terça-feira, 25 de maio de 2010

Cap.9 - Hands of Blood

Tive pesadelos horríveis naquela noite... eu havia matado Renan. Não importa o quão ruim ele era, e realmente ele era cruel, ele comprava a alma dos humanos. Pra mim não importava, ele poderia ser um demônio, mas ainda estava dentro de um humano. Um humano que foi injustiçado e morto. No final... os olhos que me vislumbravam, eram os olhos do verdadeiro Renan... o humano.
E como se não pudesse ficar pior, a única pessoa que poderia nosdar alguma informação útil sobre como poderíamos levar adiante nosso plano... essa pessoa havia morrido. O clima no apartamento estava caótico, Vitor olhava para o nada através da janela, Laura estava sentada no pequeno sofá perdida em seus pensamentos, eu estava me autoconsumindo na cama pelo que eu havia feito. No centro da sala, o corpo morto de Renan, com todos os símbolos à sua volta e as marcas de enxofre no teto. Alguém bate na porta.
- Não queremos serviço de quarto. - Vitor gritou entre dentes.
- Não estou aqui para o serviço de quarto. - a voz familiar dizia calmamente do outro lado da porta.
Vitor abriu e lá estava o mesmo anjo que encontramos na Lapa, Mariana. Ela estava com seus óculos escuros que escondiam muito bem toda a luz que possuía em seus olhos, dessa vez estava com umablusa de mangas branca e as mesmas calças jeans rasgadas. Ela entrou e olhou o apartamento calmamente, parecia tentar entender o que havia acontecido na noite anterior.
- Fizeram uam festa e não me chamaram... ela disse correndo os olhos pelo corpo de Renan. Humm... um punhal bem no meio do peito, quem fez isso realmente estava com muita raiva... Não é a sua cara Vitor, muito menos a sua Laura o que nos deixa com...
Eu levantei os olhos na direção dela calmamente, sim eu havia feito isso com muita raiva, fiquei cego quando ele mencionou meus pais, eu perdi o controle.
- Fui eu. - eu ainda olhava para as minhas mãos, e olhava para o meu canivete que havia sido colocado cuidadosamente em cima da mesa.
- Isso é muito... interessante. - Mariana disse, e mesmo por baixo dos óculos pude notar um brilhoem seus olhos, hco que era o esboço de um sorriso.
- Como isso pode ser interessante Mariana? A única coisa que podia nos ajudar a realizar nosso plano está morta! - Laura olhava fixamente para Mariana, era um daqueles olhares que ela fazia quando parecia ler a minha mente.
Mariana sorriu e sentou no sofá, de frente para o corpono meio da sala.
- Calma meus irmãozinhos, eu vim aqui para me juntar ao time. - Ela disse ainda sorrindo
- Se juntar ao time? Você estava disposta a nos matar ontem à noite... Você não está com Miguel? - Laura perguntou curiosa, até mesmo Vitor se virou para olhar fixamente para Mariana.
- Eu tenho meus próprios objetivos... e eu só queria conversar com o Renan... mas consegui as informações em outro lugar. - Ela disse olhando para mim
- Que lugar? - Eu perguntei
- Não interessa. - Ela respondeu.
- Como saberemos que não está mentindo? - Vitor perguntou sério
- Vocês nunca saberão... mas cá entre nós não vejo que mais opções vocês tem. - Ela apontou para Renan.
Vitor olhou para Laura e ambos olharam para mim. Tudo o que eu pude fazer foi acenar com a cabeça afirmativamente. Vitor fechou a porta do apartamento, e sentou-se no sofá junto com Mariana, sem desviar o olhar dela.
- Tudo bem Mariana... mas o que você sabe que pode nos ajudar? - Vitor perguntou
- Eu sei como poderemos entrar no inferno. - E sorriu para mim.
- Como? - Laura perguntou entusiasmada.
- Os quatro cavaleiros do apocalipse... todos eles possuem um anel que concentra seus poderes, se juntarmos todos os anéis, poderemos abrir um portalpara o inferno.
- Os anéis dos cavaleiros? E você espera que eles nos dêem simplismente? - Eu perguntei, ainda descrente.
- Não disse que seria fácil garoto, disse que sabia de um jeito... e têm mais uma coisa, se realmente toparem ir atrás dos cavaleiros, você em especial garoto deve saber que encontraremos muitos demônios pela frente e teremos que matar muitos deles também. Se ficar se lamentando nunca poderá salvar seus pais, sua raça nem você mesmo.
Eu olhei para todos, novamente tudo dependia de mim... eu não poderia falhar novamente, todos estavam confiando em mim apostando em mim, não podia decepcioná-los, era meu dever. Vitor me olhava esperançoso, Laura duvidava se eu realmente iria topar e Mariana... Mariana parecia estar me testando. Me levantei da cama e caminhei na direção deles, peguei meu canivete em cima da mesa e caminhei para porta. Quando a abri, a luz entrou no quarto novamente, eu olhei de relance para trás enquanto todos ainda me olhavam tentando entender o que eu estava para fazer.
- Se é assim... o que estamos esperando? Vamos caçar.





