez... Mortal, acho que você se lembra bem deles: Morte, Guerra, Fome e Peste. - Ao dizer os nomes os cavaleiros e seus cavalos se agitaram - Mas eu não pretendo encostar um único dedo em qualquer um de vocês... Não vou suajr minhas mãos com reles anjos. Minha missão é liderar o exército rumo ao céu e tomar posse do lugar... Afinal é o que se espera do anticristo.
- Anticristo? - Perguntei e percebi que meu corpo tremia.
Gabriel sorriu e acenou com a cabeça. Ele tirou lentamente o elmo da cabeça e seus cabelos caíram sobre os ombros, mas havia algo de diferente... O lado direito de seu rosto estava queimado e sua órbita exibia uma chama negra... Ele estava se tornando um demônio.
- Vejo que notou minha aparência... Muito mais imponente não? Poderá revê-la quando eu arrancar sua cabeça. - Ele colocou o elmo novamente. Ele fez um sinal com a mão e o cavaleiro negro avançou devagar até estar na frente de Gabriel.
Eu o conhecia muito bem, ele me encontrou quando retornei de minha morte e agora sorria para mim... Traidor.
- Não guarde ressentimentos, Daniel. Veja vou deixar você feliz... O que acha de rever alguns velhos amigos? - Ele sorriu para mim.
- Velhos amigos? Do que você está falando? - Eu comecei a recuar.
- Ora... você sabe, com Deus desaparecido eu consegui recuperar a chave da morte, ou seja, eu e somente eu tenho pleno controle sobre os mortos. A última vez que isso aconteceu foi... Bom na crucificação do seu Cristo. - ele riu novamente - Por isso acho de boa conduta deixar que vocês sejam mortos por seus próprios amigos, pessoas que salvaram você e uma em especial que tentou te matar.
Ele avançou mais um pouco e agitou suas mãos. Um brilho negro surgiu em suas órbitas e pareceu irradiar-se por todo o lugar, a terra tremeu novamente e quatro buracos surgiram, desses buracos emergiram quatro corpos de pessoas que eu conhecia muito bem...
- Não! Não pode ser... - Deixei a espada cair no chão.
Quatro pessoas que mudaram minha vida no último ano, velhos amigos e um eterno inimigo... Os corpos na minha frente... Karol, Ana, Luciano e Bélfegor.












Continua.................................

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cap. 33 - Into the Nothing

Avançamos um bom pedaço no escuro, não tinha idéia de para onde estava indo ou como estava indo, sentia a mão da Isa segurando a minha e me guiando na escuridão. Vez ou outra sentia passar por cima de algo espinhento e desviava rapidamente, a escuridã dominava nossos corpos e nossas almas.
"Abandonem toda a esperança... Vós que entrais!" Como um sussuro a voz ecoava fundo na minha mente e parecia vir de algum lugar muito distante de nós. As vezes podia ouvir risadas de escárnio e gritos ao fundo, gemidos tão terriveis que faziam até um anjo tremer, eu sentia a mão da Isa apertar a minha cada vez mais forte...
Paramos, vi dois pontos luminosos poucos metros a minha frente e logo os reconheci... Eram os olhos de Laura, brilhavam na escuridão com uma intensidade mais fraca, talvez para não chamar a atenção. Fernanda parou um pouco atrás da Laura e disse:
- Chegamos.
Avançamos mais alguns passos e então eu vi... O inferno surgia diante dos meus olhos.
Uma grande porta que parecia não ter fim, parecia-se muito com uma boca humana, abria constantemente e fechava logo depois. Quando abria o cheiro de enxofre inundava o ar e me fazia lacrimejar. A "boca" tinha inscrições onde deveriam ser os lábios: "Abandonem toda a esperança vós que entrais". Ouvi novamente o sussuro na minha cabeça e tremi, sentia que toda a vida estava sendo sugada para fora do meu corpo... Aquele não era um lugar para seres humanos.
- Aquilo que vocês estão vendo é a "boca" do inferno. A única entrada e a única saída desse lugar, não há como escapar daqui a não ser por esse portal. O inferno tem a forma de um corpo humano deitado de cotas sobre o centro da Terra, mas ainda que escavassem por metros os humanos normais jamais chegariam a vê-lo. Não é um lugar físico... ainda não. O luga que vocês procuram está localizado no lugar onde seria o coração... A jaula de Lúcifer, o lago de fogo e as masmorras mais antigas desse pesadelo, lá se reúnem os principados e as potestades, os chefes dos exércios demoníacos e os altos servos satânicos que um dia fizeram um juramento a Lúcifer... Humanos amaldiçoados pelo resto da eternidade. - Fernanda fez uma pausa, ela não gostava de estar ali e transparecia nos olhos dela o mesm medo que estava nos meus. - Seremos notados muito antes de chegarmos ao coração, mas devemos causar o menor alarde possível, matem qualquer demônio que virem pela frente pois tenham certeza de que se hesitarem eles arrancarão suas almas de seus corpos. Estamos no território deles.
Fernanda puxou a espada e a escuridão se iluminou um pouco, senti o cordão no meu peito gelar até ficar insuportável. Era a graça de Luciano, a graça era um pouco da essência do próprio Deus, e Ele não habita nas trevas, mas eu precisava resistir, precisava cumprir minha missão e morrer como um anjo.
Todos empunhamos nossas espadas e seguimos rumo ao grande portal, dois demônios guardavam a entrada: Tinham mais de dois metros de altura e suas formas não lembravam em nada humanóides, tinham corpos de urso, repletos de espinhos, uma grande cabeça de bode ficava no topo do corpo, asas queimadas e esqueléticas saíam dos ombros e no lugar das pernas haviam patas de leão, no lugar dos pés dois cascos. As órbitas da cabeça de bode exibim uma chama negra que sugava a vida ao seu redor.
Mas o que mais me espantou não foi isso... A porta se abria constantemente, mas não para a entrada de demônios, mas pra enrada de seres humanos. Humanos de corpos esqueléticos e sangrando, eram arrastados para dentro debaixo de surras e gargalhadas, choravam e gritavam, o terror dominava seus olhos... Almas perdidas, aqueles que escolheram o caminho das trevas ou que simplismente viraram as costas para Deus.
Nesse momento me dei conta de que o inferno também é real, percebi que sempre fui a igreja mas nunca acreditei realmente no inferno. Nunca duvidei do céu, mas achei que inda que fosse mal o castigo nunca viria. Veer aquelas pessoas sendo arrasadas para o sofrimento eterno mudou minha visão. Uma mão pousou no meu ombro e me rouxe de volta a realidade, um sussuro cada vez mais perto, me virei e vi o rosto da Isa fracamente iluminado pelas nossas espadas e nossos olhos. Ela nunca se parecera tanto com um anjo.
- É hora de entrarmos. - Ela disse.
- Cuidado, garoto. - Fernanda disse - Não olhe diretaente nos olhos deles, corte suas cabeças, você tem algo de um anjo dentro de si. Vai se sair bem. Tenha fé.
Avançamos... Caminhamos rumo a morte e poucos metros antes de chegarmos passamos a correr pra cima dos dois demônios. Eles foram pegos de surpresa inicialmente e recuaram, foi a nossa deixa. Fernanda livrou-se de sua forma mortal e um grande clarão surgiu no lugar... Não precisaa mais fechar meus olhos, podia ver o que estava acontecendo...
As asas de Fernanda se abriram cobrindo mais de cinco metros a sua volta, sua espada alongou-se e uma expressão de medo surgiu no crânio seco do demônio.
- Você...
Fernanda abaixou a espada e decepou a cabeça dele fazendo-a rolar pelo chão e e uma luz negra brotou do corpo morto do demônio, ele começou a queimar e mais uma vez o cheiro de enxofre dominou o lugar.
O outro demônio recuperou-se do susto e brandiu um longo machado em cima de Fernanda, ela desviou do golpe mas foi jogada para trás, jogando sua espada longe. Ele correu na direção dela, mas antes que pudesse alcançá-la uma seta trespassou seu corpo fazendo ele se iluminar e logo em seguida queimar também.
Fernanda abriu os olhos e viu Laura em sua expressão mais severa. Seus olhos reassumiram um brilho intenso e seu arco brilhava como se fosse fogo. Suas asas estavam abertas: Quatro asas simbolizando seu poder como querubim, a graça pura de Deus.
- Obrigado. - Fernanda murmurou e levanou-se indo buscar sua espada.
- Vamos, não temos tempo a perder. - Laura disse e continuou em direção ao portão.
Seguimos todos em direção ao portão e não tivemos de esperar muito para ele ser aberto novamente, mais um humano era arrastado para dentro. Não podíamos interferir, essa era lei, era o castigo deles. Avançamos na escuridão e cheiro de enxofre torou-se insuportável.
"Abandonai toda a esperança vós que entrais"















Continua..............................................

