terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Cap. 33 - Into the Nothing

Avançamos um bom pedaço no escuro, não tinha idéia de para onde estava indo ou como estava indo, sentia a mão da Isa segurando a minha e me guiando na escuridão. Vez ou outra sentia passar por cima de algo espinhento e desviava rapidamente, a escuridã dominava nossos corpos e nossas almas.
"Abandonem toda a esperança... Vós que entrais!" Como um sussuro a voz ecoava fundo na minha mente e parecia vir de algum lugar muito distante de nós. As vezes podia ouvir risadas de escárnio e gritos ao fundo, gemidos tão terriveis que faziam até um anjo tremer, eu sentia a mão da Isa apertar a minha cada vez mais forte...
Paramos, vi dois pontos luminosos poucos metros a minha frente e logo os reconheci... Eram os olhos de Laura, brilhavam na escuridão com uma intensidade mais fraca, talvez para não chamar a atenção. Fernanda parou um pouco atrás da Laura e disse:
- Chegamos.
Avançamos mais alguns passos e então eu vi... O inferno surgia diante dos meus olhos.
Uma grande porta que parecia não ter fim, parecia-se muito com uma boca humana, abria constantemente e fechava logo depois. Quando abria o cheiro de enxofre inundava o ar e me fazia lacrimejar. A "boca" tinha inscrições onde deveriam ser os lábios: "Abandonem toda a esperança vós que entrais". Ouvi novamente o sussuro na minha cabeça e tremi, sentia que toda a vida estava sendo sugada para fora do meu corpo... Aquele não era um lugar para seres humanos.
- Aquilo que vocês estão vendo é a "boca" do inferno. A única entrada e a única saída desse lugar, não há como escapar daqui a não ser por esse portal. O inferno tem a forma de um corpo humano deitado de cotas sobre o centro da Terra, mas ainda que escavassem por metros os humanos normais jamais chegariam a vê-lo. Não é um lugar físico... ainda não. O luga que vocês procuram está localizado no lugar onde seria o coração... A jaula de Lúcifer, o lago de fogo e as masmorras mais antigas desse pesadelo, lá se reúnem os principados e as potestades, os chefes dos exércios demoníacos e os altos servos satânicos que um dia fizeram um juramento a Lúcifer... Humanos amaldiçoados pelo resto da eternidade. - Fernanda fez uma pausa, ela não gostava de estar ali e transparecia nos olhos dela o mesm medo que estava nos meus. - Seremos notados muito antes de chegarmos ao coração, mas devemos causar o menor alarde possível, matem qualquer demônio que virem pela frente pois tenham certeza de que se hesitarem eles arrancarão suas almas de seus corpos. Estamos no território deles.
Fernanda puxou a espada e a escuridão se iluminou um pouco, senti o cordão no meu peito gelar até ficar insuportável. Era a graça de Luciano, a graça era um pouco da essência do próprio Deus, e Ele não habita nas trevas, mas eu precisava resistir, precisava cumprir minha missão e morrer como um anjo.
Todos empunhamos nossas espadas e seguimos rumo ao grande portal, dois demônios guardavam a entrada: Tinham mais de dois metros de altura e suas formas não lembravam em nada humanóides, tinham corpos de urso, repletos de espinhos, uma grande cabeça de bode ficava no topo do corpo, asas queimadas e esqueléticas saíam dos ombros e no lugar das pernas haviam patas de leão, no lugar dos pés dois cascos. As órbitas da cabeça de bode exibim uma chama negra que sugava a vida ao seu redor.
Mas o que mais me espantou não foi isso... A porta se abria constantemente, mas não para a entrada de demônios, mas pra enrada de seres humanos. Humanos de corpos esqueléticos e sangrando, eram arrastados para dentro debaixo de surras e gargalhadas, choravam e gritavam, o terror dominava seus olhos... Almas perdidas, aqueles que escolheram o caminho das trevas ou que simplismente viraram as costas para Deus.
Nesse momento me dei conta de que o inferno também é real, percebi que sempre fui a igreja mas nunca acreditei realmente no inferno. Nunca duvidei do céu, mas achei que inda que fosse mal o castigo nunca viria. Veer aquelas pessoas sendo arrasadas para o sofrimento eterno mudou minha visão. Uma mão pousou no meu ombro e me rouxe de volta a realidade, um sussuro cada vez mais perto, me virei e vi o rosto da Isa fracamente iluminado pelas nossas espadas e nossos olhos. Ela nunca se parecera tanto com um anjo.
- É hora de entrarmos. - Ela disse.
- Cuidado, garoto. - Fernanda disse - Não olhe diretaente nos olhos deles, corte suas cabeças, você tem algo de um anjo dentro de si. Vai se sair bem. Tenha fé.
Avançamos... Caminhamos rumo a morte e poucos metros antes de chegarmos passamos a correr pra cima dos dois demônios. Eles foram pegos de surpresa inicialmente e recuaram, foi a nossa deixa. Fernanda livrou-se de sua forma mortal e um grande clarão surgiu no lugar... Não precisaa mais fechar meus olhos, podia ver o que estava acontecendo...
As asas de Fernanda se abriram cobrindo mais de cinco metros a sua volta, sua espada alongou-se e uma expressão de medo surgiu no crânio seco do demônio.
- Você...
Fernanda abaixou a espada e decepou a cabeça dele fazendo-a rolar pelo chão e e uma luz negra brotou do corpo morto do demônio, ele começou a queimar e mais uma vez o cheiro de enxofre dominou o lugar.
O outro demônio recuperou-se do susto e brandiu um longo machado em cima de Fernanda, ela desviou do golpe mas foi jogada para trás, jogando sua espada longe. Ele correu na direção dela, mas antes que pudesse alcançá-la uma seta trespassou seu corpo fazendo ele se iluminar e logo em seguida queimar também.
Fernanda abriu os olhos e viu Laura em sua expressão mais severa. Seus olhos reassumiram um brilho intenso e seu arco brilhava como se fosse fogo. Suas asas estavam abertas: Quatro asas simbolizando seu poder como querubim, a graça pura de Deus.
- Obrigado. - Fernanda murmurou e levanou-se indo buscar sua espada.
- Vamos, não temos tempo a perder. - Laura disse e continuou em direção ao portão.
Seguimos todos em direção ao portão e não tivemos de esperar muito para ele ser aberto novamente, mais um humano era arrastado para dentro. Não podíamos interferir, essa era lei, era o castigo deles. Avançamos na escuridão e cheiro de enxofre torou-se insuportável.
"Abandonai toda a esperança vós que entrais"















Continua..............................................

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