sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cap.34 - Dancing Dead (parte 1)

Caminhamos incansavelmente durante dias ou semanas, ou apenas horas. O tempo no inferno é muito relativo, não temos a luz do dia para nos guiar, não há luz e trevas, apenas trevas. O tempo não passa e para qualquer lugar que você olhe sempre vê a mesma coisa: Destruição.
Fernanda nos guiava tentando evitar ao máximo os demônios, pássamos por vales e grandes poços. Os poços não tinham um fundo visível, apenas uma forte chama subia ocasionalment do fundo queimando as paredes. Toda vez que isso acontecia gemidos e gritos horríveis de dor subiam do poço, como se houvessem pessoas lá dentro queimando.
Uma vez ousei olhar para dentro do poço e vi grandes gaiolas penduradas nas paredes do poço. Dentro das celas formas humanóides cuja carne estava queimada e em algumas partes inexistia, deixando os ossos a mostra. Algum dia foram seres humanos e agora estavam condenados ao sofrimento eterno. Dentro da carne queimada e sendo invadida pelos vermes uma forma obscura se movia dentro... a alma. Almas negras sendo consumidas pelos próprios pecados.
Ouvia suas vozes me chamando e olhei uma velhinha que chorava copiosamente em uma das gaiolas próximas ao fundo, ao me vir ela tentou juntar as mãos como se fosse falar com Deus, clamava a minha ajuda. Mas eu nada podia fazer, não podia interferir no destino daqueles que já haviam sido julgados.
Vez por outra demônios semelhantes aqueles que enfrentamos na boca apareciam e torturavam cada um dos habitantes das gaiolas, esses nós podíamos e tínhamos o prazer de matar.
Avançávamos em fila rumo ao coração do inferno. Laura ia na frente sempre apontando o arco e com um alforje lotado de setas celestiais, atrás dela estava Isa que empunhava duas espadas, logo depois estava eu e atrás de mim, protegendo nossa retaguarda e gritndo ordens estava a Fernanda.
- Estamos muito próximos agora. - Fernanda disse.
Laura parou e uma onda mais forte de calor e enxofre nos rodeou, uma presença maligna pareceu pairar no ar e senti um aperto no coração, como se meu coração fosse estourar dentro do meu peito. No horizonte interminável uma chama brilhava. Eu apontei e não resisti perguntar.
- O que é aquilo? - Perguntei.
- Aquilo é o coração do inferno... - Ela parou - O que você está sentindo, mortal, é o poder de Lúcifer que se irradia até onde nós estamos. Estamos muito próximos dele, a hora da destruição dos anéis está chegando.
Eu tremi, senti a força se esvair do meu corpo, mas me forcei a ficar de pé, precisava resistir e enfrentar minha morte. De repente o chão tremeu e um rugido se ouviu da direção do lago... Lúcifer havia percebido a nossa presença.
Ao longe vimos surgir quatro cavaleiros, na frente deles cavalgava um homem em um cavalo branco, como se fosse um príncipe... Ao se aproximar pude reconhecer seu rosto: Gabriel.
Laura preparou-se para atirar, mas Fernanda a deteve.
- Ainda não é a hora, não desperdiçe suas flechas. - ela sussurrou.
Gabriel e seus cavaleiros ainda avançaram mais alguns passos e pude reconhecer todos, um a um os rostos iam se formando na minha frente e uma onda de terror passou por mim.
- Ora ora... Vejam se não é o mortal e seus anjinhos. - Gabriel sibilou para nós.
- Precisamos resolver um assunto antes, mas se você puder esperar um pouco eu volto pra arrancar a sua cabeça do seu corpo, Gabriel. - Isa falou entre os dentes.
- Creio que não poderão chegar onde querem sem antes passarem por mim e por meus cavaleiros. Vou dispensar as apresentações, afinal todos já se encontraram uma vez... Mortal, acho que você se lembra bem deles: Morte, Guerra, Fome e Peste. - Ao dizer os nomes os cavaleiros e seus cavalos se agitaram - Mas eu não pretendo encostar um único dedo em qualquer um de vocês... Não vou suajr minhas mãos com reles anjos. Minha missão é liderar o exército rumo ao céu e tomar posse do lugar... Afinal é o que se espera do anticristo.
- Anticristo? - Perguntei e percebi que meu corpo tremia.
Gabriel sorriu e acenou com a cabeça. Ele tirou lentamente o elmo da cabeça e seus cabelos caíram sobre os ombros, mas havia algo de diferente... O lado direito de seu rosto estava queimado e sua órbita exibia uma chama negra... Ele estava se tornando um demônio.
- Vejo que notou minha aparência... Muito mais imponente não? Poderá revê-la quando eu arrancar sua cabeça. - Ele colocou o elmo novamente. Ele fez um sinal com a mão e o cavaleiro negro avançou devagar até estar na frente de Gabriel.
Eu o conhecia muito bem, ele me encontrou quando retornei de minha morte e agora sorria para mim... Traidor.
- Não guarde ressentimentos, Daniel. Veja vou deixar você feliz... O que acha de rever alguns velhos amigos? - Ele sorriu para mim.
- Velhos amigos? Do que você está falando? - Eu comecei a recuar.
- Ora... você sabe, com Deus desaparecido eu consegui recuperar a chave da morte, ou seja, eu e somente eu tenho pleno controle sobre os mortos. A última vez que isso aconteceu foi... Bom na crucificação do seu Cristo. - ele riu novamente - Por isso acho de boa conduta deixar que vocês sejam mortos por seus próprios amigos, pessoas que salvaram você e uma em especial que tentou te matar.
Ele avançou mais um pouco e agitou suas mãos. Um brilho negro surgiu em suas órbitas e pareceu irradiar-se por todo o lugar, a terra tremeu novamente e quatro buracos surgiram, desses buracos emergiram quatro corpos de pessoas que eu conhecia muito bem...
- Não! Não pode ser... - Deixei a espada cair no chão.
Quatro pessoas que mudaram minha vida no último ano, velhos amigos e um eterno inimigo... Os corpos na minha frente... Karol, Ana, Luciano e Bélfegor.












Continua.................................

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