quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cap.43 - Closer to the Edge

- Os 144 mil? - Eu perguntei incrédulo.
Laura olhou pra mim e sorriu.
- Durante a batalha do apocalipse, 144 mil fiéis, seguidores de Cristo e sua causa serão arrebatados para a batalha, eles não poderão ser mortos ou feridos... É o que está escrito no seu livro de apocalipse. Esses são os 144 mil e as forças celestes que não se curvaram a Gabriel e seus propósitos sombrios.
O exército era formidável, com bandeiras tremulando ao vento, a luz que emanava deles parecia iluminar o céu encoberto pela escuridão. Formosos como a lua e brilhantes como o sol, assim eram os 144 mil servos da causa de Cristo, de várias nacionalidades, falando várias línguas e de várias idades, unidos de uma única forma.
À frente deles anjos, arcanjos, querubins e serafins, dispostos em filas, alguns a cavalo. No meio deles pude distinguir Vitor e Gustavo, liderando suas castas. Ao centro um cavaleiro reluzente cuja face eu não podia ver, seus pés brilhavam como o aço ao sol, tinha um cetro de ouro numa das mãos e uma espada na outra. Sua armadura era feita de ouro, nas costas pendia uma longa capa vermelha, ao lado dele vinha um cavaleiro portando uma bandeira: "Filho de Davi" e na coxa do cavaleiro estava escrito Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.... Não podia ser, aquele, aquele... aquele era o Cristo.
A luz era tão forte e sua presença tão divina que fui obrigado a me curvar, mas nem assim consegui ver a face dele. Ao lado direito dele estava Miguel, o arcanjo liderando a primeira linha de batalha.
A primeira linha avançou por nós, mas Miguel permaneceu ao nosso lado, ainda montado em um cavalo. Os anjos sob seu comando continuaram avançando. Os demônios recuperados do choque inicial voltaram a atacar, mas dessa vez enfrentaram os anjos que os dilaceravam sem dó.
- Vocês estão bem? - Miguel perguntou
- Estamos, mas o Daniel está ferido. - Fernanda disse
Miguel apoiou a mão sobre meu ombro e pelos seus olhos pude ver que ele já sabia o que se passava.
- O que você vai fazer garoto? - Ele perguntou calmamente
- Vou continuar até o fim. - Disse sem nem tremer.
- Que seja assim então, ninguém aqui vai te impedir. - Ele falou olhando para as pessoas ao seu redor e desembainhou sua espada entregando a mim. - Você vai precisar disto.
Ele montou em seu cavalo novamente e mandou eu me juntar às fileiras sob o comando do Rei. Trouxe Laura e Fernanda para junto de si e avançou para a linha de frente. Ele não havia perguntado por Isa, mas eu sabia, ele tinha conhecimento da morte dela, mas uma batalha não é hora para lamentos.
Cheguei timidamente ao lado do Rei e tentei me manter de pé diante da presença dele e da dor que consumia meu peito me impedindo de respirar. Ele olhou em minha direção e pude ver que um sorriso se desenhava no seu rosto.
- Filho meu, vejo a tristeza que surge no seu rosto e a dor que brota na sua alma. Sei as perdas que sofreu e sei das que ainda vai sofrer - Ele falava como se também já visse o meu futuro - Não temas, não precisa chorar, Eu estou aqui, Eu vou levar a sua dor e te dar paz. Acredite eu nunca te deixei e eu jamais te abandonarei. E aliás.... Seu avô me pediu pra te dizer que te ama e tem orgulho de você, está orgulhoso por ter cumprido sua promessa.
Aquilo me impactou... meu avô, orgulhoso de mim? Eu havia cumprido minha promessa? Parecia que um peso havia sido tirado das minhas costas e a pressão no meu peito já não me incomodava tanto. A dor das mortes já não enchia meu coração, eu estava ali para fazer o que devia ser feito.
- Obrigado, Senhor.
Mas a chegada dos exércitos não foi exatamente a virada que era esperada. Lúcifer se recuperou do susto e sorriu novamente. Agitou seus braços e gritou:
- Venham meus cavaleiros!