Continua....................

domingo, 23 de maio de 2010

Cap.8 - You Shook Me All Night Long

Chegamos no apartamento em um tempo relativamente pequeno, já que Vitor me fez dirigir a não menos 120Km/h nas ruas da Tijuca. Enquanto eu ainda estacionava o carro na garagem do hotel, Vitor, Laura e Renan desapareceram do carro, eles provavelmente iam começar o interrogatório sme que eu estivesse por perto.
Quando abri a porta do quarto, a cena me surpreendeu, no centro estava Renan sentado em uma cadeira, completamente amarrado, com a camisa rasgada e um símbolo feito por uma faca no sue peito. Debaixo da cadeira outro símbolo, semelhante ao primeiro. Laura estava sentada de frente para o Renan, olhando ele firmemente enquantoVitor estava de costas na janela. Quanod me viu entrar Renan sorriu.
- Veio se juntar à festa Daniel? - ele gargalhava sarcasticamente.
- Como sabe meu nome? - eu perguntei espantado
- Todos... anjos e demônios conhecem você garoto e aguardam ansiosamente pela sua escolha.
Vitor arregalou os olhos e virou-se para mim, Laura também olhou com um certo receio, eles não haviam me contado nada sobre escolhas.
- Escolha? Que escolha?
- Vejo que seus amiguinhos não falaram sobre isso com você... - ele gargalhava na cadeira.
- Fique calado Renan, ainda não é a hora de ele saber sobre isso. - Laura disse calmamente, sem desviar os olhos da minha direção.
- Que escolha?! - aquilo já estava me irritando
- Você acha que o apocalipse é unilateral garoto? Você realmente achou que nós queríamos matar você a troco de nada? Achou que esses anjos estavam aqui porque gostam de você? - ele riu novamente - Você é o escolhido para decidir o destino de sua raça garoto, desses vermes um pouco mais evoluídos que os macacos que o Pai de vocês chama seres humanos. Vai chegar o momento em que você será forçado a escolher um lado, anjos ou demônios e asim você vai liderar o exército do lado ao qual você vai pertencer e decidir o rumo da humanidade... blá blá blá.
Foi a minha vez de rir, aquilo só poderia ser brincadeira, eu ainda deveria escolher um lado? Eu tinha grandes opções então já que que tanto anjos quanto demônios me queriam mortos.
- Você acha realmente que eu tenho escolha Renan? Os céus me querem mortos e Lúcifer mandou Gabriel me matar, não creio que eu tenha escolha alguma! Eu escolho o meu lado. - eu disse entre os dentes, pude sentir a lâmina no meu bolso aquecer.
- Não foi Lúcifer quem mandou Gabriel, Gabriel veio aqui por conta própria, e além do mais Lúcifer está disposto a ser bem condescendente com você garoto... Ele está disposto a devolver os seus pais pra você... se você apenas disser sim para ele.
A proposta ecoou fundo na minha mente, era exatamente o que queria, trazer meus pais de volta, esquecer de anjos e demônios e viver tranquilamente. Mas eu não poderia aceitar aquilo, afinal era Lúcifer, era o senhor das trevas,eu não poderia em render a ele e condenar todos os humanos, eu também não poderia dizer sim para Miguel, porque os humanos morreriam de qualquer maneira. Não havia escolha certa, porque não havia escolha errada.
- Você já falou demais Renn, agora me diga algo que eu quero saber... - Vitor disse me trazendo de volta à realidade - você realmente acha que Lúcifer vai ganhar a batalha do fim do mundo e manter vocês demônios vivos? Vocês são meros peões, e lembre-se Lúcifer já foi um anjo, ele odeia vocês tanto quanto nós.
Eu me virei para ir em direção à outra parte do quarto e deitar na minha cama, aquilo havia sido demais para mim... Lúcifer disposto a me dar exatamente o que eu queria. Fui caminhando aidna absortoem meus pensamentos.
- Ei garoto... - Renan ignorou Vitor e olhou novamente para mim - acho melhor você se decidir rápido, sabe como é todos lá embaixo sabem quem são seus pais. A Morte está antendo as almas deles como uma moeda de troca ra você e Lúcifer prometeu torturá-los a cada dia que você adiar sua escolha. - ele riu novamente.
Eu senti o canivete no meu bolso ficar quente com um metal no fogo. Aquelas palavras despertaram em mim algo que eu não sentia há muito tempo... ódio. Minha visão se escureceu, eu tirei o canivete do bolso e ele se transformou num punhal no mesmo instante.
Depois tudo aconteceu tão rapido que eu não posso me lembrar direito a ordem. Eu girei nos calcanhares na direção de Renan, olhei pra ele e ele subitamente parou de sorrir, corri até ele enquanto Vitor e Laura me olhavam incrédulos. Cheguei próximo a Renan e cravei o punhal em seu peito bem no meio da marca que Laura havia feito com uma faca. Renan olhou para mim e sorriu: "Eu espero por você no inferno garoto", foi tudo que ele disse e morreu.
Uma nuvem negra se formou no lugar, o cheiro forte de enxofre me fez cobrir os olhos e o nariz, ao me dar conta do que havia feito eu joguei o punhal longe e caí no chão... eu ... eu havia matado.
Laura correu para me segurar, enquanto eu ainda estava em choque. Vitor pegou o punhal do chão e olhou para o corpo morto de Renan.
- Está consumado. - foi tudo o que ele disse, enquanto eu adormecia, descrente no que havia acabo de fazer.





Continua.....................

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Cap.7 - Until the end

Vitor tirou as chaves da mão da Laura e desapareceu, quando olhei para o meu lado, Laura também já havia sumido. Anjos tinham problemas com maçanetas.
Permanecemos em silêncio até chegarmos na Lapa, acho que eles sentiam a mesma coisa que eu, um aperto no coração, uma ansiedade, o que seria uma loucura, que mortal poderia ansiar tanto por uma luta contra o senhor das trevas? A noite estava escura e fria, podia sentir o canivete ainda mais frio no bolso da calça, algo estava para acontecer. Encostei a cabeça no vidro, tudo estava tão frio... um frio de morte, o mesmo frio que senti naquela mesa do necrotério, o silêncio no carro era mortal. Estávamos todos ansiosos, pela primeira vez em dias tínhamos a esperança de como colocar nosso plano em prática, eu podia sentir a excitação percorrendo os olhos dos dois anjos no banco da frente. Mas diferentemente deles, não era exatamente excitação o que eu sentia, era algo mais próximo do medo, entretanto cuidei para que nenhum dos dois percebesse. Vitor olhou pra mim através do retrovisor, ele parecia saber exatamente o que eu estava pensando.
- Não deixaremos que nada aconteça com você Daniel, fique tranquilo e concentre-se o que temos para fazer hoje à noite é muito importante.
Laura ainda olhava fixamente para frente, provavelmente alheia à tudo que falávamos, ela apontou para uma direção escura.
- Ele está ali. - Ela disse
Depois de um tempo pude perceber a quem ela se referia, Renan era baixinho, possuía um sorriso demoníaco, gengivas pretas, era gordo, seu corte de cabelo era estilo moicano. Ele andava tranquilamente entre as pessoas, até que em um certo momento ele parou perto de uma garota, eles conversaram durante um tempo e ela se preparou para beijá-lo, entretanto sua cara não era de prazer, mas de nojo. Laura arregalou os olhos e falou desesperada para Vitor:
- Temos que impedir que ele sele o contrato Vitor! - Ela desapareceu do carro e quando olhei novamente para onde Renan estava, Laura estava segurando ele pelo pescoço contra parede, pontos de luz surgiam em seus olhos e a garota estava fugindo.
Vitor parou o carro calmamente perto de Laura, ele desceu e caminhou até Renan tirnado do bolso um canivete suíço como o meu, mas imediatamente o canivete se transformou num punhal de oitenta centímetros. Ele apontou o punhal para o rosto de Renan, enquanto Laura aidna segurava firmemente seu pescoço.
- Precisamos conversar Renan. - Vitor disse friamente.
- Vitor? O aracanjo comandante da décima terceira legião dos exércitos celestiais... e você - ele falou olhando para Laura - deve ser Laura quarto querubim, servo direto do trono de Deus... ou do que um dia foi seu trono. - ele riu - Lúcifer e Gabriel estão pagando um bom preço por suas cabeças.
- Diga a eles que eles sabem onde nos encontrar. - Laura falou secamente enquanto apertava sua mão em torno do pescoço gordo de Renan.
- Nós precisamos de informações Renan, e precisamos delas agora! - Os olhos de Vitor começavam a exibir um brilho intenso, o brilho da glória de Deus, um pedaço do próprio criador que ele concedia a cada um de seus anjos, a prova real de sua força.
- Você não está em posições de fazer exigências Vitor, que eu me lembre você, essa querubim e aquele garoto ali - ele olhou para mim, seus olhos exibiam uma escuridão intensa, como se o próprio inferno estivesse dentro dele. - estão sendo caçados por anjos e demônios.
- Podem soltar esse idiota... ele não sabe de nada. - uma voz desconhecida, forte como um trovão e doce com uma brisa de um dia quente, veio de algum lugar atrás de onde estávamos.
Vitor virou na direção da voz e a reconheceu.
- Mariana.
Ao ouvir o nome Laura afrouxou o aperto em torno do pescoço de Renan e ele correu de volta para a escuridão, então rápido como o som de um trovão, uma garota aparece no caminho entre Renan e um beco. Ela era da minha altura, parecia não ter mais do que 19 anos,cabelos castanhos quase a altura dos ombros, e estava vestida como em uma cena de matrix. Vestia um sobretudo preto, uma calça jeans rasgada e óculos escuros. Renan arregalou os olhos ao ver que a garota havia aparecido em sua frente e ameaçou voltar, mas então Vitor e Laura apareceram cercando ele.
- Por... Por favor - ele implorava.
Mariana segurou ele pelo ombro, Vitor e Laura estenderam seus canivetes na direção dos dois, uma briga entre anjos e demônios estava prestes a começar.
- Ele é nosso Mariana, temos algumas perguntas que ele precisa responder.- Laura disse levantando o punhal na direção do rosto de Mariana.
- Miguel precisa conversar com ele também, acho que em ordem de importância Miguel vence de vocês. - Mariana respondeu séria.
Então eu ouvi uma voz em minha mente, era voz da Laura, inconfundível, mas isso era impossível, ela estava pelo menos 15 metros na minha frente. A voz simplismente sussurrava:"Ligue o carro e volte para o hotel". Eu entendi o recado, voltei para o carro devagar e assim que consegui ligá-lodirigi como podia de volta para o hotel.
Vitor olhou para Laura e eles instintivamente sabiam o que fazer, ambos colocaram a mão no braço de Renan e deixaram que a glória dentrodeles fluísse com força total para fora. Tudo ficou claro por um momento, Dirgindo o carro a 100 metros de distância eu pude ver o clarão, era como se um sol tivesse surgido na entrada do beco. De repente Laura, Vitor e o demônio estavam dentro do carro.
- Acelera garoto, acelera agora!-Vitor gritou.
Ao olhar pelo retrovisor pude ver, Mariana ainda estava no local, ela tirava seus óculos escuros calmamente, e a cena me surpreendeu, eram dois sóis, um clarão que eu jamais havia visto e a sombra não de de duas, mas de seis asas apareceram por trás de seus olhos, ela era um serafim.





Continua..................................

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cap.6 - Wanted Dead or Alive

- Chega! Não há como você entar no inferno Daniel! Primeiro porque é loucura, segundo porque a menos que você seja um ser celestial ou esteja morto, você não passará pelos portões. - Laura me dizia, ela estava ficando irritada com minha insistência de matar Lúcifer no inferno.
- Tem que haver um meio Laura, vocês poderiam me matar. Eu já ressucitei uma vez. - ainda insistia com todas as minhas forças.
- Matar você? Não sabemos quem trouxe você de volta e não sabemos se trará uma segunda vez, acho melhor mudar seu plano. - comecei a perceber alguns pontos de luzes em seu olhos, talvez fosse a hora de parar de insistir antes que ela me arremessasse pela janela.
Já estávamos há dois dias num hotel na Tijuca, alternávamos entre saídas para que eu pudesse comer e idas a biblioteca, passávamos a maior parte do tempo lá, pesquisando alguma maneira de que eu pudesse entrar no inferno, mesmo sendo um mortal e estando vivo. Não havia uma hora que se passasse sme que discutíssemos sobre isso, todos já estavam fartos, cansados, exaustos, mas não tínhamos escolha, tínhamos muito pouco tempo. Olhando pelo lado bom pude começar a ver que surgia uma amizade, apesar de todo o caos que vivíamos. Mas eu tinha minhas reservas, minha última amizade com anjos não terminou de forma muito agradável.
- Se há um jeito de entrar no inferno, só conheço uma pessoa que saiba. - Vitor disse após permanecer em silêncio pelas últimas duas horas.
- Quem? - eu perguntei entusiasmado
- Renan.
Laura levantou a cabeça da mesa, ela ainda estava irritada, pois o brilho de seus olhos ainda estava intenso. Ea olhou diretamente para o Vitor, comogeralmente fazia quando me ignorava, somente pelo fato de eu ser mortal e ela não.
- Renan não é confiável Vitor, você sabe muito bem disso, ele é um demônio.
- Ele é a nossa única escolha. Se vamos realmente entrar no inferno, só poderemos saber se Daniel virá conosco se houver um meio de um mortal entrar.
- Ele não deveria ir, você sabe muito bem disso, estaríamos dando à Gabriel e à Lúcifer a chance que querem para pegar Daniel. Isso sem contar o fato de que Renan é um demônio de contratos.
- O que é um demônio de contratos? - eu perguntei.
- Um demônio de contratos é um empreendedor, ele compra as almas dos humanos em troca de alguns favores, se quiser conseguir qualquer coisa com ele, terá que dar algo em troca. - Vitor respondeu frio e distante, ele sabia muito bem o risco que estaríamos correndo, mas era nossa única saída.
- Onde vamos encontrá-lo?
Laura revirou os olhos, ela sbaia que já não tinha mais escolhas, estávamos arricando tudo o que tínhamos num plano suicida de invadir o inferno, libertar Luciano e matar Lúcifer.
- Só há um lugar em que podemos encontrá-lo... vamos à Lapa.
- Precisaremos de um carro. - eu lembrei.
- Eu posso providenciar isso. - Laura olhou para nós e de repente desapareceu, ainda estava me acostumando com essa facilidade com a qual apareciam e desapareciam.
Vitor caminhou até a janela, ele ainda estava sério, parecia querer me falar alguma coisa. Ele olhou para o nada além da janela e virou-se para mim.
- Eu não queria fazer isso Daniel, até porque não acho que você conseguiria fazer alguma coisa em uma situação de necessidade... afinal você é apenas um humano. Mas preciso que você esteja pronto se algo acontecer.
Ele estendeu a mão, nela havia um pequeno canivete suíço prateado, mas tinha algo de diferente nele, ele reluzia, brilhava com uma intensidade que eu nunca havia visto.
- O que é...
- Isso é uma espada de arcanjos, todos os anjos guerreiros d céu precisam ter uma, é a única arma capaz de matar anjos e demônios. Você é o destinado a parar o apocalipse, não eu, vai precisar de uma dessas se quiser realmente derrotar Gabriel.
- Se parece com um canivete suíço.
- Mortais...-ele revirou os olhos de frustração - segure isso.
No momento em que peguei o canivete, ele assumiu a forma de um pequeno punhal de 50 centímetros, pude sentir uma corrente elétrica percorrendo o meu corpo, era como se a lâmina tivesse sido feita com a própria graça de Deus, forjada pelas suas mãos.
- Essa lâmina foi feita com pedras da cidade prometida, a Jerusalém celestial. Não a perca e não derrame sangue inocente com ela, essa espada contém um grande poder, é o símbolo da presença de D... - ele não terminou a frase, ele estava decepcionadocom seu Pai, ele estava perdendosua fé.
- Vitor, eu se que é difícil pra você e posso até ter uma noção da sua dor, mas... obrigado por confiar em mim.
- Não me decepcione mortal, ou vou usar essa lâmina contra você.
Equanto ainda nos olhávamos, provavelmente tentando um advinhar o que o outro pensava e seria capaz de fazer, Laura surge no meio do quarto olha para nós dois e sorri. De alguma forma aquele sorriso lembrava o sorriso de um ser humano quando aprontava alguma coisa.
- Espero que gostem do carro. - ela disse.
Caminhei até a janela e quando olhei o que vi me impressionou. Para um querubim sem muito contato com a humanidade, ela tinha bom gosto. O carro que estava esperando por nós era um astra preto, com aerofólios, motor 2.0 e aro 17. Ela realmente entendeu o significado de voar sobre quatro rodas.
Eu abri a porta do apartamento e fui caminhando para fora.
- Vamos, temos um contrato para fazer.





Continua........................

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Cap.5 - The Bird and the Worm

