segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Cap. 35 - Dancing Dead (parte 2)

Fiquei paralisado diante daqueles quatro que tanto mudaram a minha vida no último ano... Não poderia lutar com nenhum deles, até mesmo com Bélfegor.... Um medo subiu pela minha espinha e as lembranças explodiram na minha mente. Então uma voz conhecida, que ainda ressoava como um trovão ecoou na minha mente e me trouxe de volta.
- O mortal é meu! - Bélfegor berrou e levantou um machado.
Fernanda, Laura e Isa avançaram um passo e se colocaram na minha frente. Mas não adiantou, Karol, Ana e Luciano também avançaram, aquela seria uma luta individual. Bélfegor ainda apresentava a mesma aparência horripilante, talvez mais agora... Mas Luciano, Karol e Ana estavam diferentes, seus olhos exibiam um negro intenso ao mesmo tempo que ainda se podia vislumbrar neles quem eram realmente... quem foram realmente.
Luciano deu um passo a frente e levantou a mão, apoiou a espada no chão e virou-se para a Morte.
- Não vou trair meus irmãos novamente, Morte. - Ele olhou diretamente nos olhos da Morte.
A Morte gargalhou e desceu de seu cavalo negro, caminhou lentamente até ele e bradou:
- Você não tem escolha! Seu Pai está sumido! Eu e somente eu tenho todo o poder sobre a morte, eu trago quem eu quero e assim você faz o que eu mando!
- Não. - Luciano sibilou entre dentes
- Sim... você vai. - A Morte sorriu novamente e agitou as mãos, de repente os olhos de Luciano exibiram um negro profundo, o espírito dele havia sido suprimido e agora as trevas dominavam seu ser. Ele virou-se para nós e sorriu, abaixou e pegou sua espada. Apontou para mim e falou, sua voz estava grave como um trovão, ele abriu suas asas e a escuridão dentro dele brilhou, deixando em torno dele uma aura negra.
- Você morre hoje, mortal.
Ele correu em minha direção mas de repente foi jogado para trás, uma flecha trespassou seu peito e começou a queimá-lo.... Laura estava um passo a frente de nós, o arco apontado na direção de Luciano, suas quatro asas abertas, a glória de Deus brilhando em sua volta.
Luciano se levantou e brandiu a espada, retirou a flecha de seu peito e sorriu. Karol avançou e Fernanda foi ao seu encontro. Isa pegou uma espada em cada uma das mãos e apontou para Ana que sorriu e exibiu as trevas dentro dela. Agora eu estava só...
Bélfegor veio caminhando lentamente na minha direção, vinha arrastando o machado e sorrindo para mim.
- Acho que agora somos só nos dois, Daniel.
Eu recuei e levantei minha espada, o terror ainda tomava conta de mim.
- Eu te disse que eu voltaria pra matar você. E tenha certeza de que cumprirei o que eu disse... Ao fim desta batalha um de nós estará de pé e o outro cairá. Quando você cair vou ter o prazer de torturar seus pais na sua frente, deixar você ver eles implorando por uma segunda morte - um sorriso negro dançou no seu rosto - Vou deixar você ver eles chorando...
Nesse momento uma raiva diferente brotou dentro de mim. Me fez esquecer todos os meus receios, eu não poderia deixar ele torturar minha família. Perdê-los uma vez já havia sido o suficiente. Levantei a espada e apontei na direção dele, senti uma chama queimar no meu peito, meus olhos arderam e então tudo começou a ficar mais claro... Era a glória de Deus, a graça de Miguel se manifestando em mim.
Corri na direção de Bélfegor, meus passos cada vez mais largos e mais rápidos, senia pairar sobre o chão.
- Vou matar você de uma vez por todas e calar essa sua boca... Cortarei sua cabeça e queimarei o seu corpo, farei você chorar de agonia! - Eu gritei e Bélfegor recuou um passo, não esperava que eu fosse enfrentá-lo realmente. Mas sua surpresa durou apenas um segundo, logo que se recuperou levantou o machado e avançou em minha direção.
Luciano avançava em na direção da Laura, mas ela conseguia mantê-lo a uma boa distância com suas flechas. O peito dele já estava cravado de flechas e ele parecia mais devagar, mas não morria... Como poderia se já estava morto?
- Vai precisar mais do que isso para me parar, Laura!
- Obrigado pela dica.
Ela jogou o arco no chão e pegou sua espada na cintura, avançou contra Luciano. Ela golpeou ele de cima a baixo, mas ele se esquivou e cortou o braço dela de raspão, a ferida logo se curou e ela continuou atacando.
Laura voou na direção dele e preparou para golpeá-lo novamente de cima para baixo, mas Luciano desviou e cravou sua na perna dela fazendo-a cair no chão e gritar de dor. Ele pegou um pequeno machado que tinha pendurado na cintura e avançou na direção dela sorrindo.
- Mais uma vez irmãzinha... Você agora se convenceu de que jamais poderá se igualar a mim? Da última vez precisou de mais dois serafins me segurando... - Ele levantou o machado e então parou.
Os olhos de Laura começaram a brilhar intensamente, todo o seu corpo reluzia, a claridade afastou as trevas em volta dela e forçou até mesmo a Morte a abaixar o rosto. Era a própria glória de Deus que se manifestava através dela, um pedaço do Altíssimo. O espírito negro que dominava Luciano também foi expulso do corpo dele e ele caiu no chão largando o machado, seu rosto estava cansado e ele sentia dor... só queria que tudo aquilo acabasse logo.
- Irmã...
Laura se levantou, seus olhos ainda brilhavam, seu corpo tremia e parecia que não iria suportar todo aquele poder. Ela pegou a espada e a colocou sobre a cabeça de Luciano.
- Irmão... você pode finalmente descansar. - Ela baixou a espada e cortou fora a cabeça dele. Logo uma forte luz começou a emanar do seu corpo agora morto e consumiu em chamas.
O cavaleiro da morte recuou atemorizado... seus soldados ainda podiam ser destruídos.













