domingo, 4 de julho de 2010

Cap.15 - Californication

A poeira e a fumaça se misturaram ao enxofre que ainda pairava no ar, tornando tudo aquilo numa mistura quase insuportável. O cenário era de destruição completa... casas vieram abaixo, e as que ainda mantinham-se de pé não estavam livres de danos sérios em suas estruturas. Uma chuva fina começou a cair deixando tudo com cara de fim dos tempos. Caí de joelhos no chão dominado pela lama formada pelas cinzas, olhei para o céu, buscando por qualquer ajuda, buscando por qualquersinal de... Deus, mas ele não estava lá, não mais.
Meus olhos caíram juntamente com a minha cabeça de volta ao chão... Isadora e Gustavo vieram correndo para ver como eu estava.
- Daniel, como você está? - Isadora perguntou com seu jeito doce de sempre.
- Como eu poderia estar? - Olhei para os lados e só enxergavadestruição, tudo por minha causa, tu poruqe eu recusava a ceder e a me entregar... tudo aquilo era minha culpa e todos que se importavam comigo e que eu considerava como amigos estavam caindo no profundo abismo da morte por minha culpa.
- Melhor deixarmos ele sozinho Isa... acho que ele precisa pensar um pouco. - Gustavo disse tentando puxá-la para longe, ela ainda oferecia alguma resistência.
Eu abaixei a minha cabeça, enquanto a chuva me ensopava, eu precisava daquele momento e precisava dele sozinho.
- Acho que vocês precisam cuidar da Laura... ela não me parece muito bem. Você poderia usar aquele negócio que usou em mim Isadora. - Eu disse entre os dentes.
Ela entendeu o que eu quis dizer, e então ela e Gustavo foram em direção aos outros no início da rua.
Coloquei a mão no meu pescoço, o meu cordão ainda estava ali, a única coisa que eu havia ganho dos meus pais que ainda sobrevivia a tudo aquilo, então de repente me dei conta do que ainda me mantinha de pé... meus pais, eu precisava trazê-los de volta. Só havia um jeito de fazer isso, era indo atrás do cavaleiro da morte, se eu encontrasse a Morte e roubasse o anel onde ela concentrava seu poder, talvez eu pudesse trazê-los de volta.
Eu não podia perder isso, não podia perder esse fio que me conectava à realidade, a única coisa que me conectava a esse mundo. Apesar das mãos sujas de lama e molhadas pela chuva, ainda podia sentir o cordão sob meus dedos, então eu fiz a única coisa que poderia fazer naquele momento... eu concentrei toda a minha força num único puxão e arranquei o cordão do meu pescoço.
O pingente de cruz, uma cruz quadrada caiu na lama e logo foi submergido por ela. Eu não precisava mais dele, não precisava mais orar, não havia mais porquê. Tudo o que eu havia sido um dia, tudo o que eu havia sentido, tudo aquilo que ainda me tornava humano, todas as coisas que formavam uma linha tênue entre minha humanidade e todo o resto, simplismente havia acabado. Certa vez uma amiga me perguntou sobre minha cruz quadrada, disse que aquela cruz era pertecente à pessoas que salvavam vidas e me perguntou se eu salvava vidas... agora tudo fazia sentido, eu não salvava vidas, todas aquelas que por algum acaso encontravam-se comigo acabavam machucadas.
Estava na hora de isso acabar, eu já estava cansado de todos ao meu redor se machucarem por minha causa, estava cansado de todos serem feridos pelo meu egoísmo, eu tinha que fazer isso sozinho, inha que terminar tudo isso sozinho. Era como se eu tivesse o Fred Gruger e o Jason lutando pela minha alma, agora a única coisa que eu podia fazer era sair do caminho e deixar eles lutarem.
Eu peguei o nel da Guerra que ainda estava jogado no chão e o coloquei no lugar do meu pingente de cruz. Me levantei daquele chão imundo e peguei a espada do poderoso cavaleiro da Guerra, aquilo imediatamente se transformou num canivete, não como o meu antigo, mas maior e mais sombrio, ele não era gelado, mas queimava na minha perna.
Caminhei em direção à moto e subi nela, eu seguiria sozinho daqui pra frente, eu conta céu e inferno, EU e mais ninguém iria acabar com essa disputa insana entre Lúcifer e Miguel. Liguei a moto e apesar de não saber muito bem como dirigir, era como se a moto lesse meus pensamentos, acelerei, tudo o que eu precisava naquele momento era sair dali e rápido.
Passei pelo início da rua e tudo o que pude ver foi Gustavo apoiando a Laura e ajudando ela a se levantar, enquanto Isa ajudava Mariana, Vitor abria porta do astra para levar todos de volta ao hotel, pelo menos todos estavam bem, isso me deixava mais tranquilo. Eu não podia mais colocara vida deles em risco, nunca mais.
Acelerei pela rua afora e nada amis me importava, nada mais, eu estava sozinho no mundo,agora eu teria de viver nas sombras.







Continua..............................................

Um comentário: