terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cap.41 - The heart, the soul, the life, the passion

Sabe a sensação de perder tudo o que é mais importante pra você? Sabe a sensação de que aquilo que você mais ama, aquilo pelo qual você daria sua vida simplesmente escapa dos seus dedos? Como se o peso do mundo se apoiasse cada vez mais sobre as suas costas e firmas as pernas já não fosse o suficiente, porque não importa o que você sinta ou pense, você sabe que no fim você não poderá vencer, que as cicatrizes ficarão sempre ali...
Poderia dizer que o que me movia agora eram sentimentos altruístas, sentimentos bons, sentimentos de paz, que uma promessa rondava na minha cabeça e que eu lutava por toda a humanidade... Mas eu estaria mentindo. Eu lutava por mim mesmo, com um único objetivo: Tirar do meu peito a dor que me consumia e dos meus ombros o peso que me afogava na minha dor. Não me importava mais viver ou morrer, o destino do mundo ou tudo o mais, eu só via um par de órbitas vazias a minha frente, um ex anjo que agora nada mais era que o próprio anticristo.
- Sim! Era isso que eu esperava ver Daniel... no final das contas você deve reconhecer que é igual a mim, luta por si mesmo, pra se livrar do que está dentro de você... você sabe disso. - Gabriel cortou meus pensamentos.
-Não sou igual a você Gabriel... não sou igual a você por um único motivo.
Ergui minhas asas me preparando para um segundo voo, meu punho tremia de tensão em volta do cabo da espada, era como se a espada e eu fôssemos um só agora. Ao me aproximar de Gabriel desenhei um arco no ar com a espada, mas Gabriel desviou do primeiro golpe levantando voo também, ele desceu sua espada sobre mim tentando me atingir minha cabeça, mas no exato instante levantei a espada e bloqueei o golpe, ele deixou seu peitoral desprotegido, o que foi o momento perfeito pra fechar minha mão e atingir ele num gole certeiro que o fez cuspir sangue, um soco tão potente que fez o anjo sombrio voar 10 metros para trás e aterrizar de cara no chão.
Ele levantou o rosto do chão, o pouco de carne que ainda restava agora estava arranhada pelo impacto, alguns ossos da face estavam quebrados e ele cuspia sangue pela boca, mas ainda assim se levantou e com ele sua espada, não seria assim tão fácil derrotar ele.
- E qual seria esse motivo, mortal? - Gabriel falou enquanto cuspia um pouco de sangue.
- O motivo, a diferença Gabriel, é que ao final dessa luta um de nós estará de é e o outro não se levantará mais. - Assumi posição novamente, a espada sobre minha cabeça com meus braços arqueados, enquanto as asas serviam de couraça.
Gabriel riu e também se posicionou, ele estava disposto ir até o fim, adorava um desafio, ainda mais um duelo com o garoto do fim do mundo.
- Largue sua espada, e curve-se diante de mim, seu novo Deus e eu pensarei em poupar sua vida... - Ele disse finalmente.
Foi a minha vez de sorrir, ele não poderia estar falando sério. Avancei na direção dele, a espada acima da cabeça pronta pra desferir um golpe. Ele montou guarda no instante em que a minha espada desceu sobre a cabeça dele, fazendo ele curvar os joelhos... Era isso, Gabriel estava ferido.
- Esperava que escolhesse isso, mortal. - Ele jogou o corpo sobre o meu me fazendo recuar e atacou, golpes seguidos, em minhas asas, tentando me fazer largar a espada, ele tinha me atraído até ele e eu havia caído na armadilha, não podia fazer nada a não ser desviar agora.
- Daniel! - Laura gritou em algum lugar atrás de mim, mas era tarde demais, a espada de Gabriel descia sobre mim pronta pra partir minha cabeça em duas partes. Me deixei cair no chão e ao invés de atingir minha cabeça a espada desceu traçando um corte no meu peito.
Me senti fraquejar, sangue e essência escorriam pelo meu corpo, me senti fraco e tudo a minha volta girou, a espada já estava longe e diante de mim um Anjo sombrio ria, pronto pra arrancar meu coração.
- Você está certo, somos diferentes Daniel... você vai perder por um simples motivo, porque eu sou seu oponente.
Ouvi o estalido de um arco ao fundo, Laura provavelmente se preparava pra atingir Gabriel com uma seta e Fernanda provavelmente se posicionava pra vir logo atrás, era a única chance delas, elas poderiam terminar aquilo ali. Mas não era assim que deveria terminar, eu não seria salvo novamente.
-Parem! - Eu gritei e o som se espalhou pelo lugar - Essa é a minha luta, não quero que vocês interfiram! Vocês não tem esse direito, se eu tiver que morrer, que seja aqui pelo meu mérito! - Eu bradei, mas não ouvi o arco ceder.
- Você está louco Daniel, não vamos deixar você morrer, isso é idiotice! - E ela esticou mais o arco.
Então Fernanda abaixou a espada e se colocou na frente do arco, o olhar estava distante, não ali, mas no passado, em lembranças que há muito tempo ela tentava esquecer.
- Deixe o Daniel lutar até o fim, não vamos interferir.
- Você tá louca? Ele vai morrer se não ajudarmos! Nós podemos morrer, ele não! - Laura gritou.
- Não é assim que ele pensa, deixe ele.
- O que você sabe sobre isso Fernanda? Vamos ajudá-lo!
Um silêncio quase fúnebre passou entre as duas... Então Fernanda olhou diretamente dentro dos olhos da Laura e poucas palavras foram necessárias.
- Porque quando eu estive no lugar dele eu gostaria que tivessem me deixado lutar, porque o peso de viver as custas da vida dos seus amigos é insuportável.
Laura baixou o arco enquanto Gabriel aplaudia o espetáculo.
- Isso é realmente muito bonito, lindo você não envolver suas amigas Daniel, mas depois que eu matar você, vou matar elas também... Humano estúpido! Você pode viver com dignidade e honra, mas jamais vai poder morrer com ela. É assim que você vai morrer, ajoelhado aos meus pés, não há honra nisso, idiota! - Ele levantou a espada pela última vez e a apontou em minha direção, o golpe final.
Imagens passaram cada vez mais rápidas na minha cabeça, amigos que se foram, família que eu jamais terei novamente, a dor da perda de cada um deles, as trevas que me dominavam agora, eu já não era o mesmo de 1 ano atrás, eu era diferente, eu era a dor e a escuridão e a luz jamais voltaria. Fechei o punho e concentrei toda a força que podia nele, toda a essência do meu ser e senti ela aquecer, senti a tensão dos músculos tremer a mão.
Gabriel baixou a espada em único golpe, eu só tive uma chance, joguei meu corpo todo pra frente e para o alto me apoiando nas minhas pernas fracas e em minhas asas dilaceradas, direcionei minha mão para o centro do peito dele, para o coração. Minha mão atravessou a carne como se fosse isopor, e eu abri a mão instintivamente, senti ago pulsante entre meus dedos, agarrei e o trouxe em minha direção, rompendo artérias e veias... O coração do anjo sombrio, tão frágil como o do que qualquer humano, fechei a mão novamente e ele foi despedaçado.
O anjo ajoelhou na minha frente, nas órbitas já não haviam chamas, apenas uma expressão de incredulidade e terror... Ele havia sido derrotado.
- O... que... - Foram suas únicas palavras enquanto o corpo tombava pra trás já se vida ou essência.
Me levantei lentamente enquanto o enxofre do ar esfarelava os ossos do anjo caído. O chão então tremeu forte, de modo que só não caí novamente porque Laura e Fernanda surgiram ao meu lado para me apoiar. Pedras caíam do teto e uma luz tênue invadia o lugar... a luz do sol.
Ao fundo o som de correntes sendo rompidas, rangiam terrivelmente e uma risda demoníaca como eu nunca havia ouvido antes me fez gelar a espinha... Lúcifer.
O chão elevou-se até o teto onde surgimos no meio da avenida Rio Branco... carros abandonados e pessoas correndo para todos os lados, uma nuvem negra ameaçava desabar do céu sobre a terra. Ao fundo erguia-se uma rampa e um grande altar de pedra... Nele um ser monstruoso estava preso a correntes que pareciam cada vez mais frágeis... O arcanjo sombrio, Lúcifer.
Essa era a batalha final, o dia do juízo final...















Continua...............................................

Um comentário:

  1. Uouuuuuuu....Foda.
    Já estava com saudades... nao me deixe na mao sem suas historias....
    eu ainda neoqeav

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