E então da fenda no chão, em meio a fumaça negra que encobria todo o lugar 4 cavaleiros surgiram... Os cavaleiros do apocalipse, prontos para a destruição, prontos para acabar com tudo e todos em seu caminho.Mas ainda assim os anjos da linha de frente não recuaram, continuaram a avançar, os cavaleiros vieram ao seu encontro e eles não resistiram, uma legião inteira morta por 4 cavaleiros e seus demônios.
De um lado 4 cavaleiros e suas horas demoníacas lideradas por Lúcifer que afrouxava cada vez mais suas correntes. Do outro o exército de anjos e servos de Cristo, liderados pelo Próprio. Aquela era a batalha do apocalipse. O Senhor levantou sua espada e apontou na direção de Lúcifer, nesse exato instante as correntes se afrouxaram ao máximo e ele se libertou.
Lúcifer sorriu e abriu suas asas, finalmente estava livre. Então tirou sua espada da bainha e bradou aos seus cavaleiros e demônios, estes avançaram ferozmente e foram encontrar a segunda linha de anjos prontos para o combate, lideradas por Miguel. Os cavaleiros avançaram e contra eles se levantaram os serafins.
Mas o Diabo permaneceu estático, sem mover nem mesmo um dedo. Jesus, do outro também permanecia do mesmo modo, os olhares se cruzavam, esperando, esperando quem desferiria o primeiro golpe. Levantei a espada e me preparei para atacar mas o Senhor me parou.
- Espera, ainda não é o momento.
Miguel tirou uma segunda espada de sua bainha e a apontou para o cavaleiro da guerra, era assim que começava a batalha final.















Continua..........................................................

Cap.42 - Chasing Cars

É impossível não dizer que naquele momento um frio bem humano, bem mortal passava pela minha espinha, era o medo, medo da morte, medo da luta, não sei bem.A única coisa que sei é eu sentia medo.
O cenário diante de mim não era nada animador, carros queimados e abandonados ao longo da avenida. No centro, todo o asfalto havia sido destruído e agora um grande lago de fogo parecia brotar do chão e espalhar a lava por todos os cantos, eu ainda podia ver alguns corpos jogados nos cantos das ruas, imagens de terror fixavam-se nos rostos agora já sem vida. Parece que haviam se passado anos desde de que eu estivera ali pela última vez, nem mesmo parecia a Avenida da noite anterior.
Eu estava apoiado em Laura e Fernanda, mas o corte no meu peito já cicatrizava, parecia deixar apenas uma grande cicatriz. Mas me sentia diferente agora, sentia como se meu corpo por dentro estivesse morrendo, aos poucos e agora cada vez mais rápido... Era a rejeição, um mortal não poderia ter a essência de um anjo, meu corpo rejeitava isso, porque quanto mais eu usava do seu poder, mais ele atuava como um veneno em mim e em breve já não haveria como voltar.
- Você está bem Daniel? - Fernanda perguntou tirando meu braço do redor do sue pescoço, para ver se eu já conseguia me apoiar. Eu não poderia demonstrar fraqueza agora, não agora.
- Estou sim. - Apoiei meu peso sobre as pernas e pra minha sorte elas responderam positivamente, mas erguer a espada novamente seria mais difícil.
- Ainda consegue lutar garoto? A luta que ainda está por vir não é nada comparada a que acabou de acontecer. Você está pronto?
Fechei as mãos e abri as asas, quase instintivamente.
-Estou ótimo, vamos terminar isso.
Ao longe havia u grande pedestal de pedra, tão antigo quanto a fundação do mundo, em cima dele erguiam-se duas grandes colunas de pedra, dela saíam correntes que prendiam pelos pulsos e pelas pernas um ser que de longe poderia parecer tão humano e mortal quanto qualquer outro, mas que na verdade não era. Lúcifer assumiu sua forma humana e escondeu assim o monstro que realmente era. Ele trajava uma armadura de batalha completa, que reluzia como o ouro. Das suas costas saíam um par de asas como de morcego, negras como a noite, de longe eu podia sentir uma forte opressão, uma angústia, características do senhor das trevas.
Ele pareceu olhar diretamente pra mim e sorriu, balançou os braços e as colunas tremeram, não iriam aguentar por muito tempo.