Continua..................................................

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cap.34 - Dancing Dead (parte 1)

Caminhamos incansavelmente durante dias ou semanas, ou apenas horas. O tempo no inferno é muito relativo, não temos a luz do dia para nos guiar, não há luz e trevas, apenas trevas. O tempo não passa e para qualquer lugar que você olhe sempre vê a mesma coisa: Destruição.
Fernanda nos guiava tentando evitar ao máximo os demônios, pássamos por vales e grandes poços. Os poços não tinham um fundo visível, apenas uma forte chama subia ocasionalment do fundo queimando as paredes. Toda vez que isso acontecia gemidos e gritos horríveis de dor subiam do poço, como se houvessem pessoas lá dentro queimando.
Uma vez ousei olhar para dentro do poço e vi grandes gaiolas penduradas nas paredes do poço. Dentro das celas formas humanóides cuja carne estava queimada e em algumas partes inexistia, deixando os ossos a mostra. Algum dia foram seres humanos e agora estavam condenados ao sofrimento eterno. Dentro da carne queimada e sendo invadida pelos vermes uma forma obscura se movia dentro... a alma. Almas negras sendo consumidas pelos próprios pecados.
Ouvia suas vozes me chamando e olhei uma velhinha que chorava copiosamente em uma das gaiolas próximas ao fundo, ao me vir ela tentou juntar as mãos como se fosse falar com Deus, clamava a minha ajuda. Mas eu nada podia fazer, não podia interferir no destino daqueles que já haviam sido julgados.
Vez por outra demônios semelhantes aqueles que enfrentamos na boca apareciam e torturavam cada um dos habitantes das gaiolas, esses nós podíamos e tínhamos o prazer de matar.
Avançávamos em fila rumo ao coração do inferno. Laura ia na frente sempre apontando o arco e com um alforje lotado de setas celestiais, atrás dela estava Isa que empunhava duas espadas, logo depois estava eu e atrás de mim, protegendo nossa retaguarda e gritndo ordens estava a Fernanda.
- Estamos muito próximos agora. - Fernanda disse.
Laura parou e uma onda mais forte de calor e enxofre nos rodeou, uma presença maligna pareceu pairar no ar e senti um aperto no coração, como se meu coração fosse estourar dentro do meu peito. No horizonte interminável uma chama brilhava. Eu apontei e não resisti perguntar.
- O que é aquilo? - Perguntei.
- Aquilo é o coração do inferno... - Ela parou - O que você está sentindo, mortal, é o poder de Lúcifer que se irradia até onde nós estamos. Estamos muito próximos dele, a hora da destruição dos anéis está chegando.
Eu tremi, senti a força se esvair do meu corpo, mas me forcei a ficar de pé, precisava resistir e enfrentar minha morte. De repente o chão tremeu e um rugido se ouviu da direção do lago... Lúcifer havia percebido a nossa presença.
Ao longe vimos surgir quatro cavaleiros, na frente deles cavalgava um homem em um cavalo branco, como se fosse um príncipe... Ao se aproximar pude reconhecer seu rosto: Gabriel.
Laura preparou-se para atirar, mas Fernanda a deteve.
- Ainda não é a hora, não desperdiçe suas flechas. - ela sussurrou.
Gabriel e seus cavaleiros ainda avançaram mais alguns passos e pude reconhecer todos, um a um os rostos iam se formando na minha frente e uma onda de terror passou por mim.
- Ora ora... Vejam se não é o mortal e seus anjinhos. - Gabriel sibilou para nós.
- Precisamos resolver um assunto antes, mas se você puder esperar um pouco eu volto pra arrancar a sua cabeça do seu corpo, Gabriel. - Isa falou entre os dentes.
- Creio que não poderão chegar onde querem sem antes passarem por mim e por meus cavaleiros. Vou dispensar as apresentações, afinal todos já se encontraram uma vez... Mortal, acho que você se lembra bem deles: Morte, Guerra, Fome e Peste. - Ao dizer os nomes os cavaleiros e seus cavalos se agitaram - Mas eu não pretendo encostar um único dedo em qualquer um de vocês... Não vou suajr minhas mãos com reles anjos. Minha missão é liderar o exército rumo ao céu e tomar posse do lugar... Afinal é o que se espera do anticristo.
- Anticristo? - Perguntei e percebi que meu corpo tremia.
Gabriel sorriu e acenou com a cabeça. Ele tirou lentamente o elmo da cabeça e seus cabelos caíram sobre os ombros, mas havia algo de diferente... O lado direito de seu rosto estava queimado e sua órbita exibia uma chama negra... Ele estava se tornando um demônio.
- Vejo que notou minha aparência... Muito mais imponente não? Poderá revê-la quando eu arrancar sua cabeça. - Ele colocou o elmo novamente. Ele fez um sinal com a mão e o cavaleiro negro avançou devagar até estar na frente de Gabriel.
Eu o conhecia muito bem, ele me encontrou quando retornei de minha morte e agora sorria para mim... Traidor.
- Não guarde ressentimentos, Daniel. Veja vou deixar você feliz... O que acha de rever alguns velhos amigos? - Ele sorriu para mim.
- Velhos amigos? Do que você está falando? - Eu comecei a recuar.
- Ora... você sabe, com Deus desaparecido eu consegui recuperar a chave da morte, ou seja, eu e somente eu tenho pleno controle sobre os mortos. A última vez que isso aconteceu foi... Bom na crucificação do seu Cristo. - ele riu novamente - Por isso acho de boa conduta deixar que vocês sejam mortos por seus próprios amigos, pessoas que salvaram você e uma em especial que tentou te matar.
Ele avançou mais um pouco e agitou suas mãos. Um brilho negro surgiu em suas órbitas e pareceu irradiar-se por todo o lugar, a terra tremeu novamente e quatro buracos surgiram, desses buracos emergiram quatro corpos de pessoas que eu conhecia muito bem...
- Não! Não pode ser... - Deixei a espada cair no chão.
Quatro pessoas que mudaram minha vida no último ano, velhos amigos e um eterno inimigo... Os corpos na minha frente... Karol, Ana, Luciano e Bélfegor.