sábado, 27 de novembro de 2010

Cap. 32 - Agnus Dei

O anjo se aproximou devagar de nós, estudando cada expressão, cada movimento. Ela possuía algo diferente dos utrsos anjos, algo diferente no olhar, como se já houvesse visto os piores momentos da Terra, como se as lembranças do que ela havia visto a atormentassem todo o tempo. Se alguém havia ido ao inferno e voltado, esse alguém seria ela. E ela parecia ver o inferno em toda parte.
- Eu sou Fernanda. - Ela estendeu a mão em minha direção, o olhar frio como o gelo penetrando na minha mente.
Estendi minha mão enquanto me apoiava no chão sobre minhas próprias pernas. Senti como se duas toneladas estivessem apoiadas sobre minhas pernas, mas me mantive de pé, sustentei o olhar frio dela. Ela apertou minha mão, e sorriu, não sei se de um jeito bom ou ruim.
- Você está se adaptando muito bem a graça de Miguel. Qualquer outro humano já teria morrido, vai ser interessante ir até o inferno com você, veremos do que você é capaz. - Ela disse secamente.
Miguel deu um passo a frente e se colocou entre mim e Fernanda.
- Esse é Daniel, ele, Isa e Laura irão juntos com você para o inferno. O que você deve fazer é conduzi-los em segurança e ....
- Odeio ter tantos anjos sob o meu controle, você sabe disso Miguel, você sabe o que aconteceu da última vez. - Fernanda disse
- Eu sei exatamente o que aconteceu. Mas dessa vez é diferente, os tempos são diferentes, você também sabe disso. Você deve conduzir eles até o lago de fogo e desviar a atenção de Gabriel deles.
- Gabriel? O arcanjo? O que ele estaria fazendo no inferno?
- Ele é um dos cãezinhos de Lúcifer agora e já tentou matar a todos aqui uma dezena de vezes. - Laura respondeu e Fernanda focou seu olhar nela.
- Ainda não fomos apresentadas não é? Eu sou Laura, o querubim.
- Prazer. - Ela respondeu secamente.
E assim todos nós fomos nos apresentando, ela focando o olhar devagar em cada, memorizando nossos rostos e nossas vozes, mas principalmente vasculhando nossas mentes. Apesar de toda a frieza dela, eu ainda podia sentir dentro dela alguém com tanto medo de alguma coisa que seria capaz de dar a sua vida para não encontrá-la. As lembranças dela eram um fardo tão pesado quanto o apocalipse era pra mim.
- É hora de nós nos separarmos. - Miguel olhou pra mim e estendeu a mão. - Foi uma honra conhecer você Daniel. Espero que seja realmente tudo aquilo que inspira em mim e em seus amigos, porque se você for então venceremos esta batalha.
- Fala como se isso fosse uma despedida. - Eu disse
- E é. Você sabe que é, sabe que ao final disso tudo um de nós ainda estará de pé e o outro cairá. - Ele disse.
Olhei para todos nós juntos uma última vez, todos o smeus amigos, todos aqueles que salvaram minha vida nos últimos meses, que me ajudaram a passar por tudo, desde a morte até a traição. Meus amigos... Meus irmãos. Essa provavelmente era a última vez que todos nós nos encontrávamos juntos.
Miguel virou de costas, Vitor, Gustavo e Mariana também. Eles caminharam em direção a porta e simplismente desapareceram. Sem despedidas, sem adeus. Como deveria ser, não deveriam haver despedidas, elas apenas fariam crescer em nós a certeza de que nunca mais nos veríamos, não que nós não a tivéssemos, apenas preferíamos ignorar.
- É hora partirmos também. Seus irmãos contam conosco, precisamos fazer o que temos de fazer para que eles possam ganhar a batalha. - Fernanda disse.
- Fala como se não fossem seus irmãos também, Fernanda. - Isa disse
- E não são. Já não o são há muito tempo, porque há muito tempo eu morri e no dia em que morri, matei meus irmãos. Tenho uma dívida com Miguel e devo pagá-la, depois vou buscar meu próprio caminho, longe de tudo isso que vocês chamam de céu e inferno. - Fernanda disse novamente.
Ela também cmainhou em direção a porta e desapareceu. Lentamente caminhamos também. Parecia que anjos deixavam um rastro por onde se moviam e através desse rastro poderiam um seguir ao outro. É algo difícil de explicar, mas se você possui a graça de um anjo fica muito masi fácil de praticar. Minhas pernas ainda pesavam no andar, mas quanto mais eu andava mais elas iam edendo e se acostumando ao meu corpo, eu estava me adaptando e absorvendo a graça de Miguel bem rápido, mais rápido do que normalmente deveria.
Quando me dei conta estava na Lapa, no topo dos arcos, pisando em cima da linha do bondinho, era mais alto do que parecia ser. Fernanda estava na ponta de um trilho enquanto encarava a noite escura.
- O que estamos fazendo aqui? - Eu perguntei.
- Estamos procurando a porta do Inferno. - Isa me disse.
- Aqui?
- Onde mais você achou que fosse? Num lar de crianças abandonadas? - Laura respondeu
- O portal do inferno não poderia estar em um lugar mais conveniente do que na cidade do pecado. O lugar onde tudo é possível por uma noite, o lugar onde almas são compradas e vendidas como tequila. - Fernanda parou de falar e fixou o olhar em algum ponto lá embaixo - Achei!
Eu não acreditei no que ela fez em seguida, mas fui atrás dela, esperando que desse certo comigo também. Ela se jogou do alto dos arcos em direção ao chão, ela nem mesmo fechou os olhos. Eu fiz diferente, fechei os olhos e orei baixinho, pedindo pra dar certo comigo também.
Abri os olhos de novo e estava pisando em chão firme, estava de pé e inteiro... Eu qase me ajoelhei ali mesmo, mas nao cairia bem. Estávamos todos parados na porta de um barzinho chamado Hell´s Gate. Bem conveniente.
Fernanda foi na frente e abiu a porta, imediatamente um cheiro forte de enxofre pairou sobre nós e eu podia escutar gritos e gemidos vindos lá de dentro, podia sentir o calor no meu rosto e o medo subindo pela minha espinha. Eu estava diante do inferno, e eu tive a certeza de que não sairia vivo dali. Minhas visões, meus sonhos, minha morte me esperava sorrindo.
Enfrentei o medo dentro de mim e caminhei em direção a porta. Se eu ia morrer, que morresse fazendo o que vim fazer, morresse como um homem não como um garoto. Laura e Isa me seguiram.
Tudo ficou escuro e a escuridão entrou em nós.










Continua.......................

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cap. 31 - Natural Born Killer

As sensações foram voltando aos poucos. Primeiro o tato, quando senti a mesa fria sob minhas costas nuas. Segundo a audição, quando comecei a ouvir sussuros a minha volta. Depois veio a visão, qual figuras ainda embaçadas começaram a aparecer sobre mim. E por último o olfato.
Mas havia algo de diferente, tudo estava muito mais forte, eu podia ouvir meu coração batendo, eu sentia a graça angelical correndo nas minhas veias, sentia o poder emanando de mim. Tentei me levantar aos poucos da mesa, ainda não tinha pleno controle do meu corpo de modo que quase caí quando tentei sair da mesa.
- Ainda não deveria se esforçar, Daniel. A adaptação é demorada e dolorida. - A voz de Miguel veio de algum lugar a minha direita. No momento a única coisa na qual eu tentava me concetrar era em erguer minha cabeça.
Senti um braço passando ao redor da minha cintura e me ajudando a levantar.
- Bem vindo de volta. - Isa dizia com a voz doce de sempre, ela sorriu e finalmente tive certeza de estar vivo.
Vitor veio caminhando em minha direção, o rosto inflexível. Ele estendeu a mão e tocou meu cordão.
- O que é isso? - Ele perguntou.
Abaixei novamente a cabeça e reparei no cordão que pendia do meu pescoço. Não era meu cordão, era uma corrente com um pequeno pingente, o cordão angelical que Luciano me deu... As lembranças foram voltando em enxurradas violentas e tive que balançar a cabeça para organizar os pensamentos.
- Esse é o cordão do Luciano. - Laura disse.
- O que você está fazendo com isso? Onde você esteve? - Vitor parou de falar por um momento - Você esteve lá não foi?
- Lá onde?
- O cemitério de anjos, a única parte do céu que é de acesso restrito para todo e qualquer anjo. - Mariana falou. - Como é lá?
Eu tentava me explicar, não via o porquê de não poder contar, mas quando ia começar a falar, a mão de Miguel pousou no meu ombro.
- Não é algo que devamos saber. Não é importante.
- Não é para você. Preciso saber onde vou passar o resto da eternidade. - Vitor olhou para baixo, o rosto triste. - Já estamos mortos mesmo, não faz diferença.
- Chega. - Miguel falou e todos olharam para ele. - Temos coisas mais importantes a resolver agora, como por exemplo como você vão ao inferno.
Ele olhou para mim.
- O que quer dizer com vocês? Pensei que todos fôssemos ao inferno. - Mariana disse.
- Não. Preciso de vocês comandando exércitos celestiais, a batalha contra Uriel não será fácil e ele não estará sozinho. Gabriel e o Inferno inteiro estará com ele. - Ele olhou pra mim - Se vocês falharem, eu vou precisar de ajuda para segurar o exército de Uriel.
- Por quanto tempo? - Gustavo perguntou.
- Até que o último anjo esteja morto.
Todos se calaram, a guerra estava cada vez mais perto. A batalha do apocalipse avançava a passos largos em nossa direção, já não havia mais escolha. Estávamos todos irrevogavelmente condenados.
- Quem de nós vai acompanhar o semianjo aqui? - Isa falou, a voz ainda estava doce apesar da seriedade.
- Antes de ele responder... Nos diga Miguel como podemos confiar em você? - Laura olhou para ele, os olhos brilhavam como se dentro deles houvesem chamas.
- Não temos escolha, vocês podem resolver ir todos juntos ao inferno e morrer lá ou se dividir e ter a chance de voltarem vivos. Não peço a você que confiem em mim como seu líder, peço que confiem em mim como seu irmão. Além do mais, se todos vocês fossem ao inferno a presença de vocês seria logo percebida, o poder que emana de vocês juntos é muito grande pra passar despercebido pelos principados.
Laura olhou para ele, as chamas foram diminuindo aos poucos. Não tínhamos escolha, confiar em Miguel era a nossa única saída.
- Vitor, Gustavo e Mariana vêm comigo para os frontes de batalha. Preciso de arcanjos e serafins comigo, estarei liderando a primeira frente e preciso garantir a passagem do exército até Uriel e destruí-lo. - Ele fez uma pausa. - Isa, Laura, Daniel e Fernanda vão ao inferno e destruirão os anéis, assim vamos garantir que Lúcifer não quebre suas correntes.
- Quem é Fernanda? - Eu perguntei alheio a tudo.
- Fernanda é o único anjo que já foi ao inferno e saiu de lá com vida, se vocês prentendem sair de lá vivos, ela é a única chance. - Miguel falou.
- Pensei que isso fosse apenas uma lenda. - Isa disse.
- Lendas não existem, apenas distorções da verdade. E eu não sou uma distorção. - Uma voz desconhecida surgiu de algum lugar atrás de nós.
Todos nos viramos e nos deparamos com o anjo atrás de nós. Ela possuía o mesmo fogo nos olhos que Mariana, dava pra ver atrás de seus óculos escuros. Ela vestia uma armadura de batalha celestial e trazia uma espada na mão, de alguma forma ela me lembrava Atena.
Fernanda caminhou até nós e estendeu a mão para mim.
- Bem vindo a família.












Continua.................

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cap.30 - Blood Brothers

Ainda podia ouvir ao longe o som de pássaros, podia sentir o vento soprando sobre os meus cabelos. Mas não conseguia me mover, estava parado, estático, como se minha alma ainda estivesse desconectada do meu corpo. Tentei me concentrar na fina linha de vida que ainda me mantia preso ao corpo, me forcei a abrir os olhos, tudo começou a ficar claro, a claridade invadiu minha mente. Por um momento senti que meu cérebro iria queimar, ainda assim sustentie meus olhos abertos. Sentia me um recém nascido vendo a luz pela primeira vez.
No entanto, a paisagem à minha volta não condizia em nada com onde eu me lembrava de estar pela última vez. A mesa fria dera lugar a um gramado iluminado pelo sol da manhã; as paredes deram lugar a um vasto horizonte. Eu estava em um campo, um prado que parecia não ter fim, eu conhecia aquele lugar de alguma maneira... eu já estive ali.... Aquele era o lugar onde eu havia me encontrado com Deus, mas havia algo de diferente, senti uma placa fria sob a minha cabeça.
Ainda retomando o controle do meu corpo, vi onde estava apoiado. Era uma lápide de mármore com algum nome.... Um nome que eu não houvia há muito tempo.
- Ana. - Balbuciei a palavra e me lembrei imediatamente de como ela havia ido parar ali... Havia sido minha culpa, minha causa. Ela trocou a vida dela pela minha.
Me levantei, as pernas tremiam, como se nunca houvesse caminhado antes. Aos poucos meu corpo foi reconhecendo seu dono, me dei conta de que estava com as mesmas roupas de antes de receber a graça de Miguel. Uma calça jeans rasgada nos joelhos e sem camisa, o lugar onde Miguel fizera o corte com sua faca agora exibia uma longa cicatriz.
Olhei ao meu redor e me dei conta de onde estava.
"Cemitério de Anjos" O lugar era repleto de lápides semelhantes a da Ana. Mais acima em uma colina um anjo estava descansando sob a sombra de uma árvore, ele estava de costas pra mim. Suas asas saíam de suas costas imponentes e caíam sobre suas costas, ele exibia uma cicatriz circular no meio das costas, como se uma espada o houvesse atravessado. A ponta de suas asas estavam chamuscadas e em algumas partes não exibia plumagem. Me dei conta pela primeira vez de que estava vendo um anjo em sua verdadeira forma, sua pele estava brilhante como se fosse ouro e atrás dele estavam parte de uma armadura.
Algo me levou a caminhar até ele, algo dentro de im se lembrava de tê-lo visto em algum lugar... Um velho amigo.
- Olá irmãozinho. - A voz ecoou no horizonte. Uma voz conhecida, uma voz amiga que se tornara a voz de desprezo e de morte.
- Luciano.
O anjo virou-se pra mim, estava de calças jeans assim como eu, exibia uma cicatriz circular na frente do tórax também. Ele parecia abatido, como se mil anos realmente o tivessem envelhecido.
- Sim. - Ele tocou a cicatriz - Essa é minha última marca como seu anjo da guarda. Geralmente os anjos derrotados em batalha tem seus corpos recuperados, livres de cicatrizes, imaculados. Mas de alguma forma essa cicatriz ainda está aqui... De certa forma, eu ainda estou aqui. Nem vivo, nem morto. Condenado a passar a eternidade lembrando do meu maior erro.
Ele encarava o horizonte, talvez tentasse não me olhar dentro dos olhos. "Traidor" foi o que eu pensei.
- E que erro seria esse? Talvez tentar entregar um amigo para a morte? Talvez ter traído seus irmãos? - Minha voz era de escárnio, jamais me esqueceria da traição dele.
Ele olhou nos meus olhos pela primeira vez. Pela primeira vez encarei um anjo face a face em sua forma real, ele estava abatido, sua expressão era de tristeza absoluta. As lágrimas caíam da sua face, o choro de um anjo era algo raro de se ver. Era a primeira vez que o via chorar.
- Muito mais do que isso Daniel. Quando tudo isso começou, quando fui mantido preso no inferno, quando Uriel veio me libertar... Eu achei, eu pensei que era meu dever proteger minha família, era meu dever tentar preservar a ordem como eu a conheci desde a minha formação. Eu fiz o que achei certo, traí você para poder manter a ordem que eu tanto prezava.... Eu estava enganado. Uma das coisas que eu aprendi a admirar em vocês humanos, era sau capacidade de se adaptar as mais novas situações, a não deixar se abalar pelas mudanças, a mudar junto com elas. Anjos deveriam aprender isso também. O medo da mudança me tornou cego e não me permitiu ver o que realmente estava acontecendo... Tudo já havia mudado, minha família havia sido destruída, meu Pai havia sumido e os irmãos que eu deveria proteger... Eu abandonei.
- O que está querendo dizer com isso? - Minha voz ficou calma novamente, eu sabia o sofrimento que ele estava passando. Eu também havia perdido minha família, eu também estava perdido entre a vida e a morte. Entre a divindade e a humanidade.
- O que eu quero dizer é... Perdão. Perdão por ter traído você, perdão por tê-lo abandonado... Você é meu irmão e meu amigo, eu deveria ter estado ao seu lado... Eu... Eu... Fui um péssimo irmão, um péssimo anjo... Um péssimo amigo.
Ele tentava de alguma forma desviar o olhar, mas seus olhos estavam presos, as lágrimas caíam copiosamente dos seus olhos.
Estendi a mão para ele, um gesto de amizade que o surpreendeu. Ele ficou alguns minutos sem entender o que acontecia. Estava mais perdido do que quando o encontrei.
- O que é isso? - Ele perguntou incrédulo.
- Minha mão. - Eu ri - Nós humanos costumamos chamar isso de um aperto de mão. Um sinal de amizade.
- Por que está fazendo isso? Você deveria me odiar... Isso... Isso...
- Isso chama-se perdoar. Nós humanos podemos ser imperfeitos, podemos estar longe de Deus, mas aprendemos algo ao longo dos anos... Aprendemos algo com Ele. Todos cometemos erros dos quais nos envergonhamos, todos sofremos por causa disso. A dor é inevitável mas o sofrimento é opcional. Não devemos ser condenados pelos nossos erros, devemos ser capazes de perdoar a nós mesmo e seguir em frente. Você errou e isso custou a sua vida. Mas você faz parte da família, Luciano. Você é meu irmão e assim como todos também merece perdão.
Ele estendeu a mão e tocou a minha, um sinal de amizade havia muito tempo perdido. A restauração da união entre dois amigos. Irmãos de sangue e de graça.
- O que está fazendo aqui? Você está diferente. - As sombras foram abandonando sua face aos poucos. O Luciano que eu conhecia estava vindo a tona, meu irmão.
- Não sei porque estou aqui. Estou me preparando para ir ao inferno. Preciso destruir os anéis dos cavaleiros, mas o único jeito de descer até lá e tentar voltar vivo é sendo um anjo.
Ele me encarou por mais alguns instantes.
- Miguel deu a graça dele a você? Isto é muito perigoso, ele é o arcanjo mais forte de Deus, a graça dele é uma boa parte da própria essencia do Altíssimo. Você sabe que pode morrer não sabe? E se você está aqui é porque de certa forma está morrendo.
- Eu preciso voltar Luciano, preciso destruir os anéis antes que Gabriel os tire de mim e os use pra liber Lúcifer.
- Os anéis são muito poderosos, se reunidos são capazes de libertar Lúcifer de suas correntes. Mas levá-los ao inferno e destruí-los é loucura...
Ele me olhou e percebeu que eu não mudaria minha decisão. Ele colocou a mão sobre o pescoço e pela primeira vez notei o cordão dele, semelhante ao de Miguel, a graça de um anjo. Ele tirou o cordão do pescoço e me entregou.
- Vai precisar disso. - Ele sorriu. - Gostaria de poder fazer mais... mas isso é tudo o que posso fazer no momento. Se quiser voltar do inferno vai precisar de mais graça do que Miguel pode te conceder. Coloque esse cordão no pescoço e o use para sair do inferno.
Ele começou a caminhar para longe de mim, estava indo em direção ao horizonte, seu rosto brilhava com mais intensidade do que antes. Seus olhos começaram a emanar um brilho intenso.
- Onde você está indo? - Perguntei.
- É minha hora de me juntar a todos os meus irmãos mortos. Minha missão foi cumprida. Viva a vida plena de um anjo Daniel, faça por seus irmãos o que eu deveria ter feito. Obrigado por ser meu amigo, mas agora é sua hora de voltar também.
Senti um vórtex me puxando para trás. Um vento forte, senti a linha de vida me puxando de volta ao meu corpo. Era hora de voltar. Vi Luciano se afastando cada vez mais, indo cada vez mais para o longe.
- Irmão! - Eu chamei e minha voz se perdeu no vazio.
Em um lampejo de luz vi Luciano se juntar aos meus pais, meus avós toda a família que eu não via há muito tempo...
- Estamos todos com você Daniel, não importa onde esteja. Tenho orgulho de você filho. - A voz do meu pai ecoou na minha mente, saudades de um amigo.
Tudo escureceu novamente, mas não por muito tempo.
Meus pulmões se contraíram de forma rápida puxando o ar com vilência pra dentro. O oxigênio queimava minha traquéia e uma onda de calor e dor atravessou meu corpo. Meus olhos viram a luz, e minha pupila contraiu-se imediatamente. As paredes voltaram ao seu lugar, já não estava mais na mesa, mas na cama.
Eu voltei... Eu estou vivo... Eu estou pronto para enfrentar o Senhor das Trevas.











Continua..................................

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Cap.29 - All About You

- Você vai sentir seu coração sendo arrancado de seu corpo, vai sentir sua alma sendo rasgada e separada da sua carne... Você vai sentir a morte tão perto que vai preferir que ela o leve a continuar sentindo essa dor. Você pode morrer, de certa forma você vai. Só existem dois modos de algo entrar no inferno: Ou está morto, ou possui a essência de algo imortal. - Miguel falava calmamente, falava de uma forma a me assustar... Talvez eu devesse ficar assustado, mas já não tínhamos mais tempo pra isso.
- Miguel, eu já sei do que você está falando - olhei pra Isa - já entrei em contato com a graça de um anjo antes.
Miguel revirou os olhos, provavelmente queria me xingar, mas não sabia fazer isso em uma linguagem humana. Ele olhou dentro dos meus olhos, ele lia a minha alma, ele podia ouvir os meus pensamentos. Ver o meu passado e o meu presente... talvez até meu futuro.
- O que ele está fazendo? - Perguntei
- Procurando marcas, cicatrizes na sua alma. Marcas de maldições, selos, qualquer coisa que impessa você ou limite você de acessar a plena graça que vai receber. Ele também está selando a sua alma, já que você vai mesmo ao inferno, sua alma e seu corpo devem estar unidos e selados... se nao corre o risco de apenas um deles sair de lá. - Laura respondeu.
Miguel terminou de me analisar e selar a minha alma, seus olhos perderam um pouco do brilho intenso e assumiram um tom esverdeado. Ele estava mais próximo de um humano do que jamais esteve, tocou o cordão que trazia no pescoço e este começou a brilhar intensamente - A essência da sua graça - Com um puxão forte ele arrancou o pingente e o mostrou para mim.
- Essa é a essência de um arcanjo. Isto aqui contém um poder que você jamais sonhou em obter, a essência do chefe dos arcanjos celestiais. Se você for mesmo o arcanjo perdido, deverá ter mais chances de sobreviver... Se estivermos errados você vai morrer assim que entrar em contato com ela. Essa essência é muito mais poderosa que qualquer essência com a qual você tenha entrado em contato... essa é a essência original.
Engoli em seco aquilo tudo, eu sabia dos riscos, mas precisava tentar, precisava arriscar tudo. Laura limpou a mesa e Isa me conduziu até ela, depois amarrou minhas mãos e pernas para evitar que eu me debatesse demais. Depois, rasgou minha blusa me deixando com o peito nu. Olhei em seus olhos uma última vez, a última vez que olhava para eles como apenas um humano. O efeito da graça de Miguel era temporário, depois de algum tempo meu corpo rejeitaria a essência. A rejeição determinava o meu fim, se minha rejeição fosse muito forte eu não suportaria.
- Estaremos esperando você. - Isa falou e me beijou na testa.
Miguel se aproximou, carregava sua faca celestial na mão. Meu coração gelou, senti minha respiração pesada, tudo agora acontecia muito lentamente, vi minha vida inteira passando diante dos meus olhos. O que eu fiz, o que eu não fiz, o que eu deveria ter feito... Nada disso importava mais, em breve não haveria mais nada para viver. A escuridão se aproximava depressa, dentro de pouco tempo eu seria engolido por ela.
Miguel cortou lentamente a pele sobre o meu esterno, o sangue começou a escorrer pelo meu peito e a dor chegou muito mais depressa do que eu havia previsto. Aquela era a dor de ser cortado pela espada de um anjo, a dor que separava sua alma de seu corpo.
- Mantenha-se firme. - Miguel falou e sua voz ecoou longe nos meus pensamentos.
Após a ferida ter sido feita sobre o meu coração, Miguel abriu o pequeno vidro que continha sua graça, o pequeno pingente e seu conteúdo foi despejado sobre mim. A dor aumentou, os gritos saíram da minha boca, um grito visceral brotou fundo dos meus pulmões, o último grito da minha alma. Um grito de desespero, de dor. Tudo foi parando a minha volta, a escuridão me engoliu por completo, não havia mais ada ali, apenas dor.
Tudo ficou silencioso, minha alma agora lutava para encontrar o caminho de volta para o meu corpo, mantinha-se agarada ao selo, segurando-se com todas as forças no meu invólucro de carne. Tudo dependia de mim agora, eu precisava resistir. Precisava voltar.












Continua.................................

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cap.28 - Pleasure and Pain

- O Inferno? Você está louco Miguel? Você quer que nós levemos a única possibilidade de salvação da raça humana exatamente para o lugar onde está Lúcifer? Me dê um bom motivo para acreditar em você. - Vitor olhou diretamente para Miguel, seus olhos brilhavam com tanta intensidade que por algum momento achei que todo o apartamento começaria a pegar fogo.

- Todos vocês? Acha realmente que todos vocês vão ao inferno? Além de ser arriscado, eu preciso de comandantes na linha de frente comigo. A grande batalha se aproxima... E o único modo de vencermos ela é destruir esses anéis. - Miguel sustentava o olhar sem nem mesmo piscar.

- Além de nos enviar ao inferno ainda vai nos dividir? Isso está fora de questão Miguel, eu não confio nem um pouco em você. Por que deveríamos destruir os anéis se eles são nossa maior chance de vencer a batalha? - Gustavo levantou a voz do outro lado da sala e finalmente vi ele e Mariana encostado nos batentes da porta que davam para a cozinha.

- Ele está certo. - quando acabei de falar todos olhavam para mim. Estavam tão compenetrados pensando em maneiras de destruir uns aos outros e evitar a destruição completa que não repararam na minha chegada.

- Você deveria estar deitado, Daniel. - Mariana olhou para o vazio enquanto falava comigo, ela havia perdido seus óculos escuros e olhar diretamente para um humano poderia queimar completamente meu cérebro... Só que a questão é que eu não era um humano normal.

- Devia mesmo, isso é assunto para imortais de patente elevada. - Vitor olhou na minha direção e eu fui obrigado a desviar o olhar.

- Quem vai me tirar daqui? Os arcanjos com problemas de liderança ou todos os outros anjos que estão perdidos sem o Papai?

- Abra a boca novamente e eu farei seus olhos queimarem como pólvora. - Vitor estava exaltado, estava ocorrendo um apocalipse em proporções menores dentro da sala.

Eu encarei todos na sala, um a um, e o que eu vi me deu a certeza de que estávamos todos condenados. Todos estavam perdidos, inclusive Miguel que seguia as ordens de seu Pai sem nem ao menos refletir sobre suas consequencias. Mas eu sabia que os anéis precisavam ser destruídos, eu sabia que se Lúcifer conseguisse reunir todos os anéis, ele poderia se libertar e finalmente marchar a frente do seu exército, o único jeito de impedir sua ascensão era levar os anéis até o seu reino e destruí-los no fogo da sua própria prisão.

- Ele está certo Vitor. Os anéis precisam ser destruídos. - eu repeti calmamente.

- Os anéis dos cavaleiros foram criados há muito tempo. - Miguel começou a falar - Ao sétimo da criação, Deus descansou e em seu sono, um querubim ungido, servo direto do trono do Todo-Poderoso, organizou uma revolta aliado a dois terços de todos os anjos do céu. O objetivo era destronar Deus, assumir a liderança e fazer dele próprio o senhor do universo e deus. Vocês humanos chamam ele de Lúcifer, Diabo, Satanás; Nós o conhecemos por Adversário. De algum modo ainda obscuro para todos nós, Lúcifer conseguiu converter toda a glória de Deus em seu poder, em maldade. Esse foi o surgimento da Fome, da Peste, da Morte e da Guerra. Mas armazenar todo esse poder em si próprio era perigoso demais, até mesmo pra Lúcifer. Ele dividiu esse poder em 4 anéis, cada um contendo toda a essencia de seu próprio mal, depois ele deu esses anéis a cada um dos quatro arcanjos que se uniram a ele. E assim surgiram os 4 cavaleiros, mas havia um efeito colateral. Lúcifer estava enfraquecido, porque parte da sua própria essência estava nesses anéis, alguns acham que esse foi o motivo para ele ter sido derrotado. No final do sétimo dia, mil anos para vocês humanos, Deus acordou e varreu dos céus dois terços dos anjos, os cavaleiros, as potestades e os principados e aprisionou o próprio Lúcifer em um lago de fogo eterno, chamas que jamais cessarão. Depois que aquele que vocês anjos menores e humanos conhecem como Cristo foi morto hou a separação completa entre Céu e Inferno. Atualmente, o Inferno tem a forma de um corpo humano, deitado de costas para o centro da Terra e cada dia está mais cheio. Se Lúcifer reunir novamente os anéis ele poderá se libertar de sua prisão e caminhar novamente sobre o universo. O próximo passo é marchar para o paraíso e sentar no trono do Criador. Por isso devemos destruir os anéis, devemos levá-los até o inferno e destruir nas chamas eternas do abismo.

Todos olhavam atônitos para Miguel, ele era um dos arcanjos originais e supostamente eu também. Todos os outros haviam sido criados após a Grande Batalha que dividiu Céu e Inferno. Todos desconfiavam da lealdade de Miguel, mas também sabiam que o olhar perdido de Miguel mostrava que ele também lembrava de cada momento, lembrava a ele de todos os irmãos que foram perdidos... incluindo Lúcifer.

- Certo. - Laura falou depois de um longo tempo de silêncio - Vamos marchar para o Inferno.

- Eu também vou. - falei.

- Você não pode, somente anjos podem entrar e sair do inferno e mesmo assim eu só conheço uma que conseguiu sair de lá com vida. - Miguel falou.

- Vocês sabem que eu não sou somente um humano, se vocês me derem um pouco da graça que vocês possuem....

- A graça é uma indentidade Daniel. - Isa falou - Se você receber a graça de outro anjo você pode morrer....

- Meus pais morreram, a humanidade está condenada e eu estou indo para o Inferno... Encarem os fatos, já estamos todos mortos.





























Continua..................................

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cap. 27 - All The Right Moves

O ar estava pesado, um forte cheiro de enxofre preenchia todo o espaço que deveria ser ocupado pelo oxigênio, era sufocante, sufocante demais para um humano permanecer ali por masi de 2 minutos. Mas esse não era o meu caso. Olhei para o meu corpo, estava vestindo uma armadura de batalha completa, mas não uma armadura qualquer, uma armadura de ouro que reluzia como se eu fosse o próprio sol.
Na minha mão direita uma espada pesada, parecia ser de bronze e no braço esquerdo pendia um pesado escudo também de bronze... Ainda assim o cheiro de enxofre me fazia lacrimejar. Quando dei conta de mim, percebi que estava correndo em direção a um grande lago de fogo, como se um vulcão tivesse sido aberto pra mim, mas o lago era tão grande que desaparecia no horizonte. Ao fundo uma criatura horrenda tentava se libertar das correntes que a prendiam ao lago e urrava em minha direção, nessa hora parei e deixei cair algo do meu bolso.
"Os anéis dos cavaleiros" Foi o meu primeiro pensamento.
Alguém surgiu na minha frente e pegou os anéis do chão, um sorriso demoníaco dançou nos lábios de um velho conhecido, um inimigo odiado.
"- Deixou cair seus anéis garoto" A voz do outrora conhecido como arcanjo Gabriel ecoou na minha mente, ele estava diferente, o enxofre havia queimado sua pele e onde havia carne agora apareciam ossos. A beleza angelical o havia abandonado e agora só restava o aspecto demoníaco reservado a todos os que servem as trevas.
"- Me devolva isso Gabriel! Eu preciso destruir esses anéis. Pelo menos uma vez lembre-se de que já foi um anjo e me ajude a impedir a ascensao de Lúcifer!" Eu gritava desesperado.
Ele sorriu novamente e puxou uma espada da bainha... puxou a minha espada, a espada que eu havia roubado do cavaleiro da Guerra.
"- Meu Pai abandonou a todos nós e você ainda insiste em lutar por ele? Estou cansado de você Daniel, uma nova era começa agora, a Era de Lúcifer. Nem mesmo se o próprio Deus surgisse novamente Ele poderia nos impedir. E esses anéis irão servir para garantir isso!" Ele brandiu a espada na minha direção e a apontou para o meu peito.
Uma voz doce gritou meu nome ao fundo, me virei e vi Isa correndo na minha direção. A angústia e o medo atravessavam seu rosto de uma forma tão humana que quase me esqueci de que ela era um anjo. Mas antes que ela pudesse chegar até onde eu estava, a espada de Gabriel atravessou meu peito me rasgando de dor, sentia minha alama sendo separada do meu corpo à força... Senti que estava morrendo.

Acordei ofegante, empapado em suor. Havia sido apenas um sonho. Respirei aliviado, eu ainda esatva vivo... Mas havia algo diferente.
Já não estava mais no cemitério, estava de volta ao pequeno apartamento que havia alugado no início de tudo aquilo, um pequeno apartamento na tijuca que ainda tinha marcas de enxofre no teto. Olhei a minha volta e vi Isa parada na porta, ela estava linda. Um anjo. Ela sorriu ao me ver, parecia esperar há muito tempo que eu acordasse.
- Graças a Deus você acordou, pensei que nunca mais levantaria. - Sua voz cortou o ar frio como uma brisa quente.
- Há quanto tempo estou dormindo?
- Há mais de dois dias. Miguel pegou pesado com você, acho que esqueceu que você é apenas um mortal.
Pensei um pouco... não su apenas um mortal, eu gostaria de ser, mas não era assimq ue as coisas funcionavam quando se trata do fim do mundo.
- Onde estão os outros? - Perguntei olhando novamente ao meu redor
- Estão na sala, estamos nos reunindo para saber o que fazer daqui pra frente, agora que Miguel está ao nosso lado.... - Ela hesitou
- O que foi?
- Nenhum de nós confia muito em Miguel. Não podemos ter certeza de que ele está mesmo falando a verdade, Laura está discutindo com ele. É muito arriscado destruir os anéis dos cavaleiros somente porque Miguel disse que é o certo a se fazer, principalmente do jeito que ele quer fazer.
Lembrei do meu sonho... Era a coisa certa a se fazer. Tentei me levantar da cama, mas ainda não sentia minhas pernas, não tinha certeza se era feito do meu sono de dois dias ou da briga com Luciano. Estava prestes a cair quando Isa me segurou.
- Onde você pensa que vai? Isso é um assunto para imortais de alta patente.
- Não se esqueça de que eu sou o responsável por isso tudo. Não se esqueça de que é a minha vida em jogo, eu vou participar dessa reunião com ou sem você pra me ajudar.
Ela me apoiou em seus ombros e me levou até a sala, era inútl discutir qualquer coisa naquele momento, não com um mini apocalipse na sala.
- Você está louco Miguel? Primeiro você tenta nos matar e agora quer que ajudemos você a destruir nossa única chance de vencer esta guerra? - Laura olhava fixamente para Miguel.
- Caramba! Quantas vezes terei que repetir que jamais levantei um dedo contra vocês? Vocês não percebem? Se não destruirmos esses anéis, Lucífer caminhará novamente sobre a Terra, aquilo que você julga sendo sua salvação vai destruir a todos nós! - Miguel també fazia sua voz ecoar na sala.
- Onde exatamente você pretende destruir os anéis? - Vitor perguntou apioado no batente
- Só conheço um lugar.... O inferno.












Continua.....................................

domingo, 10 de outubro de 2010

Cap.26 - New Divide

Estendi minha mão para alcançar a mão de Miguel, ele estava apenas em pé diante de mim, mas era como se estivesse a anos-luz de distância. Qualquer ser humano normal ia pensar que poderia ser impossível chamar ele de irmão... e no entanto ele era meu irmão mais velho, Miguel o chefe de todos os arcanjos.
Ele me ajudou a me levantar, estávamos no alto de uma colina, olhando os prados mais abaixo, limpos, belas paisagens, mas algo se destacava no meio dela. Um pouco mais abaixo da colina um verdadeiro exército de seres, com armaduras reluzentes como o ouro, parados em fila, organizados em batalhões prontos para entrar em guerra, esperando apenas o sinal do seu comandante.
- É muito bonito de se ver não é? O exército em forma, intactos, imortais, invencíveis.... - Ele disse
- Imortais? Pensei que....
Ele olhou para mim e senti como ele pudesse ver toda a minah vida, como se lesse meus pensamentos, como se visse meu passado e até mesmo meu futuro.
- Não... eles não são imortais, também não são invencíveis... Mas tem uma guerra se aproximando e ela está cada vez mais batendo a nossa porta. Você acha que os cavaleiros e os demônios que já enfrentou são comparados a todos os exércitos de Lúcifer? Ao próprio Lúcifer? Estes anjos nunca lutaram em uma batalha desta magnitude, eles estão com medo. Deus sumiu e deixou seu torno vazio, anjos disputam para ver quem se sentará primeiro, outros resolveram apoiar a causa de Lúcifer. Eu preciso dar algo para esses anjos acreditarem, preciso prometer pra eles que podemos ganahr essa guerra, preciso dizer que somos imortais. Estou praticamente sozinho comandando todos os exércitos dos céus.
Eu pude ver a angústia tomar conta do rosto dele, aquela face inumana, a face do maior dos arcanjos nunca pareceu tão humana como naquele momento.
- Eu pensei que você também estivesse na disputa...
- É o que todos pensam, é o que todos gostariam. A verdade é que se eu me levantasse e reclamasse o trono de Deus para o meu uso, todos os anjos que você está vendo e milhares de outros estariam ao meu lado. Não haveria deserções, não haveria pânico ou guerra.
- E por que você não tenta restaurar a ordem, porque não reclama o trono pra si?
- Eu não posso Daniel... - Ele olhou para mim, uma esperança bem fundo brotava nos seu solhos - Deus ainda está aí, Ele nos disse que tudo isso aconteceria, disse que não deveríamos perder a nossa fé. Ele não nos abandonou, eu estou fazendo a minha parte, estou tendo fé, estou organizando meu exército para lutar contra Lúcifer, mantendo o mundo de pé para a volta de Deus.
- Eu não consigo entender... Pensei que você estivesse me caçando, pensei que todos à minha votla desejavam a minha morte. Pensei que eu era o destinado a parar o apocalipse, pensie que juntando os anéis dos cavaleiros eu conseguiria parar....
- Você pensou errado, você foi enganado, você e seus amigos foram todos enganados. Todos os que estão com você fugiram dos céus porque estavam sendo perseguidos por Uriel, ele reuniu a maior parte dos exércitos angelicais sob o comando dele, reclamou o trono de Deus e está caçando todos aqueles que podem ameaçá-lo... inclusive o próprio Deus.
- Ele pensa em matar Deus? Mas Luciano estava com você, ele era seu espião, trouxe você até mim, para que você pudesse me matar. Eu estou perdido Miguel.
- Ninguém pode matar Deus, Daniel. Ele quer prendê-lo, não entendi ao certo. Ele quer usar os anéis dos cavaleiros para abrir um portal para o inferno e prender Deus lá dentro, ele se aliou a Lúcifer e decidiram dividir o rumo da humanidade. Eu não enviei Luciano até você. Na verdade há muito tempo eu espero pra te encontrar. Eu vim aqui atrás de ajuda.
- Minha ajuda? Você quer a minha ajuda? Eu sou apenas um mortal, Miguel!
- De alguma forma que eu não sei explicarvocê foi escolhido por Deus para iniciar a batalha final do apocalipse. Não sei o sue destino, não sei se você vai viver ou morrer. Não sei se você é o escolhido porque tem algo em você do primeiro arcanjo... do meu irmão. Mas eu sei que você foi escolhido e nós precisamos de você na linha de frente... de você e de todos os que estão com você.
Eu assenti coma cabeça, pela primeira vez desde de que tudo isso começou eu pude perceber que haviam chances de vencermos esta guerra, mas mais do que nunca eu tive a certeza de que muitos de nós não sairiam dali vivos. Miguel se aproximou e pouco antes de tocar minha testa novamente disse:
- Os anéis precisam ser destruídos.
Ele tocou minha testa e ficou tudo escuro novamente, mas dessa vez não havia dor, eu estava voltando, voltando para terminar de uma vez por todas com o apocalipse.







Continua..........................................................

domingo, 26 de setembro de 2010

Cap.25 - Running Up That Hill

As pessoas dizem que quando se está prestes a morrer sua vida costuma passar diante dos seus olhos em flashes rápidos, com imagens bem definidas, como um filme de curta metragem dentro da sua mente. Seu coração bate tão rápido que quase fica impossível ouvir as vozes de suas memórias e após tudo isso uma dor excruciante acaba com tudo... Então depois que tudo isso acaba não resta mais nada... nada.
Eu estava apoiado no ombro da Isa quando uma fumaça branca começou a brotar do chão e logo toda a clareira do cemitério estava envolta em névoa espessa. Não conseguia mais ver o rosto de nehum dos meus amigos, apenas sentia o calor da Isa que segurava meu braço.
- Ele chegou. - A voz de Mariana soou de algum lugar na minha frente, mas havia algo estranho na voz dela... havia medo.
- Preparem-se. - A voz de Laura também veio de algum lugar na minha frente, mas estava mais distante, ela também sentia medo.
Ouvi o som de passos vindo na minha direção e espadas sendo erguidas. Tmbém senti medo, apertei o braço em torno da Isa, os passo continuavam vindo, meu coração acelerou.
- Não tema, nós vamos proteger você de Miguel. - A voz da Isa soou como uma brisa em uma tarde de verão e de certa forma aquilo me acalmou, mas não o suficiente.
- E quem vai proteger vocês dele?
- Nós não seremos atingidos. - A voz de Vitor veio do meu lado esquerdo.
Então um vento frio começou a soprar no local, a névoa tornou-se ainda mais espessa... Tudo ficou tão silencioso, não um silêncio de morte, um silêncio pacífico, como se a glória de Deus estivesse baixando naquele lugar. Aquele era o poder de Miguel, o maior dos arcanjos.
- Não tenham tanta certeza assim. - Uma voz forte como um trovão, capaz de fazer o local tremer estava bem na minha frente. - Podemos fazer isso de dois jeitos, eu só quero o garoto aqui, o resto de vocês será consumido por traição ao exército divino.
Espadas se agitaram novamente, mas balançavam vazias, não havia como ver nada, Miguel nos tinha sob controle, qualquer passo errado e morreríamos de qualquer forma. Mas apesar de todo o medo que sentia, não podia deixar meus amigos morrerem por minha causa. Soltei o braço ao redor da Isa e me equilibrei sozinho, fazendo força para me manter de pé, minhas pernas ainda estavam parcialmente dormentes.
- Eu estou aqui Miguel! - Gritei a plenos pulmões e minha voz ecoou vazia pelo lugar, como se não houvesse nada nem ninguém no lugar.
Senti um braço esticando-se na minha direção e então um indicador tocou bem no meio da minha testa, naquele momento apaguei, já não sentia mais meu corpo, não era a minha vida que passava diante dos meus olhos, mas a vida de todos os seres humanos do planeta.
Guerras, fome, peste, morte. Pais matando seus filhos e filhos matando sua mães, mortes banais a troco de dinheiro, sexo, drogas. Vi uma criança que corria feliz por campos desérticos na África, ela deu um passo e explodiu, seu corpo estilhaçado por todo o lugar. Homens em jipes do exército batiam nas portas de casas do Afeganistão e estupravam mulheres e crianças, levavam elas como escravos. Idosos eram maltratados e jogado na sargeta em cada canto do planeta. Vi homens bêbados pularem do alto de prédios. Vi crianças se prostituindo. Vi adolescentes matarem seus pais por dinheiro para financiar seu vício. Vi trevas, escuridão, desilusão. Vi as portas do inferno abertas e toda sorte de espíritos, demônios e maldições fluindo através dela. Senti o cheiro pesado do enxofre no ar. Vi um trono vazio envolto na escuridão. Vi um anjo caído preso a corrente no fundo de um lago de fogo. Vi anjos celestiais caídos aos montes, mortos. Vi o paraíso onde antes eu estivera ser consumido, desaparecer. Vi meus pais correndo com uma criança no colo... era eu. Eles corriam na escuridão fugindo de algo maligno que chegava cada vez mais perto. Eu queria gritar, eu queria correr até eles, mas o som não saía da minha boca.
Mais intenso que todas as imagens de todo o sofriemnto do mundo, mais forte que a própria morte... Eu sentia cada dor, cada depresão e aquilo se acumulava em mim tornando difícil até mesmo puxar o ar. Eu gritava, mas é como se o som ecoasse vazio pelo mundo, grito silencioso, um cavaleiro na escuridão.
Tudo ficou escuro, tudo ficou silencioso, as imagens se foram, a dor se foi, tudo se foi. Eu estava sozinho novamente e tudo o que restava era a solidão e a escuridão, encolhi meu corpo até que pude abraçar meus joelhos, me sentia como uma criança sozinha no escuro, sentia medo, sentia as trevas prontas para me consumirem.
Fechei os olhos e pedi ajuda à Deus, procurei ajuda em algum lugar bem longe dali. Então tudo mudou, tudo ficou claro novamente e percebi que estava deitado num campo debaixo de uma árvore no alto de uma colina, o vale abaixo exibia flores e campos lindíssimos. Tive a sensação de que já estive ali... O Paraíso.
Um jovem por volta dos 23 anos apareceu na minah frente, ele vestia uma armadura de batalha completa, carregava um arco dourado nas costas, uma aljava lotada de flechas da mesma cor que o arco. No cinturão estava uma espada clara como o sol, seu capacete era dourado e do chão que ele pisava brotavam flores, como se elas emanassem vida. Então senti paz, pela priemira vez senti paz. Ele brilhava como se fosse o próprio sol, brilhava como se a glória de Deus o enchesse.
Ele estendeu a mão na minha direção, uma mão amiga e sorriu.
- Olá irmão... Eu sou Miguel.











Continua....................

sábado, 11 de setembro de 2010

Cap.24 - Thunderstruck

Antes que a ponta da minha lâmina pudesse encostar em Luciano senti uma mão pressioanndo meu peito e me lançando contra uma árvore, minha cabeça quase bateu na ponta de uma lápide e tudo estava girando ao meu redor, tentei me levantar, mas a pancada havia sido muito forte... uma pancada provocada por um não-humano.
- Você está louca Laura? - Luciano gritava para o querubim de pé onde estávamos. Ele também havaia sido lançado contra uma árvore oposta.
- Louca? Você resolve matar o Daniel e eu estou ficando louca?
Ele se levantou e avançou contra ela, Luciano estava fora de si. Mas Laura nem seuqer se moveu, tudo aconteceu muito rápido. Laura não desviou o olhar dos olhos de Luciano nem po um segundo, Mariana surgiu de trás da Laura e enfiou sua espada no peito de Luciano arrancando um horrível grito de dor. Gustavo apareceu do outro lado e também enfiou sua espada no lado de Luciano fazendo ele cair ajoelhado diante deles.
- Parem! Parem pelo amor de Deus! Vocês estão ficando loucos? - Eu tentava me levantar mas minhas pernas não se moviam, tentei me arrastar em direção a eles, mas minhas forças não eram suficientes, tudo girava muito mais rápido agora.
- Fique calmo Daniel. - uma voz doce e suave como uma brisa surgiu atrás de mim. Isadora me levantava aos poucos, apoiando meu braço em seu ombro. - Fique calmo.
- Como posso ficar calmo se todos vocês resolvem matar uns aos outros?
- Nós não estamos aqui para matar ninguém Daniel. - Uma voz forte como um trovão surgiu atrás de mim, pouco depois Vitor surgiu na minha frente, como se tivesse sido trazido pelo vento.
Laura deu um passo a frente, ela parecia dançar em pleno ar. Caminhou em minha direção enquanto Mariana e Gustavo tiravam as espadas do corpo de Luciano e o amarravam na árvore onde ele havia batido, cravando as duas espadas nas suas mãos para ter certeza de que ele não fugiria dali. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que eu nunca havia visto antes, ele estava realmente furioso.
- Ele nos traiu Daniel. Ele sabia que você havia ressucitado e veio para cá antes de nós, mas não sem antes denunciar você para Miguel. - Laura disse calmamente, a voz dela caindo como água fria sobre mim, era como se tudo aquilo não se encaixasse.
- Você não pode estar falando sério. Luciano nunca nos trairia, nunca. Você está errada Laura! - Eu balançava minha cabeça relutando em aceitar a idéia, aquilo não poderia ser verdade, meu amigo, meu melhor amigo, que até puco tempo havia enfrentado céus e inferno pra me salvar... agora se tornava um inimigo.
- Eu não queria estar falando sério Daniel, acredite em mim. Mas essa é a verdade, Isadora teve uma visão de que você retornaria, mas não exatamente o lugar, isso foi há três dias. Luciano saiu dizendo que precisava pensar e não retornou. Hoje, Isadora teve uma nova visão onde mostrava você exatamente aqui, lutando com um anjo, ela só não conseguiu ver qual. Então nós chegamos aqui e Luciano está tentando matar você. - Ela continuou.
- Ele traiu a todos nós Daniel, você sabe qual é a sensação de ser traído por um irmão? - Vitor olhava diretamente nos meus olhos, a dor dele transparecia pelos olhos, era algo quase indescritível.
- Nossa... É realmente muito bonito ver meus irmãos se preocupando comigo, mas ao mesmo tempo isso tudo é patético! Será que vocês não vêem? Esta é uma guerra perdida! Não há jeito de vencermos, Daniel é apenas um mortal e Lúcifer é o senhor das trevas! Quando eu fui preso no inferno nenhum de você foi capaz de me salvar! Nenhum de vocês! Mas então Miguel apareceu e me libertou, ele me trouxe de volta e naquele momento eu tive certeza... Se nós quisermos vencer esta guerra devemos estar ao lado dele, se realmente quisermos permanecer vivos demos... - Luciano começou a despejar todas as palavras em nós e tudo aquilo caiu como uma bomba em mim, agora eu sabia o que Vitor estavasentindo, a dor de ser traído por um irmão, me sentia como se a mais afiada de todas as espadas estivesse me rasgando ao meio.
Gustavo deu um soco em Luciano e impediu ele de continuar a falar, todos estavam exaltados.
- Miguel está vindo, e ele não está sozinho. - Isa disse do meu lado.
- Quantos estão com ele? - Mariana perguntou.
- Milhares. Ele está trazendo milhares de anjos aqui, não há forma de escaparmos daqui com vida. - Isa balbuciou as palavras e pela primeira vez percebi que ela sentia medo, percebia que todos eles estavam com medo.
- Mas que droga! Você nos traiu para se manter vivo Luciano? Você nos traiu por isso? - Laura se virou na direção dele. - Você nos traiu para preservar sua preciosa graça? Você sacrificou a todos por isso? Seu egoísta idiota!
Ela caminhou na direção dele, rápida como um raio, seus olhos em fúria, um brilho diferente dentro deles, não era apenas o medo ou a graça divina que enchiam eles... era raiva, ódio. Ela tirou a espada da cintura e cravou no coração de Luciano.
Luciano gritou repetidas vezes, sua dor parecia nunca terminar, seu sangue escorria pora toda a espada de Laura. Ela estavaimóvel diante dele, seus olhos ainda brilhavam, mas a fúria havia desaparecido deles. Todos estavam parados, nem sequer haviam se movido, nem mesmo eu fui capaz de falar alguma coisa.
- Você nos traiu da mesma forma que Lúcifer fez. Você merece nossa fúria da mesma forma que ele. Porque se você foi capaz de nos trair, então é como ele, você não é um anjo, você não é nada. - Ela falou tão baixo que aquilo saiu quase como um sussuro para Luciano.
Ele moveu a boca por alguns instantes sem emitir nenhum som, falar era realmente doloroso para ele.
- Eu sou um traidor?... Vocês tem certeza de que eu sou o traidor? Vocês se voltaram contra seus irmãos para ficar com Daniel, vocês nos abandonaram para proteger um mortal tão frágil quanto uma folha que cai no outono. Você são os traidores... não eu. - Ele disse lentamente cuspindo cada palavra na direção de todos nós.
- Nós estamos realizando a vontade de nosso Pai. - Gustavo apareceu no campo de visão do Luciano. Luciano nem sequer olhou para ele, começou a rir histericamente.
- Nosso Pai? Nosso Pai nos abandonou, um pai não abandona seu filho, nem mesmo os humanos costumam abandonar seus filhos! Ele nos deixou Gustavo, nos deixou com tudo isso nas mãos, nos abandonou como ovelhas no matadouro!
- Ele está cumprindo a palavra dele Luciano, Ele nos deixou com essa missão porque confiava em nós, porque sabia que éramos capazes de cumprir sua vontade, pela primeira vez em séculos ele deixou as coisas sob nosso controle, porque achou que fôssemos capazes de cuidar disso. - Mariana falou.
- Isso é uma grande idiotice. Ele nos abandou. Está na hora de você escolherem seus lados meus pequenos irmãos... Miguel está chegando e com ele a maior parte das forças celestiais. Ele pode esquecer o que fizeram qui e agora comigo se vocês apenas entregarem o Daniel pra ele.
- Como pode falar isso? Eu.. Eu pensei que fôssemos amigos! - Eu disse, a dor da traição me consumia por dentro.
- Eu fui seu protetor e nada mais, não somos amigos, você é apenas um mortal, você é a causa de tudo isso e eu odeio você!
- Faça ele se calar Laura, nós precisamos pensar. - Isa disse do meu lado, ela estava firme e imóvel, ela estava com tanto medo quanto nós mas ela fazia o máximo de esforço para não demonstrar, ela tentava se manter no lugar enquanto todos nós caíamos.
Laura sem nem mesmo olhar para nós segurou a cabeça de Luciano com uma das mãos e olhous fundo em seus olhos. Com a outra mão ela empurrou a espada para mais fundo no corpo dele, os olhos dela voltaram a brilhar, mas dessa vez não havia graça, não havia sentimento, era apenas fogo. Uma chama tão intensa e tão forte que fui forçado a fechar os olhos.
Luciano gritou amis uma vez, uma última vez... Quando abri meus olhso novamente seu corpo estava queimado diante de nós, nós não havíamos perdido apenas um irmão, mas um amigo. Não havai tempo para sentirmos nada, não havai amis tempo, Miguel já estava na porta do cemitério e dali ele não deixaria que saíssemos vivos.







Continua...................................

sábado, 21 de agosto de 2010

Cap.23 - Supermassive Black Hole

Eu ainda caminhava sozinho pelo cemitério, andava em direção à entrada, mas não sei bem que era asaída que eu procurava, e depois de alguns passos eu tive certeza de que não era a saída que eu procurava, mas a entrada. Depois de caminhar pelo que me pareceram horas finalmente achei aquilo que não procurava e soube naquele momento que era somente aquilo que eu procurava. Duas pequenas lápides, simples, sem flores, o musgo começava a crescer pelo granito, não eram cuidadas ou visitadas há um bom tempo, não havia nem mesmo vestígios de flores, ninguém havia ido ao enterro daqueles dois... ninguém havia ido ao enterro dos meus pais.
Desde que tudo aquilo começou essa era a rimeira vez que eu me dava conta deas coisas jamais voltariam a ser como era, que meus pais não estavam memso ali, que não havia pelo o que lutar, o mundo iria acabar de um modo ou de outro, se não fosse aquele momento seria outro, porque a humanidade jamais aprenderia, jamais saberia da completa verdade. Eu tinha céu e inferno nas minhas costas, eu tinha anjos que dependiam da minha direção eu tinha a humanidade nos meus pés, eu tinha tudo e não tinha mais nada. Eu estava condenado, para mim não havia mais esperança, eu iria morrer naquele momento ou depois, esse era o meu destino. A única pergunta que eu me fazia agora era se ainda valia a pena lutar, pelo o quê valia pena morrer. Não estava mais tão certo de que deveria salvar a humanidade, talvez fosse a hora de todos aprenderem um pouco sobre vida e morte, talvez fosse a hora de eles mesmos escolherem, talvez fosse a hora de eu sair do caminho. Eu sei, eu sei... Isso me coloca numa posição de juiz, de alguém que acha que sabe o que é melhor para todos, o que na verdade não é verdade, eu só estava cansado, cansado de morrer, cansado de sofrer, eu só queria morrer em paz, morrer bem longe dali. Não me tome por covarde, não há covardia alguma em não querer ser torturado pelo próprio Lúcifer, eu não sou um herói pra ninguém, nunca fui nem nunca serei. Enquanto estava perdido em mim mesmo nem me dei conta de que alguém se aproximava.
- Não adianta chorar por eles, eles não vão voltar, ainda que tudo isso passe, não há jeito de trazê-los de volta, as coisas são o que são Daniel. - Luciano estava parado atrás de mim, dizendo cada palavra com a cautela que já era uma característica dele. Só aí me dei conta de que lágrimas escorriam pelo meu rosto, não era tristeza em si, era dor.
- Mas coisas não deveriam ser assim, não deveriam ser assim. Eu não deveria ter céu e inferno na minha cola, eu não deveria ter visto meus pais morrerem, Deus não deveria ter sumido... nada disso deveria ser real.
- Mas tudo isso é real você goste ou não, tudo isso é real e você está no meio disso tudo, você não tem escolha. - Ele repetia
Eu me virei pra olhar pra ele, havia uma ponta de esperança nos seus olhos, ele assim como todos os outros, todos esperavam que ao fim do dia eu aparecesse e salvasse todos eles, que eu fosse o herói, mas não era isso o que eu queria.
- Sempre há uma escolha, eu faço minhas escolhas por mim mesmo.
- Você nao tem escolha, esse é o seu destino Daniel.
- Dane-se o meu destino Luciano! Eu faço o meu destino e neste exato momento eu escolho não fazer parte disso, eu escolho viver.
Ele parou, respirou fundo e me encarou. Seus olhos mudaram de esperançosos para raivosos, um brilho brotou dentro deles, um brilho com o qual eu já estava familiarizado, o brilho do poder. Aquilo não era nada bom, sua voz ficou forte como um trovão.
- Você não tem escolha. - ele estendeu a mão - venha comigo Daniel, nós temos que nos reunir ao grupo e partir para o inferno, impedir que Lúcifer saia de sua jaula, precisamos pará-lo.
- E depois? Entregar o mundo ao Miguel? Eu não vou com você Luciano, me mate aqui e agora, mas eu não irei com você.
- Você irá comigo vivo ou morto garoto!
- Você quer que eu vá com você? Então venha me pegar!
Eu percebi que meu pequeno canivete ainda estava no meu bolso, assim como a espada da Guerra estava presa na minha cintura. Eu puxei a espada e apontei em direção ao Luciano, seus olhos aumentaram a intensidade e ele sorriu para mim, ele estava realmente disposto a me matar.
- Acha que pode me deter garoto? Eu sou um arcanjo e você é apenas um mortal.
- Você não sabe quem eu sou, mas eu vou te dizer, seu babaca.
Ele não se conteve mais no lugar e avançou em minha direção, meu melhor amigo se tornava meu grande inimigo e apenas um de nós sairia dali vivo.










Continua....................................

domingo, 1 de agosto de 2010

Cap. 22 - Nightmare

O que você faria se voltasse da morte para poder salvar seus amigos anjos e toda a humanidade da aniquilação total? O que você faria se encontrasse com Deus e ele te desse a escolha de permanecer com ele? O que você faria para poder salvar seus pais?
Sinceramente não sei o que voce poderia fazer... Sei apenas o que eu fiz, e nem tenho certeza de que é realmente o certo, afinal que idiota trocaria a possibilidade de estar no paraíso para salvar um mundo que já está condenado? A resposta é: Daniel
Não tinha idéia de que dia era, de qual mês.... não sabia nem mesmo se ainda era o mesmo ano. Tudo o que eu sabia era que eu estava com uma calça jeans rasgada, uma camiseta preta... e estava completamente sujo de terra. Eu estava num lugar parecido com um cemitério, um grande campo, com algumas lápides espalhadas por ele, no final desse campo, perto do muro, havia alguns mausoléus. Eu estava deitado em cima da terra que eu acabei remexendo para poder sair do caixão onde eu estava, olhava para o céu sem nuvens, era um dia claro e limpo, como há muito tempo eu não via, muito tempo.
- Acho que você não tem muito tempo para ficar parado aí Daniel. - Uma voz distante, fria... uma voz quase morta chamava meu nome.
Ao me levantar, apareceu no meu campo de visão um homem de aparência aristocrática, um homem de meia idade, ele usava um sobretudo negro como a noite e óculos escuros. Em resumo, aquele senhor não se encaixava na paisagem.
- Quem... quem é você? Como sabe meu nome? - Eu perguntei ainda atordoado com tudo a minha volta.
O homem continuoume encarando, não desviou o olhar nem por um minuto. Ele caminhou até uma árvore ao meu lado e sentou-se em suas raízes. Isso me obrigou a me virar para ele.
- Eu sou o último dos meus irmãos... o último dos cavaleiros.
- Cavaleiros? Do que você... - Parei antes de terminar a pergunta, tudo estava voltando a minah mente aos poucos... os cavaleiros, minha útima luta... Mas se ele era o último dos cavaleiros, ele só poderia ser... - Você é a Morte!
- Muito bem... vejo que a última semana debaixo da terra não afetou tanto suas conexões neurológicas...
- Uma semana? Mas eu só estive morto por alumas horas....
- Tenho idéia de onde você esteve garoto... Eu pessoalmente teria vindo buscar a sua alma, mas alguém muito mais poderoso do que eu já havia feito isso, você havia simplesmente sumido do mundo dos mortos, e eu só conheço uma pessoa capaz de fazer isso.... - Ele falava calmamente, como se cada palavra saísse com dificuldade de sua boca e o nome que ele estava prestes a pronunciar provocou nele uma cara de dor terrível.
- Deus. - Eu completei.
- Exatamente. - Ele pareceu aliviado por não precisar falar o nome. - Isso prova que Ele de fato está vivo, está apenas cum prindo sua própria palavra. O que é um fato terrível para mim... logo agora que estava começando a me divertir.
- Divertir?
Ele revirou os olhos.
- Você não entenderia... Bom vim aqui para tratar de negócios com você. Lúcifer não é o elhor patrão de todos e eu sei que ele pretende destruir todo este mísero planeta e com esse planeta tudo o que estiverpor aqui.... Isso inclui seres humanos, demônios, anjos e cavaleiros como eu.
- Espera um pouco... Lúcifer vai destruir seus próprios demônios? - Aquilo não fazia sentido para mim.
- Lúcifer é um anjo caído, Daniel. E como qualquer anjo ele odeia demônios, ele pretende destruí-los quando não precisar mais deles... Pense um pouco, ele é o senhor das trevas, por que você acha que ele gostaria de alguém habitando o reino dele? Ele é egoísta o suficiente para aniquilar a tudo e todos e governar sozinho seu reino.
- E você está com medo de ser destruído? Pensei que não se podia matar a Morte. - Não pude deixar de rir, mas a Morte não gostou, permaneceu sem desviar os olhos, lançando o olhar mais frio e sombrio que já havia visto.
- Vejo que está se divertindo com tudo isso... Não deveria, pois se Lúcifer fizer o que pretende, quem você acha que ele vai ter o prazer de manter vivo e torutrar pela eternidade? O escolhido de Deus... Você! Não deve se esquecer de que você ainda é metade um anjo, um anjo que há milhares de anos lançouu ele no inferno.
Eu deixei de sorrir e engoli em seco o que ele me disse, era verdade, eu não poderia permitir que Lúcifer ganhasse.
- O que você quer de mim? - Eu perguntei
- Eu quero que você faça o que já pretendia fazer. Quero que você destrua Lúcifer, que o impeça de ganhar essa guerra... Estou cansado de ser um cãozinho para ele, estou tentando evitar a todo custo morrer ou ser banido deste universo pelas mãos dele. Quero fiar livre... para quando tudo isso acabar eu me divertir com os humanos que sobrarem e isso inclui você. - Dessa vez ele sorriu, parecia se deliciar com a idéia de buscar a minha alma.
- Você vai ser destruído, já devria saber disso... Porque ainda que você esteja caminhando pela Tera quando tudo isso acabar, eu não vou permitir que toque niguém.
- Resolveremos isso quando o apocalipse acabar garoto. Eu e você.... Mas por agora eu vim aqui te ajudar, afinal o inimigo do meu inimigo é meu amigo, pelo menos temporariamente.
Ele levantou a mão e tirou seu anel dela, colocou na palma da mão e estendou para mim.
- O que é isso? - Eu perguntei
- O último anel, o que falta para você ser capaz de abrir o portal e jogar Lúcifer de volta na cadeia eterna dele, o lago de fogo.
- E você está me dando? Por que?
- Chega de perguntas, já te disse, quero que você destrua Lúcifer.... A propósito tem mais uma coisa.
Eu estendi a mão e peguei o anel, colocando ele no bolso do meu jeans rasgado.
- O que é?
- Sua graça... Ela está com Gabriel, o arcanjo.
- Minha graça?
- É... o seu poder, sua forma angelical, um pedaço da glória do próprio Deus.... Se quiser derrotar Lúcifer vai precisar dela.
- E como espera que eu consiga isso?
- Isso é problema seu e de seus amigos. - Ele fechou os olhos - Sinto que eles já estão perto daqui. Devem ter pressentido que você voltou. Bom, não vou mais me demorar, ganhe essa batalha Daniel, ganhe isso por todos nós, afinal você sabe, não pode enganar a Morte.
Ele deu um sorriso e desapareceu na noite que se aproximava, um vento frio percorreu o local, eu estava chegando próximo do meu destino final, estava próximo da minha morte. Me levantei e sacudi o pouco da terra que ainda restava em mim, estava na hora de ir atrás de um certo arcanjo...






Continua............................................

terça-feira, 27 de julho de 2010

Cap. 21 - Leave out All the Rest

- Agora, volte e sente-se. - Deus me disse.
- Você só pode estar de brincadeira não é? Você é Deus? - eu me mantive de pé.
O velho sorriu e estendeu sua mão, ficando de pé junto comigo, a única diferença é que ele estava de pé sobre as águas. Eu devo ter feito uma car engraçada, porque ee sorriu ainda mais.
- Sim Daniel, Eu sou Deus, por que você duvida?
Naquele momento, após breves instantes de turpor eu voltei a mim... Se ele era mesmo Deus o que ele estava fazendo ali, pescando? O que ele fazia ali enquanto o resto da humanidade lutava contra céus e inferno ao mesmo tempo?
- Você não pode ser Deus! Deus está morto! Se Ele estivesse vivo... Ele estaria na Terra colocando ordem nas coisas, Ele estaria salvando as pessoas, estaria impedindo o apocalipse ao invés de pescar e deixar que simples humanos como EU tentem salvar a humanidade contra os dois exércitos mais poderosos da Terra! - Comecei a sentir o sangue no meu rosto e meus olhos começaram a ficar quentes, como se houvesse lágrimas neles.
Deus parou de sorrir por um momento e subiu no deck, sem desviar o olhar do meu, ele parecia poder ler meus pensamentos... talvez ele pudesse, afinal Ele era Deus. Ele começou a caminhar na minha direção e parou a poucos metros de mim, olhava para mim como se toda a dor do mundo estivesse passando por seus olhos agora.
- Desde de o início dos tempos eu tenho perdoado a humanidade, eu tneho salvado o seu povo das mais terríveis consequências e perdoado eles dos mais teríveis pecados... e ainda agora eu tenho estado com todos aqueles que me procuram, que me buscam de todo o coração.
- Você abandonou a todos! Voê saiu dos céus, deixou o seu trono e fica pescando enquanto a Terra está sendo destruída! - Eu já não tentei mais me controlar e liberei toda a minha raiva Nele.
- FÉ! Você deveria ter mais fé! Você nunca me viu antes, você estava me abandonando e não tinha nem certeza da existência dos anjos até conhecer a Ana. Você continuava não me vendo, e ainda assim acreditou na palavra de Gabriel? Continuava não me vendo como ninguém nunca me viu e ainda assim achou que Eu o tivesse abandonado? O fato de você não poder me ver não significa que eu não estou ali. Quando tudo o que você pode enxergar é tristeza e dor, você jamais vai olhar adiante.... Mas eu sempre estive com você Daniel, eu nunca te deixei, jamais te abandonei.
- Você não estava lá quando eu mais precisei! Você não estava lá quando meus pais morreram! Você.... - Minhas lágrimas já saíam do meu rosto sem que eu pudesse controlá-las
- Você preferia que eu os deixasse a mercê de uma guerra insana entre anjos e demônios? Eu os trouxe para mim, eles estão bem melhor agora, não espero que você entenda isso, mas essa é a verdade.
- Você me deixou sozinho, me deu um poder que eu não queria e me abandonou!
Ele se aproximou de mim e sorriu, porque? Por que ele sorriu? Ele deu mais um passo e fez algo que eu não esperava, que eu jamais esperaria... Ele me abraçou, me abraçou como um pai abraça seu filho.
- Eu nunca, nunca te abandonei Daniel, eu sempre estive com você e sempre estarei. Com grandes poderes vem grandes responsabilidades, esse dom que você tem pode salvar vidas... e por mais belo que seja tudo isso aqui ao seu redor, ainda assim você quer voltar e ajudar as pessoas... Eu não poderia ter escolhido ninguém melhor para dar esse dom. Tenho orgulho de você filho.
Eu esperava por raios, trovões, que Ele me lançasse naquele lago.... mas eu jamais esperaria aquilo, não aquilo. Pela primeira vez em muito tempo eu me senti um filho de verdade, pela primeira desde de que tudo isso começou. Meu rosto estava quente novamente, mas minhas lágrimas agora não eram mais de raiva, era algo semelhante ao amor, à paz.
Ele se afastou de mim de olhou nos meus olhos.
- Olhe para trás. - Deus me disse, sua voz doce enchendo o vaio do meu coração e seu perfume inundando o ar.
Quando me virei vi a única coisa que nunca esperaria ver de novo... meus pais. Meus pais sentados na grama, debaixo de uma árvore alta, rindo, brincando... felizes e em paz. Me lancei em direção a eles, mas algo me segurava no lugar.
- Você não pode ir até eles Daniel, ainda não.
- Por que não? Eu estou aqui e eles também, por favor... por favor! - Eu implorava
- Ainda não acabou Daniel, ainda não filho. Você precisa terminar a sua missão, precisa terminar o que começou. - Deus me dizia calmamente.
Eu abaixei minha cabeça e quando a levantei novamente meus pais não estavam mais ali, não havia mais um campo, tudo havia desparecido.... Não havia mais lago, não havia mais luz, tudo estava escuro, escuro e sufocante.
Tive de fazer forçapara puxar o ar, senti meus braços imóveis, eu estava preso. Comecei a me debater no lugar onde estava quando ouvi algo rachar... algo como madeira e então algo úmido entrou pela rachadura que estava sobre o meu peito... era terra, terra molhada.
Continuei a me debater e a rachadura aumento, até um dos meus braços ficarem livres para poder começar a cavar... Não sei bem para onde estava cavando, mas mesmo assim eu cavei, cavei durante muito tempo e quando já não tinha mais forças para continuar, vi feixes de luz sobre a minha cabeça... a luz do sol.
Eu estava vivo novamente....







Continua......................................