- Você deve ser o mortal responsável por tudo isso? - Ele disse, sua voz era tranquila e profunda, como se estivéssemos conversando em um bar como velhos amigos.
- Sim.
- Não tenha medo garoto, eu não vou te fazer mal.
- Não tenho medo.
- Não? Olhe, eu já conheço este mundo há muito tempo, muito antes do surgimento desse planetinha e de vocês: bonecos de barro. Mas apesar do que dizem por aí, não sou tão mal quanto pareço, antes de tudo começar vou te dar uma chance. Junte-se a mim, junte-se ao lado vencedor e eu pouparei sua vida, lute por mim e e lutarei por você.
- Por que você acha que eu abandonaria meus amigos agora?
- Talvez tenha recuperado a razão.
- Não sou como você Lúcifer, não traio meus amigos, não traio meus irmãos.
- Traição? Eu não traí eles, foi por amor a eles que fiz o que fiz, foi por amor a eles que eu desafiei meu pai, pra que eles vissem que nós, os anjos, os arcanjos, os querubins serafins e toda horda celestial não devemos nos curvar a macacos que sabem falar, mas dominá-los, nós merecemos todo o amor! Não vocês bonequinhos! - Sua voz mudou, sua aparência também, a sua aura de ódio e desespero já emanava por todo o lugar.
- Eu rejeito a sua oferta e quando tudo acabar eu vou destruir você e lançar você no lago de fogo que nunca deveria ter escapado.
Uma risada demoníaca ecoou por todo o lugar, senti o medo apertar meu coração. Lúcifer ergueu as mãos e a fenda abriu-se ainda mais. Dela saíram demônios e seres demoníacos de toda a espécie, eles pareciam ocupar as ruas, o chão e alguns até mesmo voavam, pareciam insetos ocupando todo o lugar, um exército brotava bem na minha frente, um exército de monstros que não conhecia a misericórdia e que não seria parado por nada, criado apenas para matar e destruir.
- Sinto muito pela sua escolha mortal! Você será destruído como qualquer outro da sua espécie e eu pessoalmente vou torturar a sua alma, apenas para minha diversão pelos séculos dos séculos!
Recolhi minha espada no chão, se fosse para morrer, que seja lutando e matando demônios, porque não importa a minha dor, não importa o quão grande seja o exército, eu tenho uma promessa a cumprir e nada, nem mesmo todas as hordas do inferno poderão me parar.
Laura e Fernanda tomaram posições do meu lado.... essa seria uma boa hora para Miguel aparecer.
Os demônios avançaram, correndo desordenados, como cães raivosos à procura de sangue, eles viam correndo e nada os faria parar.
A primeira onda caiu sobre nós, mais de 300 demônios avançaram sem temer nada, eu apenas desviava e cortava seus corpos frágeis como papel, a lâmina da espada já estava machada, uma mistura do meu sangue, sangue de Gabriel e agora o que quer que seja de demônios.
Fernanda segurava uma maça, ela atacava lançando demônios a distancia, fazendo eles se chocarem contra as paredes enquanto Laura usava duas espadas, atacando dois a cada vez. Mesmo me sentindo fraco também dei conta de muitos, procurando não me forçar tanto.
Mais duas hordas caíram sobre nós e parecia que quanto mais matávamos mais eles pareciam surgir, estávamos exaustos e eu já não sabia por mais quanto tempo poderia suportar, a espada ficava cada vez mais pesada e eu já podia sentir meu coração pulsando descompassado dentro de mim.
Então quando toda a esperança parecia perdida eu pude ouvir passos ao fundo, passos que faziam tremer a terra, milhares e milhares de passos que pisavam ritmados o chão fazendo ele tremer, eles cantavam em coro canções de adoração a Deus... e pareciam pontos de luz caminhando ou flutuando em nossa direção.
Os demônios recuaram de volta para a fenda e até mesmo o Diabo deu um passo atrás, aquilo era algo que nem mesmo ele esperava.
- Os 144 mil e os celestiais. - Laura disse ofegante.


















Continua.......................................................................

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cap.41 - The heart, the soul, the life, the passion

Sabe a sensação de perder tudo o que é mais importante pra você? Sabe a sensação de que aquilo que você mais ama, aquilo pelo qual você daria sua vida simplesmente escapa dos seus dedos? Como se o peso do mundo se apoiasse cada vez mais sobre as suas costas e firmas as pernas já não fosse o suficiente, porque não importa o que você sinta ou pense, você sabe que no fim você não poderá vencer, que as cicatrizes ficarão sempre ali...
Poderia dizer que o que me movia agora eram sentimentos altruístas, sentimentos bons, sentimentos de paz, que uma promessa rondava na minha cabeça e que eu lutava por toda a humanidade... Mas eu estaria mentindo. Eu lutava por mim mesmo, com um único objetivo: Tirar do meu peito a dor que me consumia e dos meus ombros o peso que me afogava na minha dor. Não me importava mais viver ou morrer, o destino do mundo ou tudo o mais, eu só via um par de órbitas vazias a minha frente, um ex anjo que agora nada mais era que o próprio anticristo.
- Sim! Era isso que eu esperava ver Daniel... no final das contas você deve reconhecer que é igual a mim, luta por si mesmo, pra se livrar do que está dentro de você... você sabe disso. - Gabriel cortou meus pensamentos.
-Não sou igual a você Gabriel... não sou igual a você por um único motivo.
Ergui minhas asas me preparando para um segundo voo, meu punho tremia de tensão em volta do cabo da espada, era como se a espada e eu fôssemos um só agora. Ao me aproximar de Gabriel desenhei um arco no ar com a espada, mas Gabriel desviou do primeiro golpe levantando voo também, ele desceu sua espada sobre mim tentando me atingir minha cabeça, mas no exato instante levantei a espada e bloqueei o golpe, ele deixou seu peitoral desprotegido, o que foi o momento perfeito pra fechar minha mão e atingir ele num gole certeiro que o fez cuspir sangue, um soco tão potente que fez o anjo sombrio voar 10 metros para trás e aterrizar de cara no chão.
Ele levantou o rosto do chão, o pouco de carne que ainda restava agora estava arranhada pelo impacto, alguns ossos da face estavam quebrados e ele cuspia sangue pela boca, mas ainda assim se levantou e com ele sua espada, não seria assim tão fácil derrotar ele.
- E qual seria esse motivo, mortal? - Gabriel falou enquanto cuspia um pouco de sangue.
- O motivo, a diferença Gabriel, é que ao final dessa luta um de nós estará de é e o outro não se levantará mais. - Assumi posição novamente, a espada sobre minha cabeça com meus braços arqueados, enquanto as asas serviam de couraça.
Gabriel riu e também se posicionou, ele estava disposto ir até o fim, adorava um desafio, ainda mais um duelo com o garoto do fim do mundo.
- Largue sua espada, e curve-se diante de mim, seu novo Deus e eu pensarei em poupar sua vida... - Ele disse finalmente.
Foi a minha vez de sorrir, ele não poderia estar falando sério. Avancei na direção dele, a espada acima da cabeça pronta pra desferir um golpe. Ele montou guarda no instante em que a minha espada desceu sobre a cabeça dele, fazendo ele curvar os joelhos... Era isso, Gabriel estava ferido.
- Esperava que escolhesse isso, mortal. - Ele jogou o corpo sobre o meu me fazendo recuar e atacou, golpes seguidos, em minhas asas, tentando me fazer largar a espada, ele tinha me atraído até ele e eu havia caído na armadilha, não podia fazer nada a não ser desviar agora.
- Daniel! - Laura gritou em algum lugar atrás de mim, mas era tarde demais, a espada de Gabriel descia sobre mim pronta pra partir minha cabeça em duas partes. Me deixei cair no chão e ao invés de atingir minha cabeça a espada desceu traçando um corte no meu peito.
Me senti fraquejar, sangue e essência escorriam pelo meu corpo, me senti fraco e tudo a minha volta girou, a espada já estava longe e diante de mim um Anjo sombrio ria, pronto pra arrancar meu coração.
- Você está certo, somos diferentes Daniel... você vai perder por um simples motivo, porque eu sou seu oponente.
Ouvi o estalido de um arco ao fundo, Laura provavelmente se preparava pra atingir Gabriel com uma seta e Fernanda provavelmente se posicionava pra vir logo atrás, era a única chance delas, elas poderiam terminar aquilo ali. Mas não era assim que deveria terminar, eu não seria salvo novamente.
-Parem! - Eu gritei e o som se espalhou pelo lugar - Essa é a minha luta, não quero que vocês interfiram! Vocês não tem esse direito, se eu tiver que morrer, que seja aqui pelo meu mérito! - Eu bradei, mas não ouvi o arco ceder.
- Você está louco Daniel, não vamos deixar você morrer, isso é idiotice! - E ela esticou mais o arco.
Então Fernanda abaixou a espada e se colocou na frente do arco, o olhar estava distante, não ali, mas no passado, em lembranças que há muito tempo ela tentava esquecer.
- Deixe o Daniel lutar até o fim, não vamos interferir.
- Você tá louca? Ele vai morrer se não ajudarmos! Nós podemos morrer, ele não! - Laura gritou.
- Não é assim que ele pensa, deixe ele.
- O que você sabe sobre isso Fernanda? Vamos ajudá-lo!
Um silêncio quase fúnebre passou entre as duas... Então Fernanda olhou diretamente dentro dos olhos da Laura e poucas palavras foram necessárias.
- Porque quando eu estive no lugar dele eu gostaria que tivessem me deixado lutar, porque o peso de viver as custas da vida dos seus amigos é insuportável.
Laura baixou o arco enquanto Gabriel aplaudia o espetáculo.
- Isso é realmente muito bonito, lindo você não envolver suas amigas Daniel, mas depois que eu matar você, vou matar elas também... Humano estúpido! Você pode viver com dignidade e honra, mas jamais vai poder morrer com ela. É assim que você vai morrer, ajoelhado aos meus pés, não há honra nisso, idiota! - Ele levantou a espada pela última vez e a apontou em minha direção, o golpe final.
Imagens passaram cada vez mais rápidas na minha cabeça, amigos que se foram, família que eu jamais terei novamente, a dor da perda de cada um deles, as trevas que me dominavam agora, eu já não era o mesmo de 1 ano atrás, eu era diferente, eu era a dor e a escuridão e a luz jamais voltaria. Fechei o punho e concentrei toda a força que podia nele, toda a essência do meu ser e senti ela aquecer, senti a tensão dos músculos tremer a mão.
Gabriel baixou a espada em único golpe, eu só tive uma chance, joguei meu corpo todo pra frente e para o alto me apoiando nas minhas pernas fracas e em minhas asas dilaceradas, direcionei minha mão para o centro do peito dele, para o coração. Minha mão atravessou a carne como se fosse isopor, e eu abri a mão instintivamente, senti ago pulsante entre meus dedos, agarrei e o trouxe em minha direção, rompendo artérias e veias... O coração do anjo sombrio, tão frágil como o do que qualquer humano, fechei a mão novamente e ele foi despedaçado.
O anjo ajoelhou na minha frente, nas órbitas já não haviam chamas, apenas uma expressão de incredulidade e terror... Ele havia sido derrotado.
- O... que... - Foram suas únicas palavras enquanto o corpo tombava pra trás já se vida ou essência.
Me levantei lentamente enquanto o enxofre do ar esfarelava os ossos do anjo caído. O chão então tremeu forte, de modo que só não caí novamente porque Laura e Fernanda surgiram ao meu lado para me apoiar. Pedras caíam do teto e uma luz tênue invadia o lugar... a luz do sol.
Ao fundo o som de correntes sendo rompidas, rangiam terrivelmente e uma risda demoníaca como eu nunca havia ouvido antes me fez gelar a espinha... Lúcifer.
O chão elevou-se até o teto onde surgimos no meio da avenida Rio Branco... carros abandonados e pessoas correndo para todos os lados, uma nuvem negra ameaçava desabar do céu sobre a terra. Ao fundo erguia-se uma rampa e um grande altar de pedra... Nele um ser monstruoso estava preso a correntes que pareciam cada vez mais frágeis... O arcanjo sombrio, Lúcifer.
Essa era a batalha final, o dia do juízo final...















Continua...............................................