Continua.................................

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cap. 33 - Into the Nothing

Avançamos um bom pedaço no escuro, não tinha idéia de para onde estava indo ou como estava indo, sentia a mão da Isa segurando a minha e me guiando na escuridão. Vez ou outra sentia passar por cima de algo espinhento e desviava rapidamente, a escuridã dominava nossos corpos e nossas almas.
"Abandonem toda a esperança... Vós que entrais!" Como um sussuro a voz ecoava fundo na minha mente e parecia vir de algum lugar muito distante de nós. As vezes podia ouvir risadas de escárnio e gritos ao fundo, gemidos tão terriveis que faziam até um anjo tremer, eu sentia a mão da Isa apertar a minha cada vez mais forte...
Paramos, vi dois pontos luminosos poucos metros a minha frente e logo os reconheci... Eram os olhos de Laura, brilhavam na escuridão com uma intensidade mais fraca, talvez para não chamar a atenção. Fernanda parou um pouco atrás da Laura e disse:
- Chegamos.
Avançamos mais alguns passos e então eu vi... O inferno surgia diante dos meus olhos.
Uma grande porta que parecia não ter fim, parecia-se muito com uma boca humana, abria constantemente e fechava logo depois. Quando abria o cheiro de enxofre inundava o ar e me fazia lacrimejar. A "boca" tinha inscrições onde deveriam ser os lábios: "Abandonem toda a esperança vós que entrais". Ouvi novamente o sussuro na minha cabeça e tremi, sentia que toda a vida estava sendo sugada para fora do meu corpo... Aquele não era um lugar para seres humanos.
- Aquilo que vocês estão vendo é a "boca" do inferno. A única entrada e a única saída desse lugar, não há como escapar daqui a não ser por esse portal. O inferno tem a forma de um corpo humano deitado de cotas sobre o centro da Terra, mas ainda que escavassem por metros os humanos normais jamais chegariam a vê-lo. Não é um lugar físico... ainda não. O luga que vocês procuram está localizado no lugar onde seria o coração... A jaula de Lúcifer, o lago de fogo e as masmorras mais antigas desse pesadelo, lá se reúnem os principados e as potestades, os chefes dos exércios demoníacos e os altos servos satânicos que um dia fizeram um juramento a Lúcifer... Humanos amaldiçoados pelo resto da eternidade. - Fernanda fez uma pausa, ela não gostava de estar ali e transparecia nos olhos dela o mesm medo que estava nos meus. - Seremos notados muito antes de chegarmos ao coração, mas devemos causar o menor alarde possível, matem qualquer demônio que virem pela frente pois tenham certeza de que se hesitarem eles arrancarão suas almas de seus corpos. Estamos no território deles.
Fernanda puxou a espada e a escuridão se iluminou um pouco, senti o cordão no meu peito gelar até ficar insuportável. Era a graça de Luciano, a graça era um pouco da essência do próprio Deus, e Ele não habita nas trevas, mas eu precisava resistir, precisava cumprir minha missão e morrer como um anjo.
