sábado, 27 de novembro de 2010

Cap. 32 - Agnus Dei

O anjo se aproximou devagar de nós, estudando cada expressão, cada movimento. Ela possuía algo diferente dos utrsos anjos, algo diferente no olhar, como se já houvesse visto os piores momentos da Terra, como se as lembranças do que ela havia visto a atormentassem todo o tempo. Se alguém havia ido ao inferno e voltado, esse alguém seria ela. E ela parecia ver o inferno em toda parte.
- Eu sou Fernanda. - Ela estendeu a mão em minha direção, o olhar frio como o gelo penetrando na minha mente.
Estendi minha mão enquanto me apoiava no chão sobre minhas próprias pernas. Senti como se duas toneladas estivessem apoiadas sobre minhas pernas, mas me mantive de pé, sustentei o olhar frio dela. Ela apertou minha mão, e sorriu, não sei se de um jeito bom ou ruim.
- Você está se adaptando muito bem a graça de Miguel. Qualquer outro humano já teria morrido, vai ser interessante ir até o inferno com você, veremos do que você é capaz. - Ela disse secamente.
Miguel deu um passo a frente e se colocou entre mim e Fernanda.
- Esse é Daniel, ele, Isa e Laura irão juntos com você para o inferno. O que você deve fazer é conduzi-los em segurança e ....
- Odeio ter tantos anjos sob o meu controle, você sabe disso Miguel, você sabe o que aconteceu da última vez. - Fernanda disse
- Eu sei exatamente o que aconteceu. Mas dessa vez é diferente, os tempos são diferentes, você também sabe disso. Você deve conduzir eles até o lago de fogo e desviar a atenção de Gabriel deles.
- Gabriel? O arcanjo? O que ele estaria fazendo no inferno?
- Ele é um dos cãezinhos de Lúcifer agora e já tentou matar a todos aqui uma dezena de vezes. - Laura respondeu e Fernanda focou seu olhar nela.
- Ainda não fomos apresentadas não é? Eu sou Laura, o querubim.
- Prazer. - Ela respondeu secamente.
E assim todos nós fomos nos apresentando, ela focando o olhar devagar em cada, memorizando nossos rostos e nossas vozes, mas principalmente vasculhando nossas mentes. Apesar de toda a frieza dela, eu ainda podia sentir dentro dela alguém com tanto medo de alguma coisa que seria capaz de dar a sua vida para não encontrá-la. As lembranças dela eram um fardo tão pesado quanto o apocalipse era pra mim.
- É hora de nós nos separarmos. - Miguel olhou pra mim e estendeu a mão. - Foi uma honra conhecer você Daniel. Espero que seja realmente tudo aquilo que inspira em mim e em seus amigos, porque se você for então venceremos esta batalha.
- Fala como se isso fosse uma despedida. - Eu disse
- E é. Você sabe que é, sabe que ao final disso tudo um de nós ainda estará de pé e o outro cairá. - Ele disse.
Olhei para todos nós juntos uma última vez, todos o smeus amigos, todos aqueles que salvaram minha vida nos últimos meses, que me ajudaram a passar por tudo, desde a morte até a traição. Meus amigos... Meus irmãos. Essa provavelmente era a última vez que todos nós nos encontrávamos juntos.
Miguel virou de costas, Vitor, Gustavo e Mariana também. Eles caminharam em direção a porta e simplismente desapareceram. Sem despedidas, sem adeus. Como deveria ser, não deveriam haver despedidas, elas apenas fariam crescer em nós a certeza de que nunca mais nos veríamos, não que nós não a tivéssemos, apenas preferíamos ignorar.
- É hora partirmos também. Seus irmãos contam conosco, precisamos fazer o que temos de fazer para que eles possam ganhar a batalha. - Fernanda disse.
- Fala como se não fossem seus irmãos também, Fernanda. - Isa disse
- E não são. Já não o são há muito tempo, porque há muito tempo eu morri e no dia em que morri, matei meus irmãos. Tenho uma dívida com Miguel e devo pagá-la, depois vou buscar meu próprio caminho, longe de tudo isso que vocês chamam de céu e inferno. - Fernanda disse novamente.
Ela também cmainhou em direção a porta e desapareceu. Lentamente caminhamos também. Parecia que anjos deixavam um rastro por onde se moviam e através desse rastro poderiam um seguir ao outro. É algo difícil de explicar, mas se você possui a graça de um anjo fica muito masi fácil de praticar. Minhas pernas ainda pesavam no andar, mas quanto mais eu andava mais elas iam edendo e se acostumando ao meu corpo, eu estava me adaptando e absorvendo a graça de Miguel bem rápido, mais rápido do que normalmente deveria.
Quando me dei conta estava na Lapa, no topo dos arcos, pisando em cima da linha do bondinho, era mais alto do que parecia ser. Fernanda estava na ponta de um trilho enquanto encarava a noite escura.
- O que estamos fazendo aqui? - Eu perguntei.
- Estamos procurando a porta do Inferno. - Isa me disse.
- Aqui?
- Onde mais você achou que fosse? Num lar de crianças abandonadas? - Laura respondeu
- O portal do inferno não poderia estar em um lugar mais conveniente do que na cidade do pecado. O lugar onde tudo é possível por uma noite, o lugar onde almas são compradas e vendidas como tequila. - Fernanda parou de falar e fixou o olhar em algum ponto lá embaixo - Achei!
Eu não acreditei no que ela fez em seguida, mas fui atrás dela, esperando que desse certo comigo também. Ela se jogou do alto dos arcos em direção ao chão, ela nem mesmo fechou os olhos. Eu fiz diferente, fechei os olhos e orei baixinho, pedindo pra dar certo comigo também.
Abri os olhos de novo e estava pisando em chão firme, estava de pé e inteiro... Eu qase me ajoelhei ali mesmo, mas nao cairia bem. Estávamos todos parados na porta de um barzinho chamado Hell´s Gate. Bem conveniente.
Fernanda foi na frente e abiu a porta, imediatamente um cheiro forte de enxofre pairou sobre nós e eu podia escutar gritos e gemidos vindos lá de dentro, podia sentir o calor no meu rosto e o medo subindo pela minha espinha. Eu estava diante do inferno, e eu tive a certeza de que não sairia vivo dali. Minhas visões, meus sonhos, minha morte me esperava sorrindo.
Enfrentei o medo dentro de mim e caminhei em direção a porta. Se eu ia morrer, que morresse fazendo o que vim fazer, morresse como um homem não como um garoto. Laura e Isa me seguiram.
Tudo ficou escuro e a escuridão entrou em nós.










Continua.......................

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Cap. 31 - Natural Born Killer

As sensações foram voltando aos poucos. Primeiro o tato, quando senti a mesa fria sob minhas costas nuas. Segundo a audição, quando comecei a ouvir sussuros a minha volta. Depois veio a visão, qual figuras ainda embaçadas começaram a aparecer sobre mim. E por último o olfato.
Mas havia algo de diferente, tudo estava muito mais forte, eu podia ouvir meu coração batendo, eu sentia a graça angelical correndo nas minhas veias, sentia o poder emanando de mim. Tentei me levantar aos poucos da mesa, ainda não tinha pleno controle do meu corpo de modo que quase caí quando tentei sair da mesa.
- Ainda não deveria se esforçar, Daniel. A adaptação é demorada e dolorida. - A voz de Miguel veio de algum lugar a minha direita. No momento a única coisa na qual eu tentava me concetrar era em erguer minha cabeça.
Senti um braço passando ao redor da minha cintura e me ajudando a levantar.
- Bem vindo de volta. - Isa dizia com a voz doce de sempre, ela sorriu e finalmente tive certeza de estar vivo.
Vitor veio caminhando em minha direção, o rosto inflexível. Ele estendeu a mão e tocou meu cordão.
- O que é isso? - Ele perguntou.
Abaixei novamente a cabeça e reparei no cordão que pendia do meu pescoço. Não era meu cordão, era uma corrente com um pequeno pingente, o cordão angelical que Luciano me deu... As lembranças foram voltando em enxurradas violentas e tive que balançar a cabeça para organizar os pensamentos.
- Esse é o cordão do Luciano. - Laura disse.
- O que você está fazendo com isso? Onde você esteve? - Vitor parou de falar por um momento - Você esteve lá não foi?
- Lá onde?
- O cemitério de anjos, a única parte do céu que é de acesso restrito para todo e qualquer anjo. - Mariana falou. - Como é lá?
Eu tentava me explicar, não via o porquê de não poder contar, mas quando ia começar a falar, a mão de Miguel pousou no meu ombro.
- Não é algo que devamos saber. Não é importante.
- Não é para você. Preciso saber onde vou passar o resto da eternidade. - Vitor olhou para baixo, o rosto triste. - Já estamos mortos mesmo, não faz diferença.
- Chega. - Miguel falou e todos olharam para ele. - Temos coisas mais importantes a resolver agora, como por exemplo como você vão ao inferno.
Ele olhou para mim.
- O que quer dizer com vocês? Pensei que todos fôssemos ao inferno. - Mariana disse.
- Não. Preciso de vocês comandando exércitos celestiais, a batalha contra Uriel não será fácil e ele não estará sozinho. Gabriel e o Inferno inteiro estará com ele. - Ele olhou pra mim - Se vocês falharem, eu vou precisar de ajuda para segurar o exército de Uriel.
- Por quanto tempo? - Gustavo perguntou.
- Até que o último anjo esteja morto.
Todos se calaram, a guerra estava cada vez mais perto. A batalha do apocalipse avançava a passos largos em nossa direção, já não havia mais escolha. Estávamos todos irrevogavelmente condenados.
- Quem de nós vai acompanhar o semianjo aqui? - Isa falou, a voz ainda estava doce apesar da seriedade.
- Antes de ele responder... Nos diga Miguel como podemos confiar em você? - Laura olhou para ele, os olhos brilhavam como se dentro deles houvesem chamas.
- Não temos escolha, vocês podem resolver ir todos juntos ao inferno e morrer lá ou se dividir e ter a chance de voltarem vivos. Não peço a você que confiem em mim como seu líder, peço que confiem em mim como seu irmão. Além do mais, se todos vocês fossem ao inferno a presença de vocês seria logo percebida, o poder que emana de vocês juntos é muito grande pra passar despercebido pelos principados.
Laura olhou para ele, as chamas foram diminuindo aos poucos. Não tínhamos escolha, confiar em Miguel era a nossa única saída.
- Vitor, Gustavo e Mariana vêm comigo para os frontes de batalha. Preciso de arcanjos e serafins comigo, estarei liderando a primeira frente e preciso garantir a passagem do exército até Uriel e destruí-lo. - Ele fez uma pausa. - Isa, Laura, Daniel e Fernanda vão ao inferno e destruirão os anéis, assim vamos garantir que Lúcifer não quebre suas correntes.
- Quem é Fernanda? - Eu perguntei alheio a tudo.
- Fernanda é o único anjo que já foi ao inferno e saiu de lá com vida, se vocês prentendem sair de lá vivos, ela é a única chance. - Miguel falou.
- Pensei que isso fosse apenas uma lenda. - Isa disse.
- Lendas não existem, apenas distorções da verdade. E eu não sou uma distorção. - Uma voz desconhecida surgiu de algum lugar atrás de nós.
Todos nos viramos e nos deparamos com o anjo atrás de nós. Ela possuía o mesmo fogo nos olhos que Mariana, dava pra ver atrás de seus óculos escuros. Ela vestia uma armadura de batalha celestial e trazia uma espada na mão, de alguma forma ela me lembrava Atena.
Fernanda caminhou até nós e estendeu a mão para mim.
- Bem vindo a família.












Continua.................

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Cap.30 - Blood Brothers

Ainda podia ouvir ao longe o som de pássaros, podia sentir o vento soprando sobre os meus cabelos. Mas não conseguia me mover, estava parado, estático, como se minha alma ainda estivesse desconectada do meu corpo. Tentei me concentrar na fina linha de vida que ainda me mantia preso ao corpo, me forcei a abrir os olhos, tudo começou a ficar claro, a claridade invadiu minha mente. Por um momento senti que meu cérebro iria queimar, ainda assim sustentie meus olhos abertos. Sentia me um recém nascido vendo a luz pela primeira vez.
No entanto, a paisagem à minha volta não condizia em nada com onde eu me lembrava de estar pela última vez. A mesa fria dera lugar a um gramado iluminado pelo sol da manhã; as paredes deram lugar a um vasto horizonte. Eu estava em um campo, um prado que parecia não ter fim, eu conhecia aquele lugar de alguma maneira... eu já estive ali.... Aquele era o lugar onde eu havia me encontrado com Deus, mas havia algo de diferente, senti uma placa fria sob a minha cabeça.
Ainda retomando o controle do meu corpo, vi onde estava apoiado. Era uma lápide de mármore com algum nome.... Um nome que eu não houvia há muito tempo.
- Ana. - Balbuciei a palavra e me lembrei imediatamente de como ela havia ido parar ali... Havia sido minha culpa, minha causa. Ela trocou a vida dela pela minha.
Me levantei, as pernas tremiam, como se nunca houvesse caminhado antes. Aos poucos meu corpo foi reconhecendo seu dono, me dei conta de que estava com as mesmas roupas de antes de receber a graça de Miguel. Uma calça jeans rasgada nos joelhos e sem camisa, o lugar onde Miguel fizera o corte com sua faca agora exibia uma longa cicatriz.
Olhei ao meu redor e me dei conta de onde estava.
"Cemitério de Anjos" O lugar era repleto de lápides semelhantes a da Ana. Mais acima em uma colina um anjo estava descansando sob a sombra de uma árvore, ele estava de costas pra mim. Suas asas saíam de suas costas imponentes e caíam sobre suas costas, ele exibia uma cicatriz circular no meio das costas, como se uma espada o houvesse atravessado. A ponta de suas asas estavam chamuscadas e em algumas partes não exibia plumagem. Me dei conta pela primeira vez de que estava vendo um anjo em sua verdadeira forma, sua pele estava brilhante como se fosse ouro e atrás dele estavam parte de uma armadura.
Algo me levou a caminhar até ele, algo dentro de im se lembrava de tê-lo visto em algum lugar... Um velho amigo.
- Olá irmãozinho. - A voz ecoou no horizonte. Uma voz conhecida, uma voz amiga que se tornara a voz de desprezo e de morte.
- Luciano.
O anjo virou-se pra mim, estava de calças jeans assim como eu, exibia uma cicatriz circular na frente do tórax também. Ele parecia abatido, como se mil anos realmente o tivessem envelhecido.
- Sim. - Ele tocou a cicatriz - Essa é minha última marca como seu anjo da guarda. Geralmente os anjos derrotados em batalha tem seus corpos recuperados, livres de cicatrizes, imaculados. Mas de alguma forma essa cicatriz ainda está aqui... De certa forma, eu ainda estou aqui. Nem vivo, nem morto. Condenado a passar a eternidade lembrando do meu maior erro.
Ele encarava o horizonte, talvez tentasse não me olhar dentro dos olhos. "Traidor" foi o que eu pensei.
- E que erro seria esse? Talvez tentar entregar um amigo para a morte? Talvez ter traído seus irmãos? - Minha voz era de escárnio, jamais me esqueceria da traição dele.
Ele olhou nos meus olhos pela primeira vez. Pela primeira vez encarei um anjo face a face em sua forma real, ele estava abatido, sua expressão era de tristeza absoluta. As lágrimas caíam da sua face, o choro de um anjo era algo raro de se ver. Era a primeira vez que o via chorar.
- Muito mais do que isso Daniel. Quando tudo isso começou, quando fui mantido preso no inferno, quando Uriel veio me libertar... Eu achei, eu pensei que era meu dever proteger minha família, era meu dever tentar preservar a ordem como eu a conheci desde a minha formação. Eu fiz o que achei certo, traí você para poder manter a ordem que eu tanto prezava.... Eu estava enganado. Uma das coisas que eu aprendi a admirar em vocês humanos, era sau capacidade de se adaptar as mais novas situações, a não deixar se abalar pelas mudanças, a mudar junto com elas. Anjos deveriam aprender isso também. O medo da mudança me tornou cego e não me permitiu ver o que realmente estava acontecendo... Tudo já havia mudado, minha família havia sido destruída, meu Pai havia sumido e os irmãos que eu deveria proteger... Eu abandonei.
- O que está querendo dizer com isso? - Minha voz ficou calma novamente, eu sabia o sofrimento que ele estava passando. Eu também havia perdido minha família, eu também estava perdido entre a vida e a morte. Entre a divindade e a humanidade.
- O que eu quero dizer é... Perdão. Perdão por ter traído você, perdão por tê-lo abandonado... Você é meu irmão e meu amigo, eu deveria ter estado ao seu lado... Eu... Eu... Fui um péssimo irmão, um péssimo anjo... Um péssimo amigo.
Ele tentava de alguma forma desviar o olhar, mas seus olhos estavam presos, as lágrimas caíam copiosamente dos seus olhos.
Estendi a mão para ele, um gesto de amizade que o surpreendeu. Ele ficou alguns minutos sem entender o que acontecia. Estava mais perdido do que quando o encontrei.
- O que é isso? - Ele perguntou incrédulo.
- Minha mão. - Eu ri - Nós humanos costumamos chamar isso de um aperto de mão. Um sinal de amizade.
- Por que está fazendo isso? Você deveria me odiar... Isso... Isso...
- Isso chama-se perdoar. Nós humanos podemos ser imperfeitos, podemos estar longe de Deus, mas aprendemos algo ao longo dos anos... Aprendemos algo com Ele. Todos cometemos erros dos quais nos envergonhamos, todos sofremos por causa disso. A dor é inevitável mas o sofrimento é opcional. Não devemos ser condenados pelos nossos erros, devemos ser capazes de perdoar a nós mesmo e seguir em frente. Você errou e isso custou a sua vida. Mas você faz parte da família, Luciano. Você é meu irmão e assim como todos também merece perdão.
Ele estendeu a mão e tocou a minha, um sinal de amizade havia muito tempo perdido. A restauração da união entre dois amigos. Irmãos de sangue e de graça.
- O que está fazendo aqui? Você está diferente. - As sombras foram abandonando sua face aos poucos. O Luciano que eu conhecia estava vindo a tona, meu irmão.
- Não sei porque estou aqui. Estou me preparando para ir ao inferno. Preciso destruir os anéis dos cavaleiros, mas o único jeito de descer até lá e tentar voltar vivo é sendo um anjo.
Ele me encarou por mais alguns instantes.
- Miguel deu a graça dele a você? Isto é muito perigoso, ele é o arcanjo mais forte de Deus, a graça dele é uma boa parte da própria essencia do Altíssimo. Você sabe que pode morrer não sabe? E se você está aqui é porque de certa forma está morrendo.
- Eu preciso voltar Luciano, preciso destruir os anéis antes que Gabriel os tire de mim e os use pra liber Lúcifer.
- Os anéis são muito poderosos, se reunidos são capazes de libertar Lúcifer de suas correntes. Mas levá-los ao inferno e destruí-los é loucura...
Ele me olhou e percebeu que eu não mudaria minha decisão. Ele colocou a mão sobre o pescoço e pela primeira vez notei o cordão dele, semelhante ao de Miguel, a graça de um anjo. Ele tirou o cordão do pescoço e me entregou.
- Vai precisar disso. - Ele sorriu. - Gostaria de poder fazer mais... mas isso é tudo o que posso fazer no momento. Se quiser voltar do inferno vai precisar de mais graça do que Miguel pode te conceder. Coloque esse cordão no pescoço e o use para sair do inferno.
Ele começou a caminhar para longe de mim, estava indo em direção ao horizonte, seu rosto brilhava com mais intensidade do que antes. Seus olhos começaram a emanar um brilho intenso.
- Onde você está indo? - Perguntei.
- É minha hora de me juntar a todos os meus irmãos mortos. Minha missão foi cumprida. Viva a vida plena de um anjo Daniel, faça por seus irmãos o que eu deveria ter feito. Obrigado por ser meu amigo, mas agora é sua hora de voltar também.
Senti um vórtex me puxando para trás. Um vento forte, senti a linha de vida me puxando de volta ao meu corpo. Era hora de voltar. Vi Luciano se afastando cada vez mais, indo cada vez mais para o longe.
- Irmão! - Eu chamei e minha voz se perdeu no vazio.
Em um lampejo de luz vi Luciano se juntar aos meus pais, meus avós toda a família que eu não via há muito tempo...
- Estamos todos com você Daniel, não importa onde esteja. Tenho orgulho de você filho. - A voz do meu pai ecoou na minha mente, saudades de um amigo.
Tudo escureceu novamente, mas não por muito tempo.
Meus pulmões se contraíram de forma rápida puxando o ar com vilência pra dentro. O oxigênio queimava minha traquéia e uma onda de calor e dor atravessou meu corpo. Meus olhos viram a luz, e minha pupila contraiu-se imediatamente. As paredes voltaram ao seu lugar, já não estava mais na mesa, mas na cama.
Eu voltei... Eu estou vivo... Eu estou pronto para enfrentar o Senhor das Trevas.











Continua..................................