- Quem é essa pessoa? - eu perguntei curioso
- Você saberá quando a encontrarmos. - Vitor disse seco.
Novamente uma lufada de vento veiosobre mim e eu reparei que possuía apenas um lençol cobrindo o meu corpo, não poderia sair de um necrotério vestindo apenas um lençol, caminhar até a porta da frente e torcer para que ninguém me notasse.... não ia acontecer.
- Se você não se importa, acho que deveríamos arrumar algumas roupas para mim.
Ele olhou para mim e percebeu a ironia na minha voz.
- Hum... Você está certo, tinha me esquecido disso. Você gosta de roupas pretas não gosta?
- Gosto... Ma...
Antes que eu pudesse terminar a frase ele desapareceu numa onda de luz, bem diante de mim.
- Mas acho que você só vai achar branco neste hospital. - eu disse para o vazio à minha frente.
- Você disse alguma coisa? - a voz veio de algum lugar atrás de mim.
Quando me virei lá estava ele olhando para uma blusa preta, uma calça jeans e um boot cuidadosamente colocados em cima de uma mesa.
- Espero que não tenha tirado isso de um cadáver. - Eu avisei.
- Não, a pessoa estava viva quando tirei dela.
- Isso não é roubar? Achei que isso fosse pecado.
- Não há mais Deus, garoto. Agora vista-se o tempo está correndo.
Acabei de me vestir com certa pressa, estava fazendo o melhor que pude com limitações de movimentos, já que meu corpo ainda estava se acostumando ao fato de que continuava vivo. Vitor achou que a viagem a pé demoraria muito então ele simplismente fez do jeito dele, tocou minha testa com dois dedos e me mandou fechar os olhos. Quando os abri novamente eu estava... estava em casa. Vitor tinha me trago para o lugar onde um dia fora a minha casa, mas agora só o que restava eram pilhas de entulho queimado. Aquilo doeu, finalmente eu percebi que não tinha mais para onde voltar, para quem voltar. Eu estava sozinho.
Olhei ao redor e procurei o motivo de estarmos ali. Sentada entre as cinzas estava uma garota, de costas para onde eu Vitor estávamos. Apesar de já ser noite eu a reconheci... era a garota do meu sonho, Laura.
- Finalmente vocês chegaram. - ela virou-se para nós
- Tivemos um contra tempo. - Vitor disse.
- Gabriel eu suponho... esse é o nosso pequeno herói? - Ela disse apontandopara mim como se eu fosse um inseto incapaz de entender o que estava se passando.
- Com licença Laura, mas eu não sou o herói. Primeiro porque heróis não existem, segundo que eu não pretendo salvar ninguém.
Ela pareceu surpresa por eu saber o nome dela, mas antes que alguém pudesseperceber realmente sua reação ela retomou o assunto.
- Você já contou a ele a história, Vitor? - ela virou-se para o arcanjo do meu lado.
- Não gosto de contar histórias, e além do mais eu nem queria estar aqui, por mim eu estaria lá em cima com Miguel me preparando para derrotar Lúcifer.
Ela sorriu, subiu um pequeno monte de entulho até chegar ao ponto mais alto, virou-se para nós e se sentou.
- Você sabe que ordens são ordens Vitor.
Ele arfou e revirou os olhos, parecia não concordar muito com aquilo. Laura olhou novamente para mim, depois olhou parao céu, parecia reunir forças.
- Há muito tempo Deus e o diabo fizeram uma aposta pelas almas dos seres humanos. Deus lhes ofereceu vida eterna e amor, o Diabo ofereceu prazer e dor eterna. Advinha quem está ganhando?
Foi a minha vez de sorrir, resolvi olhar para o céu também, uma grande nuvem negra cobria o céu, uma tempestade se aproximava.
- Deus desapareceu, e os sinais diso estão por toda a Terra, enchentes, mortes, terremotos, os Cavaleiros estão soltos. O céu está dividido, de um lado Miguel e seus anjos assumiram o controle do trono de Deus, do outro Gabriel e os anjos que estão com eles querem se unir a Lucífer, destruir toda a sua raça e formar uma família "feliz" novamente, como no início de todas as coisas. Mas quer saber, temos más notícias pra você Daniel.
- Não acredito que possa ser pior do que os meus últimos quatro dias. - eu devolvi
- A má notícia é que tanto um quanto outro querem você morto, você é o único empecilho para a aniquilação da humanidade. Miguel não quer você como ameaça no céu e Lúcifer quer você morto para não atrapalhar seus planos... Há também um terceiro lado, aquele que de alguma forma ainda acredita que Deus está por aí em algum lugar, nesse terceiro lado está eu, Vitor e Luciano, mas Luciano está preso, logo estamos ficando sem opções.
- Luciano está preso? - a notícia me pegou de surpresa - Onde ele está?
- Lúcifer está mantendo ele acorrentado e sendo torturado a cada minuto. - ela dizia friamente - O ponto é que você é o único que pode parar isso, eu não queria isso, não vejo nada de bom nos seres humanos, mas se o nosso Pai viu, se ele escolheu você, então precisamos te dar esse voto de confiança.
Quando ela acabou de dizer, um trovão ecoou no fundo bem ao longe. A chuva começou a cair, mas diferentemente das outras vezes, essa chuva parecia o choro Dele, o choro dele, dos meus pais, da Laura, do Luciano, do Vitor, de toda a humanidade que de um modo inconsciente depositava todas as suas esperanças em mim. Um garoto de 17 anos que nunca foi bom em nada, alguém que até aquele presente momento estaria disposto a deixar todos morrerem, mas essa era a minha chance, a chance de fazer diferente uma vez, de deixar meus pais orgulhosos onde quer que eles estivessem.
Nós... - Vitor inspirou, era difícil para ele dizer aquilo - nós precisamos de você garoto. Não é algo que eu queira, você nãoé quem nós queremos, mas é de quem nós precisamos.
Eu abaixaei a cabeça e deixei escapar um sorriso, pela primeira vez eu era realmente necessário para alguma coisa, não algo exatamente muito bom, mas era minha responsabilidade, eles estavam confiando em mim. Se era pra isso ser feito, que eu pudesse fazer da melhor maneira. Silenciosamente eu me fiz uma promessa, se eu conseguisse impedir o apocalipse, talvez eu conseguisse trazer meus pais de volta também...
- O que pretende fazer garoto?- Vitor me perguntou - Nós estamos com você.
Virei minha cabeça para o alto, deixei que a chuva lavasse meus pensamentos, só havia uma coisa a ser feita. Olhei para Laura no altodas cinzas, para Vitor do meu lado, eles confiavam em mim.
- Nós vamos matar o Diabo.
Os dois olharam para mim e sorriram, algo esperançoso, uma luz no meio das trevas.





Continua............................................

terça-feira, 18 de maio de 2010

Cap.4 - Bring me to Life

- Ei garoto, nós temos que ir agora. - o arcanjo do outro lado da sala falou após mais de duas horas.
Minha face ficou negra, meus olhos vermelhos de ódio, toda a dor, toda a raiva, estava exposta, tudo o que eu vinha guardando para proteger as pessoas que eu amava e agora nem isso eu tinha mais.
- Dane-se o que tem que ser feito! Por causa da maldita briga entre vocês, meus amigos foram mortos, meus pais foram mortos! Eu já não tenho mais nada e eu quero que você e todas as suas legiões de anjos morram!
O arcanjo vinha amntendo a calma até ali, mas a diferença no seu rosto era nítida, ele também vinha guardando coisas há muito tempo. Seus olhos cinzentos se intensificaram, eu pude sentir uma leve brisa pela sala, as portas se fecharam... ele estava perdendo o controle.
- Você realmente acha que é o único que está com problemas garoto!? - sua voz soava como um trovão, o som era ensurdecedor - Por mais de 5000 anos eu servi ao meu Pai, e agora Ele simplismente sumiu! Meus irmãos estão mais divididos do que nunca, o apocalipse está vindo garoto, você acha que realmente é o centro disso tudo? Você é só mais um verme um pouco mais evoluído que os macacos, milhões irão morrer: anjos, humanos e demônios! Olhe a sua volta, as gavetas naquela parede estão cheias de corpos de pessoas, pessoas que perderam seus pais, suas famílias. Você não é especial, quer desistir de tudo? Ótimo! Me diga e eu vou embora.
- Bravo! Bravo! - o som de palmas ecoou do fundo da sala.
Nós nos viramos para ver de quem vinha o ato mais sarcástico do momento.
Gabriel estava do outro lado da sala, ele alternava olhar entre mim e seu irmão. Ele caminhou lentamente até onde nós estávamos.
- Sabe... eu vim aqui na esperança de trazer você comigo irmãozinho... mas pelo visto você tem outros planos. - ele olhou pra mim - e você inseto, por que você simplismente não morre?
Ele levantou o pé para me chutar, eu estava sem reação, ainda não havia recuperado completamente o controle dos meus movimentos, é o que acontece quando se fica morto durante 3 dias. Mas antes que o pé de Gabriel pudesse me atingir, o outro arcanjo o empurrou de novo para um dos cantos da sala.
- Vitor... irmãozinho... esse seu show de luzes e vozes foi muito legal, mas nós sabemos que você não poderia me vencer, jamais. Faça-me um favor... mate este garoto e junte-se a mim, você sabe o que está vindo tão bem quanto eu, realmente quer ficar contra mim?
Vitor me ajudou a levantar e me apoiou em uma das mesas, ele não desviou o olhar de Gabriel.
- Isso é entre nós Gabriel, entre a família, não inclua os humanos nisso.
- Você está enganado Vitor. Isso deixou de ser dentro da família desde de que Papai resolveu criar esses insetos. Eles irão pagar, o Deus deles está morto, este é o apocalipse, eles deverão escolher um lado, assim como você.
- Você... você é meu Gabriel, eu vou matar você. - foi tudo o que eu consegui dizer, eu estava muito fraco. - nem mesmo Lúcifer vai poder me impedir de destruir você seu filho da ....
Ele riu, a tempestade em seus olhos se intensificou, a conversa estava para terminar.
- Eu estarei esperando por você Daniel, estaei esperando ansiosamente... Vitor, escolha o seu lado, está comigo ou está com eles?
Vitor caminhou até ficar na minha frente, eu entendi isso como um ficar com "eles"
- Muito bem então, nossa conversa está terminada, da próxima vez que nos vermos um de nós cairá irmãozinho.
- Eu vou sorrir enquanto vejo você cair Gabriel. - foi tudo o que Vitor disse antes de Gabriel desaparecer.
O silêncio que se seguiu era fúnebre, agora eu podia entender, as coisas estavam sendo difíceis para ele tanto quanto estavam sendo difíceis pra mim. Estava na hora de deixar de achar que o mundo girava ao meu entorno, se eu realmente quisesse matar Gabriel, não conseguiia sozinho. Vitor ainda estava de costas pra mim, provavelmente estava pensando nas mesmas coisas que eu, só esperava que ele não cogitasse a hipótese de reconsiderar a oferta de Gabriel.
- Sabe garoto... seria bem mais fácil se eu me juntasse ao Gabriel, seria bem mais fácil te matar aqui e agora... Eu não sei o porquê de não fazer... Talvez, só talvez eu ainda tenha esperanças de que Ele pode estar por aí e eu quero fazer as coisas certas por Ele. Deus viu algo de bom na sua raça, se não fosse assim já teria exterminado a todos vocês... Você está comigo ou está sozinho Daniel?
Ele virou-se para mim e estendeu a mão. Reuni minhas forças para apertar sua mão.
- Estamos juntos nessa.
- Ótimo, é melhor que seja assim. Agora vista-se, nós temos que encontrar mais uma pessoa.




Continua.........................

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Cap.3 - Boulevard of Broken Dreams

Estava frio... minhas costas estavam geladas, minhas mãos formigavam, parecia que eu estava na mesma posição há dias. Minha cabeça doía terrivelmente, se me perguntassem, eu poderia dizer que alguém tentou arrancar ela à força do meu corpo... talvez fosse verdade, eu não tinha certeza, a última coisa de que me lembrava era... era o fogo. Meus olhos se abriram de imediato e a luz forte me fez fechá-los de novo. Afastei com cuidado a luminária, onde eu estava?
Me apoiei na mesa e consegui me erguer, finalmente entendi o porquê de tanto frio, eu estava nu. Minha cabeça ainda martelava, mas eu consegui abrir os olhos e me forcei a olhar o que tinha a minha volta. Eu estava numa mesa, do lado dela uma pequena bancada, com vários instrumentos cirúrgicos, do outro lado outra mesa que assim como a minha, tinha um corpo em cima. Aquilo... Aquilo era um necrotério.
- E ao terceiro dia, ele se ergueu. - uma voz dizia do outro lado da sala.
Ainda não conseguia me mover direito, virei para o lado, perto da porta estav hum garoto, parecia ser um pouco mais velho do que eu, 3 anos no máximo. Ele sorria ironicamente pra mim. Seus olhos... seus olhos eram cinzentos como os de.... ah, não conseguia me lembrar.
- Onde eu estou?
Ele inspirou, fechou os olhos e sorriu, acho que ele estava querendo me chamar de idiota naquele momento.
- Acho que você já sabe.
- Eu... eu estou morto? - tinha medo de fazer auela pergunta,mas tinha mais medo da resposta.
- Bom... tecnicamente neste exato momento não, você não está... - ele fez uma pausa, parecia querer rir da minha cara - mas você estava ontem.
- Não estou entendo... como isso pode ser possível?
- Essa é uma pergunta que eu não sei responder garoto.
Uma onda de lembranças veio à tona em minha mente, uma avalanche de uma vez só. Minha casa, Gabriel, o sonho... o fogo.
- Onde estão meus pais?
Dessa vez ele não respondeu, ele simplismente abaixou a cabeça, eu saia o que isso queria dizer, se eu estava ali... meus pais... Olhei para mesa do meu lado, o corpo em cima dela, o corpo era familiar, aquele... aquele era meu pai. Levantei com dificuldade, me apoiei sobre minha perna direita, mas ela ainda não estava firmada, eu estava caindo. Antes que eu pudesse tocar o chão o garoto estava do meu lado, ele me levantou e me apoiou na mesa novamente. Ele não falava nada, parecia distante daquilo tudo, parecia não sentir absolutamente nada.
- Eu... eu preciso... preciso acordar meu pai.... - minha voz já estava embargada pelas lágrimas que eu lutava para manter presas.
- Ele não pode ser acordado, desculpe.
- Mas... mas eu acordei! - eu balançava minha cabeça freneticamente, meu chão estava indo embora novamente.
- Eu não sei comovocê acordou garoto, eu realmente acho que... que foi Ele. Mas isso não seria possível, Ele está morto.
Ele escolheu as palavras com cuidado, eu estava começando a reconhecer aqueles olhos, os olhos eram cinzentos como os de Gabriel, o arcanjo.
- Acho que você deveria se vestir primeiro.
- Me solta! - ele me largou e eu fui novamente de encontro ao chão, mas dessa vez ele não me segurou.
O chão estava frio, mas isso já não importava mais, nada mais importava, eu so precisava chegar até o meu pai, eu precisava... precisava acordá-lo. Enquanto isso o arcanjo continuava parado, ele parecia saber como eu estava me sentindo, parecia saber como era perder um pai. Me arrastei até onde meu pai estava, reuni todas as minhas forças para me erguer sobre a cama, precisava acordá-lo... precisava... precisava...
- Pai...
Algo foi crescendo na minha garganta, subindo com toda a força, algo que eu tentava controlar há muito tempo, um grito, uma lágrima, toda a minha raiva... minha dor.
Dessa vez eu não a contive... não dessa vez.





Continua.................................

domingo, 16 de maio de 2010

Cap.2 - Back in Black

Acordei assutado, completamente suado, meu quarto estava mais quente do que o normal. Havia sido apenas um sonho. Sim. Apenas um sonho, afinal Deus não pode ser morto e ser caçado por anjos e demônios ao mesmo tempo não estava nos meus planos, definitivamente.
Olhei o relógio, estava atrasado... de novo. Corri para o banho, diferente dos outros dias, hoje a água fria me relaxava, me acalmava, mas também trazia lembranças que eu havia enterrado há muito tempo.
No último inverno, eu quase morri pelo menos umas duas vezes, fui recrutado contra a minha vontade no exército celestial, obrigado a guiar toda a humanidade para a terra prometida. Vi duas amigas mortas e um arcanjo com sérios problemas em seu passado. Aquele tinha sido um ano agitado.
Um ano se passou, tudo o que eu queria era levar uma vida normal, tudo o que eu queria era que tanto anjos como demônios matassem a si mesmos e me deixassem fora da briga, eu não era obrigado a salvar toda humanidade, não era obrigado a salvar nem a minha alma.
De certa forma eu estava conseguindo o que queria, terminei o terceiro ano, e estou fazendo pre vestibular, levando a minha vida e pode-se dizer que eu esava conseguindo muito bem... até hoje.
Luciano ficou mais dois meses comigo, uma vez ele desapareceu e não voltou mais, achei isso ótimo. Ele era um bom arcanjo e um bom amigo também, mas a presença dele não me deixava esquecer de quem eu realmente era. Tentei de todas as maneiras fazer com que ele me explicasse o real motivo de ser o responsavel por toda humanidade, logo eu. Mas não consegui.
Saí do chuveiro, a cabeça a mil. Me sequei do modo mais rápido que consegui e fui me vestir no quarto. Tive uma surpresa ao abrir a porta domeu quarto, Gabriel estava parado junto à janela, assim que entrei ele viou pra mim e sorriu.
- Pensei que essa coisa de andar pelado tinha acabado com Adão e Eva.
- Você realmente veio até a minha casa pra ser irônico comigo às 5:45 da manhã? - tinha algo de estranho nos olhos dele, eram cinzentos e brilhavam de um modo que me dava certo medo, exatamente como no sonho.
Ele revirou os olhos, anjos tinham um péssimo senso de humor.
- Vista-se, sua hora chegou.
- Minha hora? De que hora você tá falando Gabriel?
- A hora de você assumir a sua posição no exércitocelestial, o tempo é chegado. - Ele avançou em minha direção, estava disposto a me levar mesmo que à força.
- Eu não vou a lugar algum com você. Onde está o Luciano? - recuei um passo.
- Luciano... vamos dizer que ele não está mais no nosso efetivo, logo ele não está maisaqui pra proteger você, agora vista-se e venha comigo muleque!
Os olhos tempestuoso de Gabriel brilharam com uma intensidade que eu nunca tinha visto, ele abriu os braços, uma corrente de ar que parecia uma tempestade entrou no quarto. A única coisa que pude fazer foi segurar a toalha em volta do meu corpo.
Vi uma chama surgir os olhos de Gabriel, ela irradiou-se por todo o seu corpo. Ele ia abandonar sua forma humana, ele não estava ali para me levar com ele, ele estava ali para cumprir uma missão, me eliminar.
- Tentei fazer isso do jeito fácil garoto, tentei fazer disso indolor pra você... Mas quer saber mudei de idéia. Mais de 2000 anos servindo a Deus e do nada ele desaparece, danem-se as regras, eu vou entregar você pessoalmente a Lucífer!
Eu vi a sombra de suas asas surgindo atrás da luz que surgia em seus olhos. A luz começou a ficar forte demais para eu poder continuar de olhos abertos, o vento me arremessou para trás, comecei a sentir calor ao meu redor, não era algo sobrenatural, era fogo, minha casa estava em chamas.
"-Pai... Mãe..." - Já não haviam mais palavras a serem ditas, tudo a minha volta foi ficando escuro novamente, eu estava imerso em trevas. De volta à escuridão