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Cap. 20 - Dear God

Eu não tinha a menor idéia de onde eu estava, tudo o que eu sabia era que estava claro, era calmo, uma brisa suave soprava no meu rosto... tudo o que eu sabia é que eu estava morto.
Não havia dor, não havia gritos, não havia sangue, não havia nem mesmo medo... estava tudo calmo, essa era a definiição de muitas pessoas para paz... e talvez fosse isso o que eu estava sentindo naquele momento... paz. Me levantei do lugar onde estava e me dei conta de que não era a mesa fria de um necrotério, mas era grama, grama úmida como se tivesse acabado de ser regada e o cheiro era maravilhoso.
Me sentei e reparei que minhas roupas não estavam rasgadas, eu usava uma calça jeans comum, uma camiseta branca e meus pés estavam descalços. Olhei ao redor e todo o cenário simplismente não se encaixava nos últimos acontecimentos.... parecia um jardim, com muitas árvores, nenhuma alta demais, a grama cobria a maior parte do jardim e eu podia ver umas flores espalhadas pelo lugar... um pouco mais abaixo do lugar onde eu estava havia um lago, um pequeno deck.... e um senhor pescando.
Eu só precisava saber de uma coisa: Como poderia voltar ao mundo humano e terminar o que eu havia começado... de alguma forma aquele senhor poderia ser a única pessoa que sabia disso... até porque ele era a única pessoa no lugar.
Eu estava a apenas alguns passos de alcançar o velho e começar a falar, mas ele se antecipou.
- Vejo que você acordou Daniel... - ele pareceu sorrir - sente-se e me ajude a pescar alguns peixes.
- Me desculpe senhor... mas eu não tenho a mínima idéia de onde eu possa estar, mas eu sei onde eu deveria estar... meus amigos precisam de mim, eu preciso sair daqui e....
- Sente-se Daniel. - Ele repetiu sem perder a calma.
Ele aontou para o lugar ao lado dele, como não tinha escollha resolvi me sentar.
- O senhor poderia me ajudar a sair daqui? - Eu perguntei calmamente.
Ele sorriu e pela primeira vez reparei nele, ele usava uma camisa havaiana, bermudas de tac tel, pequenos óculos escuros e um chapéu de pescador, seus pés estavam na água e ele parecia realmente gostar do que estava fazendo, apesar de eu não ter visto um peixe fisgar a isca dele desde que eu havia chegado.
- Você gostaria de me ajudar a pescar?
- Desculpe.... eu realmente preciso sair daqui. - Eu repetia
- Não há como sair daqui filho... e ainda que houvesse um jeito, se eu fosse você desejaria não sair... o mundo dos humanos é perigoso, cruel...
- Eu sei de tudo isso, mas eu realmente preciso sair daqui, meus amigos precisam de mim, a humanidade precisa de mim.
- E você seria capaz de largar toda a paz que está sentindo aqui para voltar à Terra e salvar seus amigos?
- Eu não tenho escolha.
- Sempre há uma escolha Daniel.
- Nem sempre, as vezes só existe a coisa certa a se fazer. E essa coisa é salvar os meus amigos.
- Sempre há uma escolha, você escolheu fazer o que chama de "a coisa certa". Como pode ter tanta certeza de que seus amigos precisam ser salvos? Talvez eles não queiram ser salvos.
- Não me importa, eu só sei que eu preciso voltar para estar ao lado deles, eles não devem carregar o peso de algo que está sobre as minahs costas, esse é o meu dever. Vai me ajudar a sair daqui ou não?
Ele permaneceu em silêncio durante um tempo, tempo esse que pareceram ser séculos.
- Você realmente seria capaz de trocar tudo isso, para salavr seus amigos? Seria idiota a esse ponto?
- Isso é o que eu devo fazer... só porque estou cansado de lutar, isso não me dá o direito de desistir, de abandoná-los... não é assim que funciona.
Ele sorriu, parecia estar me testando.
- Olhe a sua volta, não há regras, não há leis... ainda assim você insiste em fazer a coisa certa... por que?
- Não sei... realmente não sei. Não tenho a menor vontade de ser heróis, pra falar a verdade tenho medo de morrer, mas sei que isso é inevitável dadas as circunstancias, isso sem contar o fato de que eu já estou morto... Mas eu preciso voltar, nem que seja para morrer de novo, mas isso é o que eu devo fazer.
Eu me levantei, ele não parecia que ia me ajudar, e eu não tinha tempo a perder, na verdade estava correndo contra o tempo.
- Por que você se levantou?
- Porque eu preciso sair daqui e você não está ajudando. - Aquilo já estava me irritando
-Por que você reluta tanto em aceitar o seu destino?
- Por que me disseram que eu não iria conseguir.... Eu preciso ajudar os meus amigos e dane-se se eu tiver que morrer de novo, foi pra isso que eu nasci e o fato de eu estar com medo não vai me impedir de lutar.
O velho sorriu, e uma brisa quente soprou sobre o meu rosto, de alguma forma ele parecia estar intimamente ligado ao lugar, como se ele próprio fosse o lugar.
- Como você pode rir de tudo isso? Se sabe quem eu sou e o que eu quero, sabe o porquê, sabe que o undo está acabando... como pode estar tão tranquilo? Quem você pensa que é para achar que está imune a tudo isso? - Eu perdi a paciência admito, mas ele parecia ignorar tudo o que eu falava. - Quem você pensa que é?
Pela primeira vez ele moveu seu corpo, girou ele na minha direção e apoiou a vara de pescar sobre o deck, tudo isso sem deixar de sorrir, sem se abalar....
- Eu sou Deus.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cap.19 - Waking the Demon

Luciano avançou em direção ao cavaleiro da Peste, os anjos ainda se recuperavam de seu domínio e estavam atordoados. Num dos cantos da lanchonete, jazia no chão o corpo quase inerte de Daniel.
Isadora foi correndo ao seu encontro, mas ele já não se movia mais, Gustavo se levantou e avançou em direção ao corpo da Fome, apesar de imóvel no chão ela ainda estava... viva. Ele a levantou e a lançou em direção à parede fazendo ela se chocar contra um espelho no fundo do balcão.
Laura retirou sua espada do chão e partiu em direção à Peste junto com Mariana, cujos olhos brilhavam, um misto de ódio e satisfação.
Vitor levantou-se e lançou um raio na direção da Fome... o caos estava retomado, era a hora da virada contra os poderosos cavaleiros do apocalipse.
Isadora tentava reanimar Daniel de todas as formas, mas já não adiantava, nem mesmo uma parte de sua graça era capaz de trazer ele de volta à vida. Ela olhou para ele, seus olhos perdidos, longe dali, bem longe.... Então ao girar o corpo de Daniel ela pode ver uma ferida diferente das outras, era uma pequena lâmina, mas como uma lâmina poderia ter surgido no meio do vidro?
Ela percebeu então que aquela não era uma lâmina comum, era a lâmina do cavaleiro da Peste, por isso Daniel não se movia, não eram os ferimentos que o estavam matando, era o veneno da própria Peste. Ela levantou-se e caminhou lentamente na direção de Mariana, Laura, Luciano e Peste.
Os olhos dela brilhavam, como se houvessem duas bolas de fogo em seu lugar, sua glória inundou o lugar e suas asas preenchiam todo o caminho atrás dela.
- Ele envenenou o Daniel. - Ela disse ao chegar perto de Luciano.
Luciano olhou para a Peste, seus olhos exalavam uma raiav profunda, um ódio incontrolável, sua voz estava muito mais forte que das últimas vezes.
- Laura, Mariana... segurem ele, vamos ter uma pequena conversa.
Laura cravou sua espada em um dos braços do cavaleiro e Mariana cravou a sua no braço oposto, arrancado gemidos profundos de dor dele. Os olhos de ambas já eram inundados por suas glórias, suas asas já cobriam o corpo do cavaleiro, impedindo qualquer visão externa dele e impedindo que ele fugisse.
Luciano se aproximou calmamente dele, como se nada mais ocorresse em sua volta, olhou fundo nos olhos da Peste e fez com que sua voz ecoasse por toda a lanchonete, fazendo sua voz abalar as estruturas da já decadente lanchonete.
- Retire o veneno do corpo dele agora Peste.
O Cavaleiro sorriu, gargalhou... algo tão maléfico quanto sua própria existência.
- Você vai me matar de qualquer jeito não é seu arcanjo maldito? Por que eu deveria salvá-lo? Se eu fizer isso, você sabe muito bem o que Lúcifer fará comigo quando você meenviar de volta ao inferno... Que esse garoto morra!
Luciano saiu da frente do corpo da Peste, sua raiva e paciência ainda inabaladas...
- Você sabe muito bem que quando tudo isso acabar eu vou buscar você no inferno e arrancar a sua cabeça não sabe Peste? - Luciano disse calmamente, seu corpo cedendo à sua forma angelical e iluminando a noite que já caía do lado de fora da lanchonete.
- Vou esperar você ansiosamente, traga seus amigos para fazermos uma festa. - Peste olhou para Laura e Mariana.
Laura quase que imediatamente enterrou sua mão no corpo da Peste, arrancando uma de suas costelas fazendo o cavaleiro urrar de dor.
- Ele é todo seu Isa. - Mariana disse.
Quando a Peste abaixou seus olhos, ele pôde ver que Isadora estava na sua frente, seu arco novamente em sua mão, mas a flecha era diferente, a ponta da flecha tinha uma porção da glória de um anjo, um veneno para demônios e criaturas infernais.
Antes que a Peste pudesse esboçar qualquer reação a flecha atravessou seu corpo fazendo ele se incendiar, enquanto ele queimava, Mariana retirou o anel de seu dedo indicador e colcou em uma pequena bolsa.
Gustavo vinha em sua direção com o anel da Fome também já em mãos, Luciano estava na porta, olhando pensativo para a noite que caía do lado de fora, talvez elesó procurasse uma resposta para o fato de ele ter aparecido ali, ou para o fato de Daniel estar morrendo, talvez... só talvez ele tentasse fugir daquilo tudo.
Isadora voltou para perto do corpo de Daniel, ele moveu-se um pouco, tentava falar alguma coisa, mas já estava sufocando em seu próprio sangue. Os outros anjos juntaram-se ao se redor e até mesmo Luciano não conseguiu evitar de juntar-se a eles.
- Fique calado Daniel, não tente falar... - Isadora tentava convencê-lo
- Obri... Obrig.... - Ele tentava falar mas desistiu.
Daniel olhou para cada um de seus amigos, pensou em toda sua vida até ali, de tudo o que tinha feito... ele sorriu, simplismente sorriu e todos entenderam o seu recado. Todos fecharam seus olhos, eles estavam falando com Deus, dirigindo uma singela oração ao Pai perdido, esperando que de algum jeito ele pudesse ouví-los, que de algum jeito ele pudesse entendê-los. Daniel jogou a cabeça para trás, a última coisa que viu fora lágrimas caindo sobre seu rosto... Isa estava chorando, ele só havia visto um anjo chorar apenas uma vez... ele esforçou-se para tocar o rosto dela, dizer a ela para não chorar.... mas antes que pudesse alcançar seu rosto seus olhos se fecharam e ele parou de sorrir.
Daniel estava morto, seu corpo ferido e sem vida agora estava nos braços de Isadora. Os outros anjos se afastaram, a decepção tomando conta deles, a dor, de alguma forma aquele garoto havia mudado suas vidas, havia feito eles acreditarem que não precisavam escolher um lado, mas fazer seu próprio.
Luciano caminhou em direção à porta, ele pisava os cacos de vidro sem medo de se ferir, ao chegar na porta ele girou o corpo nos calcanhares e olhou em direção aos anjos abatidos no lugar, a esperança havia ido embora de seus rostos... a vida havia ido embora.
- Não podemos parar agora... seria um grande desperdício de trabalho... Daniel morreu por cada um de vocês, morreu por tentar fazer a coisa certa, só falta mais um anel, só falta a Morte. E algo me diz que se pudermos encontrá-la, conseguiremos trazer ele de volta. Precisamos ir, agora estamos correndo contra o tempo.






Continua..................................................






PS: Quero dedicar este capítulo à garota mais incrível que já conheci, à minha namorada, a garota que amo e que me faz acreditar que meus sonhos não precsam se limitar apenas a ser sonhos. Sei que ela era contra à morte do personagem, mas ainda assim era algo necessário.
Amo você Isa. NEOQAV