Todos empunhamos nossas espadas e seguimos rumo ao grande portal, dois demônios guardavam a entrada: Tinham mais de dois metros de altura e suas formas não lembravam em nada humanóides, tinham corpos de urso, repletos de espinhos, uma grande cabeça de bode ficava no topo do corpo, asas queimadas e esqueléticas saíam dos ombros e no lugar das pernas haviam patas de leão, no lugar dos pés dois cascos. As órbitas da cabeça de bode exibim uma chama negra que sugava a vida ao seu redor.
Mas o que mais me espantou não foi isso... A porta se abria constantemente, mas não para a entrada de demônios, mas pra enrada de seres humanos. Humanos de corpos esqueléticos e sangrando, eram arrastados para dentro debaixo de surras e gargalhadas, choravam e gritavam, o terror dominava seus olhos... Almas perdidas, aqueles que escolheram o caminho das trevas ou que simplismente viraram as costas para Deus.
Nesse momento me dei conta de que o inferno também é real, percebi que sempre fui a igreja mas nunca acreditei realmente no inferno. Nunca duvidei do céu, mas achei que inda que fosse mal o castigo nunca viria. Veer aquelas pessoas sendo arrasadas para o sofrimento eterno mudou minha visão. Uma mão pousou no meu ombro e me rouxe de volta a realidade, um sussuro cada vez mais perto, me virei e vi o rosto da Isa fracamente iluminado pelas nossas espadas e nossos olhos. Ela nunca se parecera tanto com um anjo.
- É hora de entrarmos. - Ela disse.
- Cuidado, garoto. - Fernanda disse - Não olhe diretaente nos olhos deles, corte suas cabeças, você tem algo de um anjo dentro de si. Vai se sair bem. Tenha fé.
Avançamos... Caminhamos rumo a morte e poucos metros antes de chegarmos passamos a correr pra cima dos dois demônios. Eles foram pegos de surpresa inicialmente e recuaram, foi a nossa deixa. Fernanda livrou-se de sua forma mortal e um grande clarão surgiu no lugar... Não precisaa mais fechar meus olhos, podia ver o que estava acontecendo...
As asas de Fernanda se abriram cobrindo mais de cinco metros a sua volta, sua espada alongou-se e uma expressão de medo surgiu no crânio seco do demônio.
- Você...
Fernanda abaixou a espada e decepou a cabeça dele fazendo-a rolar pelo chão e e uma luz negra brotou do corpo morto do demônio, ele começou a queimar e mais uma vez o cheiro de enxofre dominou o lugar.
O outro demônio recuperou-se do susto e brandiu um longo machado em cima de Fernanda, ela desviou do golpe mas foi jogada para trás, jogando sua espada longe. Ele correu na direção dela, mas antes que pudesse alcançá-la uma seta trespassou seu corpo fazendo ele se iluminar e logo em seguida queimar também.
Fernanda abriu os olhos e viu Laura em sua expressão mais severa. Seus olhos reassumiram um brilho intenso e seu arco brilhava como se fosse fogo. Suas asas estavam abertas: Quatro asas simbolizando seu poder como querubim, a graça pura de Deus.
- Obrigado. - Fernanda murmurou e levanou-se indo buscar sua espada.
- Vamos, não temos tempo a perder. - Laura disse e continuou em direção ao portão.
Seguimos todos em direção ao portão e não tivemos de esperar muito para ele ser aberto novamente, mais um humano era arrastado para dentro. Não podíamos interferir, essa era lei, era o castigo deles. Avançamos na escuridão e cheiro de enxofre torou-se insuportável.
"Abandonai toda a esperança vós que entrais"















Continua..............................................