Continua.......

sábado, 15 de maio de 2010

Cap.1 - Perdido entre Anjos e Insetos

Estava tudo tão calmo, a brisa acariciava meu rosto, eu podia ouvir pássaros cantando e o barulho intenso da correnteza das águas entre as pedras. Sentada na margem do rio estava uma garota, ela tinha os cabelos curtos e olhava o horizonte intensamente. Algo me forçou a caminhar até ela, eu estava quase alcançando-a, quando tudo ficou silencioso. Os pássaros pararam de cantar. A água parou de bater nas pedras. Não havia mais brisa.
- Há muito tempo que eu espero por você Daniel. - a garota disse sem nem sequer olhar para mim.
- Quem... Quem é você?
Ela virou-se para mim e sorriu. Seus cabelos curtos contornavam seu rosto, ela olhava para mim intensamente. Seus olhos transpareciam algo que eu nunca havia visto antes em nada nem ninguém. Seus olhos transpiravam paz e poder ao mesmo tempo. Ela vestia calças jeans e uma blusa de mangas, parecia não se importar com a minha presença, simplismente sorriu. Eu soube de imediato o que ela era... algo que eu não via há muito tempo... um anjo.
- Tempos difíceis estão por vir, algo grande, algo que você nunca enfrentou antes, algo que faria até mesmo Bélfegor parecer um valentão numa escola.
Minha expressão mudou de fascínio para medo. Há quase um ano eu me descobri exatamente no meio de uma guerra épica entre anjos e demônios. Minha casa havia sido destruída, minhas amigas morreram, por um certo momento até mesmo eu estive morto. Aquelas lembranças me fizeram gelar a espinha.
- Não tenha medo mortal. Você estará pronto quando chegar a hora, assumirá sua posição no exército celestial e guiará a sua raça à terra prometida....
Ela parecia querer falar algo mais, entretanto não teve a chance. O horizonte assumiu um tom vermelho sangue, uma brisa quente e forte passou a soprar sobre nós. Ao longe eu pude ouvir passos, passos que ecoavam como pancadas em um tambor. De repente surgiu na minha frente um exército inteiro de anjos, todos vestidos para a guerra, alguns com suas espadas nas mãos. À frente deles estava Gabriel, um dos arcanjos que me salvaram de Belfégor no último inverno.
Todos pararam, a garota levantou-se da margem. Gabriel recuou quando viu seu rosto.
- O que está fazendo aqui Gabriel? - sua voz ecoou diferente, ecoou como uma tempestade, por um momento pude jurar que Gabriel tremeu.
- Eu... Eu vim buscar o garoto, Laura. - Ele avançou em minha direção.
Ela se colocou no caminho ficando de costas pra mim.
- Você sabe que não podemos fazer isso Gabriel, ele é o escolhido.
- Ele é um humano Laura, tão humano e tão corrupto quanto todos os outros insetos que se dizem imagem e semelhança de Deus. Ele precisa ser destruído, você sabe muito bem o que aconteceria se ele se juntasse ao exército de Lúcifer.
- Essas não são as ordens de nosso Pai.
Gabriel avançou mais um passo, seus olhos cinzentos e sua voz estridente pareciam se fundir ao horizonte tempestuoso e sangrento, por alguns momentos eu não sabia se olhava em seus olhos ou se olhava para o céu.
- Deus deixou o seu trono, Laura. Não há mais "nosso Pai". Ele está morto.
Um tremor percorreu todo o meu corpo, Deus, morto? Isso era impossível, afinal ele era Deus.
- Me dê o garoto agora Laura! Se destruirmoso garoto e nos unirmos a Lucífer, não haverá mais guerra, não haverá mais mortes, seremos uma só familia, como já fomos algum dia, junte-se a mim, não me force a destruí-la.
Laura não recuou diante das ameaças de Gabriel e aquilo me surpeendeu, definitivamente, ela não era um arcanjo, mas tinah tanto poder ou até mais do que um, ela parecia um recipiente da própria graça de Deus.
Ela deu um passo a frente, eu pude ver surgindo de suas costas quatro asas enormes, as asas se abriram de tal modo que eu não pude mais ver Gabriel. um brilho intenso começou a brotar dos seus olhos, Gabriel empunhou sua espada.
- Isso não precisa ser assim irmãzinha.
Ele correu até ela o brilho se intensificou e fui forçado a fechar meus olhos, a última coisa que pude ouvir foi a voz dela me dizendo: "Fuja"




Continua..............................